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Brasília

Comércios e igrejas sofrem com medidas contra o coronavírus

Segundo o Sindivarejista, vendas em shoppings caíram quase 60%. Até o momento, são 14 os casos de pessoas infectadas pelo vírus

Vítor Mendonça

16/03/2020 10h56

O comércio do Distrito Federal sofre com a crise na saúde pública mundial. Somente na última semana, de acordo com o Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista), as vendas no comércio das entrequadras e shoppings caíram quase 50% e 60%, respectivamente, devido à crescente incidência de casos confirmados e suspeitos do novo coronavírus, que – até ontem – atingia 14 pessoas na capital do Brasil. A variável negativa analisada dependerá da localidade e segmento de mercado.

O risco de contaminação pelo covid-19 deixou a população atônita – e a exposição vem se tornando arriscada demais para alguns. A fim de evitar as saídas desnecessárias e sem urgência, algumas famílias preferem ficar dentro de casa e evitar o contato com o mundo do lado de fora. Uma das soluções encontradas para garantir o isolamento está no estoque de alimentos nas residências.

Agnaldo De Araújo Barbosa, de 64 anos, e a esposa Maria Aparecida Faria, 62, escolheram comprar suprimentos suficientes para se alimentarem durante dois meses. A intenção é não sair da moradia, no Lago Norte, em nenhuma circunstância. “Como somos idosos, queremos nos prevenir. Estamos desde sexta-feira [13] sem sair de casa – e saímos agora somente para essas compras. Queremos ficar pelo menos uns 15 dias dentro de casa”, afirmou Agnaldo.

As compras dos aposentados pelo serviço público, que normalmente enchem um carrinho, na tarde de ontem lotaram dois. São carnes, verduras, pães, café, leite, queijos, e ao menos dois sacos de arroz e quatro de feijão para garantir suprimentos nos dois meses entocados. “Não iremos nem a aniversários. Tenho neto, mas minha filha não vai nem levá-lo para a minha casa. Infelizmente vamos ter que fazer esse sacrifício”, lamentou.

Agnaldo e a esposa irão estocar itens básicos para passar uns dias em casa. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

De acordo com a psicóloga Karina Rocha, 48, a escolha de fazer as compras em dobro veio da necessidade de autopreservação, uma vez que está em um dos grupos de risco. “Eu tenho problema respiratório e tive infecção pulmonar, então tudo isso colabora para eu ficar realmente preocupada”, explicou. A rotina também foi alterada. “Nada de aglomerações, academia nem pensar; só caminhadas ao ar livre, e mesmo assim com a máscara. Parece exagero, mas eu prefiro pecar pelo exagero do que pela ausência dele”, defendeu.

Outra mudança que a psicóloga especializada em saúde mental fez no cotidiano se refere ao consultório. “Na entrada, coloquei um aviso para os meus clientes: ‘por favor higienize as mãos e use a máscara’.” Segundo Karina, esta foi uma medida necessária tanto para prevenir os atendidos quanto a si. “Precisamos estar sempre um passo à frente. Diminuí as saídas totalmente também”, acrescentou.

Karina também pretende reduzir drasticamente suas saídas. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Agenda religiosa sofre alterações

“Não podemos deixar que o vírus da frieza chegue aos nossos corações”, disse o frei Venildo Trevizan, de 80 anos, que realizou a missa das 9h na Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, na quadra 108 da Asa Sul. A paróquia é uma das casas religiosas cujos eventos de grande aglomeração sofreram restrição pelo decreto sancionado pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), na última quarta-feira (11). Para ele, além da decisão governamental, é necessário ter bom senso.

Frei Venildo avisou à congregação que, “por conta do risco do coronavírus, todos os nossos congressos e eventos estão suspensos por enquanto”. “Lavem as mãos, usem álcool em gel e evitem ficar muito próximos”, acrescentou. Na manhã de ontem, cerca de 50 pessoas assistiram à segunda missa do dia – são cinco aos domingos. Durante a semana, na Igrejinha, as reuniões permanecem as mesmas, sendo duas por dia.

Rotina em igrejas também mudou drasticamente. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

No Templo da Boa Vontade, exceto na visitação para preces na Pirâmide da Paz, abertas ao público durante 24h, e as rezas guiadas na chamada Hora do Angelus, às 18h, todas as atividades religiosas foram suspensas, em atendimento ao decreto publicado no Diário Oficial. A organização da casa ecumênica, por meio de um comunicado aos fiéis frequentadores do local, também elencou as precauções higiênicas recomendadas para evitar a contaminação.

O biblioteca do Templo da Boa Vontade também passará por mudanças. Durante o dia de hoje, os líderes que a administram estabelecerão um limite máximo de pessoas no local de estudo. De acordo com a assessoria da casa religiosa, durante a semana, a média de estudantes chega a 150.

A Federação Espírita do DF decidiu, entretanto, suspender todas as “atividades de estudo, capacitações, atendimentos, reuniões públicas e mediúnicas”, desde o último dia 12 de março, seguinte ao decreto oficial do Poder Executivo local. A orientação foi repassada a todas as comunhões espíritas vinculadas para adotarem o mesmo sistema, que permanecerá até segunda ordem.

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