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Brasília

Criança aguarda cirurgia há quase duas semanas para tentar recuperar visão de olho ferido por pedra

Arquivo Geral

14/11/2016 20h57

Atualizada 16/11/2016 9h12

Ulisses Vaz perdeu a visão do olho direito depois de ser atingido por uma pedra (Foto: arquivo pessoal)

Andrei Helber
Especial para o Jornal de Brasília

Um garoto de apenas 7 anos aguarda, há quase duas semanas, por cirurgia na rede pública de saúde do Distrito Federal para tentar recuperar a visão do olho direito, comprometida pelo arremesso de uma pedra com estilingue. O incidente aconteceu no último dia 2, quando o menino brincava em um parquinho de brinquedos no Núcleo Rural Monjolo, no Recanto da Emas, a cerca de 100 metros onde mora. A pedra que atingiu Ulisses Rodrigo Silva Vaz foi lançada por outra criança.

A cena foi presenciada pela prima da vítima, que tratou de levar o menino imediatamente até os pais dele. O olho do garoto sangrava bastante e ele já não conseguia enxergar como antes. Desesperado, o pai de Ulisses, o agricultor Francisco Vaz, pegou o carro da família e levou o filho na emergência do Hospital Regional de Taguatinga (HRT).

“Lá, o oftalmologista de plantão nos orientou a buscar atendimento no Hospital de Base, onde haveria mais recursos para examinar o caso do meu filho. Só que no Base pouca coisa mudou. O médico que nos atendeu pediu a compra de três tipos de colírio para aplicar no olho de Ulisses. Como o ferimento não parava de sangrar, o profissional alegou não ter condições para examiná-lo adequadamente e, por isso, pediu para que meu filho retornasse no dia seguinte”, conta Francisco.

E foi o que fez. Retornou com a criança ao hospital no dia 3. Foi quando descobriu que o cristalino, espécie de lente do olho que vem depois da córnea, pupila e íris, estava lesionado gravemente. Seria necessário então se submeter a uma cirurgia (vitrectomia). Segundo o pai do menino, a ideia é implantar uma nova lente para substituir o órgão afetado. Porém, o procedimento não tem data para ocorrer.

“Meu filho nem sequer está cadastrado na fila de cirurgia. Não há vaga. O caso dele foi encaminhado ao Ambulatório de Vitrectomia do Hospital de Base, mas ainda não o chamaram para uma nova consulta. Somente depois disso, é que vamos ter direito a um pedido de cirurgia”, desabafa Francisco.

A família de Ulisses é de origem humilde e alega não ter condições para realizar o procedimento, que pode chegar a custar R$ 15 mil na rede privada. Enquanto isso, o menino prefere não ir a escola (2ª série). “Ele pergunta frequentemente quando tudo isso vai acabar. Até adotou a mania de tampar o olho esquerdo com uma das mãos para testar se a visão do olho direito já voltou”, conta o pai da criança, que tem outros três filhos e é casado com uma gari.

Em nota, a Secretaria de Saúde (SES) informou que o menino foi atendido no Hospital de Base em duas ocasiões, sendo a última vez, na terça passada (08). A secretaria explica que o pai  da criança não precisa esperar a convocação do Ambulatório de Vitrectomia, basta ele se deslocar a uma Unidade Básica de Saúde (UBS), de preferência, a mais próxima de casa, e marcar a consulta exigida. O responsável pelo paciente deve apresentar o cartão do Sistema Único de Saúde (SUS), comprovante de residência e o pedido de cirurgia do médico para a realização da vitrectomia.

O pai de Ulisses confronta o posicionamento da Secretaria, ao justificar que recebeu orientação diferente da equipe médica do Hospital de Base. Ele, inclusive, disse ter protocolado um pedido de acompanhamento de oftalmologista ao ambulatório da unidade. Francisco Vaz garante, ainda, que vai a uma UBS na próxima quarta-feira (16) para conferir se a dica da SES, de fato, é valida. Por causa do feriado desta terça-feira (15), apenas as emergências de hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) estarão funcionando.

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