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Brasília

Covid-19: leitos no DF serão remobilizados conforme indicadores de transmissão

“Todas as vezes que aumenta o percentual de pacientes em utilização de leitos covid, há necessidade de mais leitos de UTI disponíveis”, diz secretário

Aline Rocha

30/12/2020 11h03

Secretário de Saúde do Distrito Federal, Osnei Okumoto. Foto: Reprodução

O secretário de Saúde do Distrito Federal, Osnei Okumoto, apresentou, na manhã desta quarta-feira (30) o Plano de Mobilização de Leitos Covid-19 no Distrito Federal para o enfrentamento de uma possível segunda onda na pandemia. Conforme antecipado pelo Jornal de Brasília, leitos estão preparados para mobilização, insumos estão sendo comprados e a equipe está sendo preparada para atender aos pacientes que chegarem infectados.

“Ontem (segunda-feira, 21) teve a reunião com o Comitê Operacional de Emergência, quando foi elaborado o plano de mobilização de leitos covid-19 do DF, em que a gente faz uma previsão do aumento da quantidade de casos e, então, a necessidade de que a gente tenha internações não só em enfermaria, mas também em leitos de UTI. A gente tem que ter a precisão de reativar os leitos de acordo com a necessidade. A gente vai verificar os indicadores de transmissão, de internação e também de média móvel de óbitos, para que a gente possa fazer a mobilização dos leitos ou não”, explicou com exclusividade ao JBr.

“Os leitos destinados a UTI no Distrito Federal, por hora, estão sendo não covid e covid e dessa maneira a gente vai fazendo a mobilização para que a gente possa atender a população de acordo com as necessidades. Todas as vezes que aumenta o percentual de pacientes em utilização de leitos covid, há necessidade que a gente tenha mais leitos de UTI disponíveis, já fazendo um trabalho preventivo, para que não venha faltar para esses pacientes que agravam durante o período da infecção, em que o estágio da doença se modifica”, relatou Okumoto

Segundo o secretário, nos meses em que o DF esteve no platô de contaminação, entre julho e agosto, tínhamos o número de leitos mais alto com atendimento de covid. “Esses leitos poderão ser mobilizados novamente, caso haja necessidade, de acordo com os indicadores observados”, explica.

“Esperamos que com as medidas de segurança que a gente tem, todos os dias, alertado a população em relação ao isolamento, não aglomeração de pessoas, a utilização das máscaras, utilização da lavagem de mãos e do álcool em gel, são fundamentais para que a gente não tenha um aumento da transmissão”, reforça. O secretário relatou, também, que “nenhum paciente ficou sem leito no período de pandemia”.

Além de Okumoto, participaram da coletiva o secretário-adjunto de Assistência à Saúde, Petrus Sanchez; o subsecretário de Vigilância à Saúde substituto, Cássio Peterka; o subsecretário de Logística, Artur Felipe Siqueira; e o chefe da assessoria do gabinete da Coordenação da Atenção Primária à Saúde, José Eudes Barroso.

Mobilização de leitos

Foto: Breno Esaki/ Agência Brasília

O secretário-adjunto de Assistência à Saúde, Petrus Sanchez, explicou que o planejamento traz informações passadas como comparativo com a situação atual do Distrito Federal. “Isso foi levado em consideração para pensar qual seria a dinâmica do que poderíamos oferecer em uma possível segunda onda [da pandemia]”, explica Petrus, afirmando que a oscilação na ocupação de leitos está sendo observada pela secretaria como forma de possibilitar a mobilização necessária

“A gente está chamando de Plano de Mobilização porque ele permite entender a desmobilização e remobilização. Ele contempla as duas vertentes em um só plano, utilizando os três indicadores que, a depender do que for analisado, vai permitir ou o acréscimo ou a redução desses leitos”, afirmou. O Hospital de Campanha de Ceilândia, que está ainda em reforma, deverá ser entregue em 20 de janeiro, já com médicos mobilizados para atendimento.

O histórico do uso e da disponibilidade de leitos com suporte de ventilação mecânica, leitos do tipo UCI ou UTI, voltados ao atendimento de pacientes portadores de covid-19, conforme dados extraídos dos boletins da Central de Regulação de Internação Hospitalar do Complexo Regulador em Saúde do Distrito Federal (CRDF), traz as seguintes informações do período mais crítico do covid-19 no DF:

  • Dia 07 de julho de 2020: atingida a barreira de 400 pacientes internados em leitos com suporte de ventilação mecânica;
  • Dia 28 de julho de 2020: atingida a barreira de 500 pacientes internados em leitos com suporte de ventilação mecânica;
  • Dia 02 de agosto de 2020: maior número de leitos com suporte de ventilação mecânica efetivamente disponibilizados, excluindo bloqueados, 715, sendo 188 de UCI e 527 de UTI;
  • Dia 08 de agosto de 2020: maior número de pacientes internados em leitos com suporte de ventilação mecânica, 532, sendo 140 em UCI e 392 em UTI.

O maior número de leitos mobilizados ao longo da pandemia foi o de 761 e muito difere do maior número de leitos efetivamente disponibilizados, que foi o de 715, em função de indisponibilidade, principalmente, por bloqueios desses à época. Não há, entretanto, planejamento para retomada de funcionamento do Hospital de Campanha do Mané Garrincha.

Confira o plano na íntegra.

Fase de ativação

O processo de ativação dos leitos de covid-19 foi dividido em sete fases. São elas:

  • Fase de ativação 1
    Mobilização de 20 leitos de UTI do Hospital Regional de Samambaia.
  • Fase de ativação 2 (contínua a anterior a depender da taxa de ocupação)
    Mobilização de 40 leitos de UTI do Hospital Regional de Santa Maria.
  • Fase de ativação 3 (contínua a anterior a depender da taxa de ocupação)
    Mobilização de 20 leitos de UTI do Hospital Regional da Asa Norte.
  • Fase de ativação 4 (contínua a anterior a depender da taxa de ocupação)
    Mobilização de 20 leitos de UTI do Hospital Regional do Gama.
  • Fase de ativação 5 (contínua a anterior a depender da taxa de ocupação)
    Mobilização de 10 leitos de UTI do Hospital Regional de Ceilândia.
  • Fase de ativação 6 (contínua a anterior a depender da taxa de ocupação)
    Mobilização de 18 leitos de UTI do Hospital Universitário de Brasília.
  • Fase de ativação 7 (contínua a anterior a depender da taxa de ocupação)
    Mobilização de 23 leitos de UTI dos Hospitais contratados (Daher, HOME e São Francisco)

Em continuidade, algumas ativações dependem de processos de previsão de aquisição de leitos, conforme a seguinte determinação:

  • Ativação 1
    Mobilização de 20 leitos de UTI do Hospital de Campanha da Ceilândia (Modificação de leitos de Enfermaria covid para UTI covid, previsão para o dia 20 de janeiro de 2021).
  • Ativação 2
    Mobilização de 7 leitos de UTI do Hospital Regional de Samambaia (Ocupação de espaço já construído e equipado para UTI covid, previsão para o dia 20 de janeiro de 2021).
  • Ativação 3
    Mobilização de 20 leitos de UTI do Hospital Daher (Contratação por meio de contrato específico para leitos de UTI covid).
  • Ativação 4
    Mobilização de 20 leitos de UTI do Hospital de Base (Contratação por meio do IGESDF).
  • Total de Leitos das fases da mobilização (incluindo os pediátricos): 230.
  • Total de Leitos da mobilização com os já existentes: 382.

Perfil de atendimento

Segundo o plano de mobilização, o Hospital Regional do Guará (HRGu) está se tornando uma unidade de referência à internação de pacientes em cuidados prolongados nas suas enfermarias. Desta forma, não estará voltado ao atendimento de pacientes portadores de covid, mas manterá apenas um espaço covid na sua Emergência, não internando nenhum paciente portador de covid naquele nosocômio.

O Hospital Regional de Samambaia (HRSAM) estará voltado exclusivamente, a partir do início da fase de ativação 1 de remobilização, ao atendimento de pacientes portadores de covid na Emergência de Clinica Médica e em internações nos leitos covid de Enfermaria, UCI e UTI, mas mantendo a Emergência de Gineco-Obstetrícia e os serviços de Cirurgia Geral como não covid.

Foto: Breno Esaki/Agência Saúde

O Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) estará voltado ao atendimento exclusivo de pacientes portadores de covid em todas as suas Emergências, embora com andares dedicados aos atendimentos de pacientes também não covid para toda a rede SESDF e à retaguarda dos serviços de cirurgias eletivas.

O Hospital de Base, hospital de referência em atendimentos de alta complexidade no DF e no Brasil, deve estar voltado ao atendimento de pacientes portadores de covid apenas com perfil de especialidades daquela própria unidade hospitalar. Sendo assim, ficará resguardada dentro da rede SES/DF.

Inquérito soroepidemiológico

Ainda na coletiva de imprensa o subsecretário de vigilância à saúde, Cássio Peterka, apresentou resultados parciais do inquérito soroepidemiológico no DF, que busca estimar a prevalência de indivíduos com anticorpos para o novo coronavírus nas regiões administrativas, por meio de visitas sorteadas.

As ações foram realizadas nas seguintes RAs:

  • Águas Claras
  • Arniqueiras
  • Brazlândia
  • Ceilândia
  • Recanto das Emas
  • Samambaia
  • Sol Nascente/Por do Sol
  • Taguatinga
  • Vicente Pires

No período de atuação, 2.059 casas foram visitadas, sendo que, 52% aceitaram realizar o inquérito. Do total de testagens feitas, então, 857 (80%) tiveram resultado negativo, 186 (17%) tiveram resultado positivo e 34 (3%) tiveram resultado inconclusivo. Do total de resultados positivos apresentaram infecção passada, concluindo que a contaminação já não está presente no sangue. As atividades deverão ser retomadas no dia 4 de janeiro de 2021.

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