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Brasília

Conheça a história de Ivanildo do Skate, um dos personagens mais icônicos de Brasília

Arquivo Geral

02/04/2018 15h22

Breno Esaki

Matheus Venzi
Quem passa pelo semáforo próximo ao Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, provavelmente já se deparou com José Ivanildo Leandro da Silva, conhecido como Ivanildo do Skate . Mesmo com a sua deficiência física, o homem encontrou uma forma diferente de se locomover e poder ajudar as outras pessoas. Nesta segunda-feira (2), ele completou 45 anos e fez uma festa para toda a população.

Ivanildo nasceu no município de Murici, em Alagoas, com a ajuda de uma parteira. Por causa das condições precárias, ele teve paralisia infantil aos seis meses e ficou sem o movimento das pernas. “Morei muito tempo em Maceió, lá tinha um amigo deficiente que me recomendou ir para Brasília, porque as pessoas de lá eram solidárias”, explica. Com ajuda de amigos e familiares ele conseguiu comprar as passagens para a capital do país, já que naquela época ainda não existia a lei de gratuidade para deficientes.

Ele chegou ao centro do País em meados de 2000 e morou por três meses em uma igreja no Cruzeiro. “Chegou uma hora que não dava mais pra eu ficar, então, tive que me virar. Fizeram uma campanha para arrecadar alguns moveis e o dinheiro para o aluguel então consegui alugar um barraco no Céu Azul (em Valparaíso, GO)”, conta Ivanildo. Por causa da violência e criminalidade da região, o homem preferia dormir na rodoviária do que enfrentar os perigos de ir para casa.

Aí chegou a grande tristeza. Certo dia, Ivanildo foi roubado enquanto dormia e teve a sua cadeira de rodas levada. Mas, da tristeza, veio as forças para se levantar. “Um menino de rua, que eu sempre ajudava com o almoço, viu a minha situação e me perguntou se eu não queria o skate que ele tinha ganhado. Comecei a usar temporariamente e acabei me acostumando a usar”, declara.

Breno Esaki

A retomada
Ivanildo recebeu outra cadeira de rodas, entretanto, não abandonou o skate pela facilidade. “Quando você usa a cadeira de rodas, as vezes você depende dos outros. No skate é mais prático, se quero subir a calçada é só jogá-lo em cima dela e subir”, opina. O homem acredita que o objeto se tornou parte de sua identidade em Brasília. “Uma vez vim com a cadeira de rodas e nem me reconheceram”, brinca.

Ivanildo não se contentou apenas em ser ajudado e decidiu ajudar as outras pessoas. Ele realiza três festas anuais, de Dia das Crianças, das Mães e de Natal, onde são arrecadados alimentos, brinquedos e cestas básicas para as crianças e mães mais carentes. “Brasília é como uma mãe para mim, não falta nada para mim, as pessoas me trazem almoço, roupas e eu sempre divido tudo. Eu acho que a gente que vive nessa vida [de pedir dinheiro] não pode se fazer de coitado. Temos que ser sinceros e saber o que iremos fazer com o dinheiro das pessoas. Além de sustentar a família eu busco sempre ajudar o próximo, as pessoas mais pobres”, assegura.

Atualmente ele mora em um lote no Céu Azul, que foi doado por uma senhora que se interessou por sua história. Ivanildo conseguiu construir a sua casa com a ajuda da população e a utiliza para realizar alguns dos eventos beneficentes que ele organiza. O ‘homem do skate’ se casou em Brasília e possui três filhos com a esposa Ivanice, e mais um de outra relação ainda no Nordeste.

O servidor público, Jean Tenório, 48, sempre passou próximo ao sinal onde Ivanildo fica e acabou se interessando pela história dele. “Minhas filhas estudam aqui perto, então desenvolvi um carinho por ele e pelo trabalho que e faz em ajudar os outros. Mesmo em cima do skate, ele faz coisas que pessoas totalmente saudáveis não conseguem fazer, pessoas que tem condições financeiras e não ajudam o próximo”, pensa. Jean acredita que Ivanildo mais ajuda do que é ajudado.

Já Erysson José, 22, vende frutas no sinal e já conhece Ivanildo faz um ano. “Ele é um cara honesto, tranquilo e sempre fala com todo mundo com um sorriso no rosto. É uma pessoa brincalhona que não deixa sua condição o deixar para baixo”, finaliza.

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