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Brasília

Covid-19: pacientes no HRAN começam a receber plasma de pessoas curadas

O procedimento tem início no hemocentro, onde é coletada uma bolsa de sangue dos pacientes curados do novo coronavírus e que se enquadram no perfil

Redação Jornal de Brasília

12/06/2020 15h00

Foto: AFP

Nesta sexta-feira (12), o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), referência no tratamento de pacientes com Covid-19 no Distrito Federal (DF), inicia um estudo científico inédito: a aplicação de plasma de pacientes curados do novo coronavírus (Sars-CoV-2) em pacientes que estão tratando a doença. A aplicação nos pacientes começa na próxima segunda-feira (15).

“Este é um estudo científico realizado em conjunto pela Universidade de Brasília (UnB), o Hemocentro e o Hran. A expectativa é que a aplicação desse plasma funcione bem no organismo dos pacientes infectados pela Covid-19, trazendo a cura mais rapidamente”, explica o chefe da Unidade de Pneumologia do Hran e colaborador da pesquisa na unidade, Paulo Feitosa.

O procedimento tem início no hemocentro, onde é coletada uma bolsa de sangue dos pacientes curados do novo coronavírus e que se enquadram no perfil. Durante a preparação, é informado o tipo sanguíneo de cada doador, já que a doação do plasma é semelhante à de sangue, onde os tipos sanguíneos precisam ser compatíveis. Após a coleta, é retirado do sangue apenas o soro, onde fica o plasma e os anticorpos, que serão aplicados nos pacientes doentes.

De acordo com Paulo, a aplicação do plasma com anticorpos é semelhante a uma transfusão de sangue. Tanto que o material é armazenado em uma bolsa coletora. Por isso, o procedimento será realizado pelas equipes do banco de sangue do Hran.

“Cada bolsa de sangue coletado consegue atender mais de um paciente. É um procedimento simples, de baixo risco e com vários estudos embasados neste campo. Uma perspectiva real do tratamento. Mesmo assim, cada paciente que se propuser a receber a transfusão de plasma assinará um termo de consentimento que será entregue na hora do procedimento”, informa o chefe da Unidade de Pneumologia do Hran.

A ideia é conseguir realizar a aplicação do plasma em pelo menos 200 pacientes, exceto nos que estão internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Os profissionais do Hran que estão envolvidos e participando do estudo científico realizaram capacitações específicas sobre o tema.

O estudo

No Brasil, já estão ocorrendo estudos científicos com o plasma em alguns estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. No entanto, o que difere do estudo realizado no Distrito Federal é o fato do plasma ser aplicado em pacientes moderados, ao invés dos outros estados, que têm realizado a aplicação em pacientes graves, internados na UTI.

“Estamos focando em pacientes com a Covid-19 moderada. A hipótese do nosso estudo é que dando certo, haverá diminuição do número de casos que se agravam, diminuindo uma evolução para estado grave e reduzindo a necessidade de internação na UTI”, explica André Moraes Nicola, médico e professor da Faculdade de Medicina da UnB. Ele é o responsável pelo estudo científico no Distrito Federal.

De acordo com André, se o plasma se mostrar eficaz para o tratamento de pacientes com a Covid-19 haverá menor demanda por UTIs, pois haverá menos casos de pacientes graves.

“Será importante tanto para os pacientes que estão em tratamento da doença como para as pessoas sem Covid-19, pois terá mais leitos disponíveis para outras patologias, evitando que a rede fique sobrecarregada”, conclui.

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