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Brasília

Coronavírus: 25% dos idosos moram com parentes

Dividir a moradia com duas ou três pessoas aumenta o risco de contágio mesmo dentro de casa. No DF, pessoas com mais de 60 anos representam 10,5% da população

Catarina Lima

13/04/2020 5h14

Idosos que moram com várias pessoas, ainda trabalham e representam grande parte da renda da família. Essas são faces da velhice que os números mostram não serem triviais diante da pandemia de coronavírus que ameaça sobretudo a eles.

Um levantamento dos dados mais recentes do IBGE sobre isso, de 2015, mostra que 25% dos brasileiros acima dos 60 anos (7 milhões de 29 milhões) vivem com outros três ou mais moradores, o que indica certo risco de contágio mesmo dentro de casa. Os demais moram com até duas pessoas (60%) ou sozinhos (15%).

No Distrito Federal os idosos representam 10,5% da população. De acordo com levantamento realizado em 2018 pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), o número de pessoas com mais de 60 anos é 303.017 indivíduos, dos quais 57,9% são mulheres e 42,1% homens. A população de idosos possui uma renda média de R$ 3.938,00. No entanto, nas regiões administrativas de maior renda essas pessoas ganham cerca de 252,4% a mais que a renda média total, chegando a R$ 9.941,00. Já os que têm menor renda ganham 67,1% a menos que a média total, o que corresponde a R$ 1.295,00.

As regiões administrativas do Plano Piloto, Taguatinga e Ceilândia concentram 40% dos idosos do Distrito Federal. Isto significa que cada uma dessas regiões abriga 30% das pessoas com mais de 60 anos do Distrito Federal. Em relação ao percentual de idosos por ocupação, 37,5% deles não estão aposentados e 23% não possuem aposentadoria e nem emprego. Nas RAs de renda mais baixa verificada, Fercal, Itapoãn, Paronoá, Recanto das Emas, Estrutural e Varjão, 30,6% não possuem emprego e nem estão aposentados, apresentando uma renda média de R$ 502,00.

Do número total da população idosa no DF, 46,4% possuem plano de saúde, sendo que a maioria (56,9%) está na faixa etária de 80 anos ou mais. Numa análise por regiões administrativas, observa-se uma desigualdade. Isso porque no grupo de maior renda, 87,9% dos idosos têm plano. Já no grupo de menor renda, somente 13,7% contam com o benefício.

Quanto ao nível de escolaridade, as pessoas idosas têm, predominantemente, o fundamental incompleto (33,3%). No entanto o percentual de idosos com o superior completo também é alto, chegando a 26,4%. No grupo de maior renda, 68,7% da população idosa possui o ensino superior completo.

Casas cheias

As casas cheias são mais comuns entre os idosos pretos e partos, que ganham até um salário mínimo por mês e habitam o Norte ou Nordeste. A compilação foi feita para a reportagem pelo recém-criado Observatório Social da Covid-19, com pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O grupo decidiu estudar, entre outros assuntos, essa parcela da população que só cresce e está concentrada principalmente no Sudeste, onde a doença mais se espalhou até agora.

“Nosso foco é mapear vulnerabilidades, que é a palavra central nessa epidemia. Estar na classe privilegiada é poder escolher. Se você quer morar sozinho, se quer ir para a casa de campo, se quer fazer home office. Para classes mais baixas essa escolha não existe”, diz o sociólogo Marden Campos, criador do Observatório.

A questão do trabalho é outro ponto importante sob a ótica do coronavírus: 27% dos idosos ainda são economicamente ativos, percentual que sobe para 39% quando consideramos apenas os homens (que são minoria no universo da terceira idade).

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