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Brasília

CPI da Saúde: Sindicalista fala em um “mapa da corrupção”

Arquivo Geral

16/08/2016 7h00

Atualizada 15/08/2016 23h13

Ameaçada de prisão na véspera, caso faltasse à verdade, Marli prestou depoimento reservado aos deputados e depois se retirou escoltada por seguranças da própria Câmara. Foto: Kléber Lima

Francisco Dutra
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O vice-governador Renato Santana faltou ontem à acareação com a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, na CPI da Saúde. Considerando os últimos desdobramentos do escândalo dos grampos, o silêncio poupou o governo Rollemberg de novos desgastes, mas por outro lado expôs a críticas o próprio Santana.

Poucos minutos antes do começo da sessão, o presidente da comissão, deputado distrital Wellington Luiz (PMDB) anunciou a ausência de Santana. Para justificar a falta, o vice-governador enviou uma carta e ligou diretamente para o parlamentar. Santana alegou que já antecipara o que tem para declarar.

Wellington alertou Santana. “Na última oitava dele ficaram alguns pontos a ser esclarecidos. Eu repito: Acho que ele faltou com a verdade”, disse o parlamentar. Na carta, assinada pelo advogado César Caputo Guimarães, o vice-governador argumentou que já teria cumprido com seu papel quando denunciou o suposto caso de corrupção diretamente para o governador e ao prestar o primeiro depoimento para a CPI, em 21 de julho deste ano.

Enquanto o vice-governador se calava, Marli soltou o verbo na comissão. Alegando que o caso está sendo investigado pelo Ministério Público, a sindicalista conseguiu convencer os deputados a falar em reservado certos temas sob o argumento de “não atrapalhar as investigações em curso”. Mesmo assim, ela desferiu duras acusações contra o GDF.

“O esquema existe. É muito pesado. É de arrepiar os cabelos e é muito perigoso”, denunciou Marli. A sindicalista voltou a defender que o fluxograma desenhado pelo ex-subsecretário de Infraestrutura e Logística da pasta da Saúde é o mapeamento de um grande esquema propina.

Outras ausências também marcaram a sessão de ontem. Apesar de serem membros da CPI, os deputados Robério Negreiros (PSDB) e Cristiano Araújo (PSD) também não participaram. Coincidência ou não, os nomes dos parlamentares aparecem nas polêmicas gravações feitas por Marli Rodrigues.

Saiba mais

Na nova oitiva, Marli Rodrigues afirmou que não tem mais gravação alguma em seu poder. Toda a documentação, declarou ela, foi entregue para o Ministério Público.

Marli e Santana já haviam prestado depoimentos para a CPI. No entanto, os deputados identificaram “inconsistências” nas falas de ambos. Por isso, a comissão marcou a acareação.

A sindicalista contou que parte do suposto esquema de corrupção teria raízes em empresas que teriam financiado a campanha do governador em 2014.

Ao final da sessão, governistas voltaram a dizer que as denúncias de Marli são ataques contra a implantação de Organizações Sociais (OSs) na Saúde Pública.

Oposição quer pente-fino

O deputado Wasny de Roure (PT) chegou na CPI com um levantamento detalhado de 62 contratos com os maiores pagamentos do Fundo de Saúde, entre 2015 e 2016. O parlamentar perguntou para Marli se ela teria conhecimento de irregularidades neles. A sindicalista pediu para falar em reservado. A CPI aceitou. Por aproximadamente 30 minutos, ela falou sobre a lista e também a respeito de quais pessoas teriam tido acesso aos áudios antes do caso estourar.

Ao final da conversa, os membros da CPI não quiseram detalhar o teor da conversa. “Pelas informações colocadas, elas confirmam bastante que estamos seguindo um caminho certo. Podemos chegar à algo concreto”, contou Wasny. Com as portas fechadas, a sindicalista teria passado informações sobre contratos e empresários. Toda a conversa foi gravada.

“Houve um compromisso de que nesse momento nós iríamos manter (reserva). Porque vem coisa bem pesada. Então soltar de uma maneira descontextualizada fica uma situação bastante embaraçosa. Até porque vem tem nome de âmbito nacional e isso é complicado”, explicou o parlamentar.

Por outro lado, o deputado Roosevelt Vilela (PSB) avaliou que o depoimento de Marli foi vazio. “A minha avaliação pessoal é que desde o começo isso tem sido um show pirotécnico. Nada de relevante foi apresentado até agora”, afirmou o parlamentar que faz parte da base governista. No começo da sessão, o distrital declarou que o governador não teve participação na ausência de Renato Santana.

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