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Brasília

Cratera compromete asfalto e interdita rua por quatro meses em Águas Claras

Arquivo Geral

17/08/2018 21h26

Terreno particular erodido causa problemas para moradores e comerciantes vizinhos. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

Rafaella Panceri
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Um terreno abandonado na Rua 34 Sul de Águas Claras é alvo da erosão e de reclamações dos moradores de um residencial vizinho há pelo menos sete anos. Com o início das chuvas, parte do asfalto cedeu e a estrutura restante tem rachaduras profundas. Por falta de isolamento adequado, a cratera virou abrigo para pessoas em situação de rua, ratos e lama. A rua está interditada há cerca de quatro meses pela Defesa Civil e, por isso, o movimento no comércio próximo caiu 70%. Pedestres se arriscam e motoristas desavisados estacionam no local.

Segundo os moradores da rua, a interdição gera congestionamento na Rua 37 Sul — utilizada, agora, como retorno para a Avenida das Araucárias. A administração regional, a Defesa Civil e a Agência de Fiscalização (Agefis) dizem acompanhar o caso e já terem notificado o proprietário do lote várias vezes. Ele já recebeu multa de R$ 4,3 mil por impedir o acesso à rua mas, por enquanto, só providenciou o escoramento da terra após o primeiro desabamento em 20 de maio.

Engenheiro responsável diz que contenção da terra ficará pronta em 90 dias, mas não dá previsão de início. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

Ao JBr., o engenheiro responsável pela obra, Daniel Seabra, garante que o projeto “está em fase final de aprovação”. Segundo ele, o proprietário está se esforçando para construir uma contenção de concreto na área. “Deve demorar 90 dias para ficar pronta. Com isso, o asfalto será liberado”, prevê o engenheiro, e acrescenta que a obra (uma escola particular) deverá ser finalizada em um ano e três meses.

Jorrou esgoto

Enquanto a situação não avança, os moradores do Residencial Le Paysage estão “aterrorizados”, como define o síndico Ricardo Naves. O primeiro desabamento na Rua 34 Sul aconteceu em 20 de maio. “Rompeu um cano de esgoto que jorrava o tempo todo. Era um mal cheiro horrível”, lembra. “O jurídico do condomínio enviou ofícios aos órgãos competentes para encontrar uma solução imediata, que seria aterrar, mas isso traria custos altos”, sinaliza. “Estão todos com muito medo de desabar novamente”, comunica.

Pedestres se arriscam ao passar pela área, isolada pela Defesa Civil. O asfalto tem rachaduras e precisa de uma contenção lateral para ser reparado. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

O condomínio tentou buscar apoio do Poder Público nos últimos meses. Em junho, o dono do terreno foi encontrado. Ele teria se comprometido, no dia 10 daquele mês, a dar mais celeridade e cuidado à obra. “Retomou a construção e a proposta é erguer uma escola particular”, narra o síndico.

Mesmo com a suposta boa vontade do dono do lote, a Agefis aplicou multa de R$ 4.318 pelo bloqueio do acesso à avenida. “No mês de junho, uma equipe foi enviada para vistoria ao local. Também foi exigida a construção de um passeio circundante nos arredores do lote. A obra permanece sob supervisão da Agefis e será, novamente, enviado auditor para conferir o andamento”, informou a agência, em nota. Segundo a Administração Regional de Águas Claras, a Companhia Urbanizadora (Novacap) fará o reparo no asfalto “assim que o terreno for restaurado”.

Moradora do residencial vizinho à cratera, a estudante Elizabeth Maniero, 27, teme o desabamento e critica a falta de limpeza no local. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

Pedestres se arriscam

Moradora do Residencial Le Paysage, a estudante Elizabeth Maniero, 27, reclama da cratera e da interdição da via. “É muito complicado para nós. Muita gente tira as barras de interdição e estaciona lá, correndo risco perto do asfalto rachado”, relata. “Esse buraco junta moradores de rua, ratos, lama. É horrível”, desabafa.

O síndico Ricardo Naves conta que o condomínio solicitou estruturas de concreto para isolar a área, mas obteve negativas da Defesa Civil. A reportagem flagrou pedestres passando pelo local, entre as rachaduras da rua. “Motociclistas também se arriscam”, relata Naves. “Quando há festa no condomínio, principalmente à noite, as pessoas não têm noção do tamanho do buraco e do risco que correm. Vão lá, tiram as barras de contenção e estacionam”, lamenta.

Caixa de uma distribuidora de bebidas, Thiago Silva, 21, lembra que o movimento era bem maior antes da interdição da Rua 34 Sul. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

Prejuízo ao comércio

Em quatro lanchonetes e em uma distribuidora de bebidas localizadas no térreo do Le Paysage, o movimento caiu 70%. Os empresários garantem que a situação é unânime. “Os carros não conseguem passar pela rua. Muitos usavam a Rua 34 Sul como retorno e agora precisam ir até o balão mais próximo. “Perdemos clientes fiéis por falta de estacionamento próximo”, argumenta Rubem Vasconcellos, 38, dono da distribuidora de bebidas One Beer.

A cratera existe desde 2011, mas com a chuva, o asfalto ameaça ceder. O dono do lote providenciou escoramento provisório. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

O caixa do estabelecimento, Thiago Silva, 21, reitera que o ponto era mais frequentado há quatro meses. “Muitos carros não sabem que a rua está interditada e que não faz diferença entrar na contramão e não entram”, ilustra. Outros funcionários confirmam que a placa de proibido dobrar à esquerda não tem sido respeitada e dizem que batidas “leves” são frequentes.

Procurado pelo JBr., o Departamento de Trânsito (Detran) afirmou que a interdição da Rua 34 Sul é de responsabilidade da Defesa Civil. O órgão não respondeu aos questionamentos feitos pela reportagem em relação a melhorias no tráfego de veículos na área.

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