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Brasília

Coronavírus: sinal de alerta no Guará e em Ceilândia

Covid-19 cresce nas duas regiões, mostrando que é necessário cuidado ao frequentar lugares como as feiras livres, reabertas. Plano Piloto e Águas Claras lideram casos de contaminação

Redação Jornal de Brasília

06/05/2020 6h33

Claudio Py e Larissa Galli
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Nessa semana, o Guará passou o Lago Sul e se tornou a terceira região administrativa do Distrito Federal com maior número de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus. Já são 90 casos confirmados até a tarde de ontem e quatro mortes. Em 30 dias surgiram 63 novos casos, representando um crescimento de 333% da doença na região.

No dia 6 de abril, logo depois que as feiras permanentes do DF voltaram a funcionar, o Guará registrava 27 casos da doença. Mais tarde, no dia 15 de abril, a região contabilizou mais nove casos. No dia 23/4, o Guará atingiu a marca de 50 pessoas infectadas e já contabilizava três mortes. No final do mês passado, no dia 30, a região chegou a 68 casos e quatro mortes.

Os números não surpreenderam a bióloga Amanda Fernandes Pereira Machado, de 23 anos, que mora no local há mais de dez anos. “Os moradores daqui [do Guará] não respeitam as medidas de isolamento em sua totalidade, mas observei que tem aumentado o número de pessoas saindo nas ruas de máscaras. Infelizmente, há umas semanas o meu vizinho reuniu a família e fez uma comemoração para assistir a live de um cantor de sertanejo. As ruas continuam movimentadas. É bem comum ver pessoas praticando atividades ao ar livre na avenida contorno com e sem itens de proteção”, afirmou Amanda.

A internacionalista Brenda Seixas, de 22 anos, concorda com Amanda em relação ao número elevado de pessoas que continuam fazendo exercícios e caminhadas nos espaços públicos do Guará II. No entanto, ela acrescenta que “o fato de ter muitos idosos que residem no Guará contribui para que o número de casos seja maior”. E complementa: “Ao passar nas praças das quadras daqui à noite, pode-se observar que algumas pessoas se juntam com o carros e param para conversar, beber, socializar, entre outros”, declarou.

A estudante Letícia Michetti, de 22 anos, afirma que os seus vizinhos não respeitam as medidas de isolamento social. “Uns seis vizinhos que tenho aqui no Guará II fazem festas e churrascos com frequência. Ele convidam normalmente mais de dez pessoas para as comemorações. A circulação de pessoas nas ruas daqui, em minha opinião, continua bastante movimentadas, o que me assusta bastante”, desabafou a jovem.

Em contrapartida, o estudante Daniel de Paiva Melo, de 24 anos, acredita que o aumento de casos confirmados no Guará é consequência do número de testes realizados na região. “Minha vizinhança [do Guará I] está respeitando bem a quarentena. Não vejo festas nem aglomerações desnecessárias. Mas, como moro em frente a uma praça, de vez em quando vejo algumas pessoas se exercitando e formando pequenas aglomerações”, finalizou.

Ceilândia

Na cidade mais populosa do DF os casos de covid-19 também dispararam. Já são 79 casos confirmados até a tarde de ontem e cinco mortes. Em 30 dias surgiram 73 novos casos, representando um crescimento de 1.316% da doença na região.

No dia 6 de abril, Ceilândia possuía apenas seis casos confirmados da doença. Mais tarde, no dia 15 de abril, a região registrou 21 casos. No dia 23/4, Ceilândia atingiu a marca de 34 pessoas infectadas e já contabilizava quatro mortes. No final do mês passado, no dia 30, a região chegou a 66 casos.

Curva se estabiliza

O boletim realizado pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) indica que a curva de contaminação do novo coronavírus no DF está se estabilizando, após quase dois meses do primeiro caso confirmado na capital. O documento mostra que, embora o número de casos confirmados continue aumentando, há uma desaceleração do crescimento em comparação às semanas anteriores. Tal resultado se deve, principalmente, às medidas de restrição e distanciamento social adotadas GDF.

Mesmo com a diminuição no crescimento da curva de contaminação, alerta-se para uma expansão descontrolada de novos casos se houver relaxamento dos cuidados necessários. Em comparação às demais unidades da Federação, o DF ocupa a 9ª posição em número de óbitos por 100 mil habitantes.

DF volta a registrar morte

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal confirmou ontem mais uma morte causada pelo novo coronavírus na capital, totalizando 34 óbitos. Um homem de 53 anos, morador de Samambaia, estava hospitalizado desde o dia 29 do último mês e faleceu na última segunda-feira (4). A vítima não apresentava comorbidades, de acordo com o boletim divulgada pela pasta.

Até a noite de ontem foram confirmados 1.837 casos de covid-19 no DF — 44 a mais que na última segunda-feira. Segundo o Governo do Distrito Federal, são 133 casos hospitalizados. Destes, 56 estão em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 77 pacientes estão nas enfermarias dos hospitais. Todos os outros pacientes estão em isolamento domiciliar.

O último boletim da Secretaria de Saúde também mostrou que entre os casos confirmados, 1.161 são pacientes do sexo masculino e que o maior número de casos da doença está entre as pessoas de 30 a 39 anos — são 559 casos. A população com mais de 60 anos — o grupo de risco da doença — registrou 239 casos no DF.

O documento também apontou que dos casos notificados, 1.707 (92,9%) são residentes do Distrito Federal. A região administrativa que mais possui casos confirmados da covid-19 é o Plano Piloto, com 248 casos até a noite de ontem, seguida por Águas Claras, que apresentava 184 casos até o fechamento desta edição. A população privada de liberdade já soma 290 casos confirmados e registra a maior incidência da doença no DF: o equivalente a mais de 2.159 casos a cada 100 mil pessoas. O boletim também informa que 180 profissionais da saúde e 207 profissionais da segurança pública estão infectados pelo vírus.

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