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Brasília

Covid-19: DF tem incidência maior que São Paulo

Para o professor epidemiologista da UnB, Wildo de Araújo, o DF passa São Paulo muito por conta da concentração de pessoas em condições de usar o sistema privado de saúde

Pedro Marra

26/05/2020 7h21

Um levantamento diário da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com base em dados do Ministério da Saúde e Secretarias de Saúde, mostra que o Distrito Federal tem prognósticos preocupantes quando se fala em curva crescente do novo coronavírus. Isso porque o Distrito Federal tem 223 casos confirmados do novo coronavírus para cada 100 mil habitantes. Número maior que no estado de São Paulo (epicentro da doença no Brasil), onde são 182,11 casos a cada 100 mil/hab. Sendo que mais de 6 mil pessoas morreram em SP.

Segundo o professor epidemiologista da Universidade de Brasília (UnB), Wildo de Araújo, o DF passa São Paulo muito por conta da concentração de pessoas em condições de usar o sistema privado de saúde. “Quando nós buscamos entender as duas epidemias, de São Paulo e a do DF, a do DF começou depois de São Paulo, que já está infectando pessoas de classe média-baixa e baixa que não têm acesso ao sistema privado de saúde. Aqui é o contrário, temos um percentual de sistema de saúde muito maior do que São Paulo. Lembrando que nas primeiras duas semanas, os casos foram praticamente de pessoas que vieram de fora. Esses, são abastecidos por leitos privados”, explica Wildo.

O DF tem a segunda menor taxa de incidência de óbitos do país: 1,7%, atrás apenas de Santa Catarina, de acordo com a Fiocruz. Mesmo assim, com as 114 vidas perdidas até a publicação desta reportagem, a fundação projeta que com o aumento da curva de covid-19 o Distrito Federal pode passar de quase 7 mil casos confirmados até então, para mais de 11 mil em 2 de junho, uma média de 543 novos diagnósticos por dia. No dia 1º de junho, o DF terá 10.426 casos pela predição a Fundação.

Na visão de Wildo, que também é membro do Comitê Gestor do Plano de Contingência em Saúde da Covid-19 (COES) da UnB, o isolamento social é o melhor caminho até não ser encontrada uma vacina ou outra solução para a covid-19.

“Quanto menos isolamento social nós tivermos, maior será o número de casos. A diferença é que qualquer efeito que altere para mais ou menos o distanciamento, esse efeito se dá em torno de 10 a 14 dias depois. É o período em que as pessoas são expostas a contaminar as outras, e depois, no período de incubação, quando o vírus fica no corpo da pessoa. Mais à frente, ele começa a se reproduzir. Ao se multiplicar, ele começa a ser eliminado pela respiração da pessoa, fezes ou urina. Aí é o momento em que um infecta o outro. Então, se eu abaixar o distanciamento hoje em Ceilândia, Taguatinga ou em qualquer cidade que é mais adensada e as casas são menores,faz com que o número de casos aumente rapidamente em pouco tempo”, analisa o epidemiologista.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal confirmou ontem mais dez mortes causada pelo novo coronavírus na capital, totalizando 114 óbitos. Duas são residentes de Goiás que buscaram atendimento médico no DF.

Até a noite de ontem foram confirmados 6.930 casos de covid-19 no DF — 292 a mais em relação ao dia anterior.

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