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Brasília

Comoção e medo no enterro do motorista de aplicativo morto em Sobradinho

“Ele planejava comprar uma casa”, lamentou a mulher de Roosevelt Albuquerque, 31 anos, com uma semana realizando corridas até ser morto

Redação Jornal de Brasília

03/12/2020 18h07

Foto: Cezar Camilo/Jornal de Brasília

Foto: Cezar Camilo/Jornal de Brasília

Cezar Camilo
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O sepultamento do motorista de transporte por aplicativo Roosevelt Albuquerque da Silva, de 31 anos, morto durante um assalto na madrugada desta quarta-feira (2) foi realizado com a presença de amigos, colegas de profissão e familiares no cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, durante o início da tarde desta quinta-feira (3). Roosevelt deixa a mulher e dois filhos, de 4 e 7 anos.

O motorista tinha iniciado nas corridas por aplicativo uma semana antes de ser morto, com três tiros na cabeça. O crime aconteceu enquanto atendia a uma solicitação de viagem, com dois passageiros, da Asa Sul, na quadra 404, até Sobradinho. Um homem de 22 anos e um adolescente de 17 anos foram presos pela Polícia Civil do Distrito Federal acusados de latrocínio, nesta quarta-feira (2).

A irmã da vítima, Reny Albuquerque, disse que Roosevelt juntava o dinheiro das corridas para comprar um presente de aniversário a um de seus filhos que faz aniversário neste fim de semana. “Ele estava trabalhando para comprar um sapato com rodinhas”, disse Reny durante a cerimônia de despedida do irmão.

Após o desaparecimento do irmão, na terça-feira (1º), Reny compartilhou uma foto do motorista em suas redes sociais. “Galera, esse é meu irmão está desaparecido desde ontem, seu último contato foi com minha mãe por volta 22h40, informando que estava indo pra casa ele trabalha no aplicativo. Alguma informação nos avise por favor! Ele se chama Roosevelt Albuquerque Da Silva”, amigos e familiares compartilharam a publicação.

“Procurei meu filho pela casa e quando o encontrei, vi que ele estava atrás da porta chorando. Ele pegou uma arma de brinquedo e escondeu de baixo do travesseiro. Disse para mim: ‘Mamãe, ninguém vai matar você”. E agora, o que vai ser?”, disse a mulher da vítima aos prantos.

Outros motoristas de aplicativo foram ao cemitério prestar homenagem ao motorista. O condutor Samuel Scooby disse ao Jornal de Brasília que teme pela própria vida toda vez que um colega é assaltado ou morto durante o trabalho. “Eu me sinto ali [no caixão], a gente não queria estar aqui”, declarou.

“Se tivesse o kit de rastreamento e monitoramento, que a maioria é contra, isso não teria acontecido. Um botão do pânico iria salvar a vida dele”, disse Samuel que trabalha com viagens por aplicativo há 4 anos.

O aplicativo para que Roosevelt trabalhava, 99 pop, enviou ao Jornal de Brasília uma nota em que presta solidariedade aos familiares e à investigação. “A 99 lamenta profundamente a morte do motorista Roosevelt Albuquerque da Silva e informa que está apurando o caso. A plataforma está disponível para colaborar com a investigação da polícia, se for necessário”, disse a empresa por assessoria.

“A segurança é uma prioridade para a 99. Por isso, o aplicativo investe continuamente em segurança antes, durante e depois das corridas. Como formas de prevenção antes das chamadas, a companhia mostra aos motoristas informações sobre o destino final, a nota do passageiro e se ele é frequente — além de exigir que todos os passageiros incluam CPF ou cartão de crédito. Durante o trajeto, ferramentas como câmeras de segurança, gravação de áudio, monitoramento da corrida via GPS, compartilhamento de rotas com parentes e amigos e um botão para ligar direto para a polícia estão disponíveis. Depois das viagens, uma central telefônica 24h para emergências oferece apoio imediato em caso de necessidade.”

Os motoristas ainda relatam a insegurança durante as viagens. “Falta segurança e os aplicativos escutarem a gente”, disse Samuel Scooby. “Perfis falsos, celulares roubados, cartões de crédito clonados, são várias ameaças ao nosso trabalho.

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