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Brasília

Comércio à espera da retomada

Expectativa é de que vendas aumentem 3%, mas resultado final preocupa os lojistas

Pedro Marra

22/12/2020 7h20

Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

A semana do Natal será de baixo lucro para o comércio do Distrito Federal. Segundo estimativa do Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista), 400 mil consumidores devem ir às compras até esta quinta-feira, dia 24. No mesmo período de 2019, 600 mil pessoas fizeram compras, diferença influenciada pela preocupação com o isolamento social nesta pandemia da covid-19.

De acordo com o sindicato, o comércio projeta aumento de 3% nas vendas para o Natal em 2020 contra 5% do ano passado. Desde março, o setor sofreu com o fechamento de mais de 750 empresas e demissão de aproximadamente 6 mil empregados de diferentes setores. Outro fator que pesa na dificuldade de vendas é o fato do 13º salário ter injetado na economia do DF R$ 6,6 bilhões, contra R$ 7,6 bilhões do último Natal. “Sapatos, perfumarias, roupas são os produtos que mais vendem nessa época”, acrescenta o presidente do Sindivarejista, Edson de Castro.

Ainda segundo Castro, as vendas on-line cresceram 60% no DF em 2020. “Esse setor vem crescendo a cada ano, mas neste se deu justamente por conta do home office e pelas pessoas ficarem mais tempo em casa. As pessoas da terceira idade aprenderam a mexer mais no computador e, com isso, houve o crescimento. Mas muita gente ainda gosta de comprar olhando, pegando, vendo na hora”, analisa.

Gasto médio menor

O Sindivarejista projeta, para este ano, um gasto médio de R$ 220 com presentes. Em 2019, este valor de referência ficou em R$ 263. Brinquedos, roupas, calçados, objetos para o lar e perfumes devem ser os presentes mais vendidos, conforme a entidade.

Os cartões de crédito devem resultar em 95% do faturamento das lojas, evidenciando que os clientes pretendem estender o prazo para quitar os pagamentos. Dos R$ 300 milhões que o Natal injetará no comércio do DF, R$ 11 milhões (5% do total) serão decorrentes de compras para amigos ocultos, segundo estimativas do sindicato. Roupas, objetos para o lar e meias são os presentes mais vendidos para essa ocasião na semana natalina.

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), por sua vez, anunciou no dia 15 de dezembro que subiu de 2,2% para 3,4% a expectativa de crescimento do volume de vendas no Natal de 2020 no país. O Natal é a principal data comemorativa do varejo brasileiro.

“Nós comerciantes estamos fazendo a nossa parte, aí entra a responsabilidade da população, que tem que saber que não pode causar aglomeração. A melhor maneira que a gente tem de orientar as pessoas é fazer campanhas de conscientização. O problema não é fechar o comércio, é criar restrições para a população. E os shoppings estão seguindo rigorosamente os protocolos de segurança do governo”, declarou o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fecomércio), Francisco Maia.

Para Maia, a semana do Natal não deve gerar vendas expressivas ao setor. “Não vai acontecer lucro, as vendas que estão acontecendo são pequenas. Primeiro que o comércio não se preparou para isso, e os preços estão lá em cima. Muita coisa não tinha nem matéria prima. Tem muita coisa que as pessoas não vão encontrar”, analisa.

Fábricas atrasam pedidos

O que deve impulsionar o setor é o e-commerce, que são as ofertas pela internet. A CNC projeta crescimento real de 64% das vendas via varejo eletrônico no país voltadas para o Natal deste ano, em comparação com o mesmo período de 2019. É o tipo de divulgação que o supervisor de vendas de uma loja de sapatos do Conjunto Nacional,
Éder Martins, 38 anos, investiu neste momento do ano.

“Estamos tendo que fazer promoções para ver se tira um pouco o público de casa. Mas o diferencial para esse ano está sendo mais o trabalho digital para tentar atingir esse cliente que está resguardado. Essas pessoas não deixaram de ser consumidores, só não querem participar da ‘muvuca’. Para o cliente que está no shopping, a gente está fazendo muita oferta e investindo em produtos novos, mesmo com a pandemia”, afirma.

A distribuição dos produtos neste ano de pandemia também prejudicaram a área. “Faltou matéria prima e mão de obra nas fábricas. Consequentemente, alguns produtos atrasaram pedidos. Outras fábricas não resistiram e tiveram que fechar as portas. Grandes marcas nos disseram que iria mandar o produto mas em plástico porque
faltava papelão”, relata o lojista.

Ele diz ainda que as lojas de calçados têm um diferencial por poderem se beneficiar dos amigos ocultos e presentes entre familiares. “O calçado para o fim de ano quem compra são as famílias, e ainda continuou sendo as famílias se falando de sapato. Tem uma outra particularidade que é o amigo oculto, que teve muita procura por uma lembrancinha ou um acessório. Mas as famílias são o grande diferencial para o nosso segmento no fim de ano.”

A enfermeira Jaqueline Cardoso, 43 anos, foi com o marido e a filha fazer as compras ontem no Conjunto Nacional, e confessa ter saído de casa para garantir a compra. “Vim mais pela experiência de comprar no shopping porque a gente deixou para a última hora. Se eu deixar para comprar pela internet, o produto não vai chegar a tempo do Natal. Mas eu comprei lembrancinhas mesmo para economizar”, reconhece.

“Vim comprar no shopping mais pela união da família e pedir muita saúde para todo mundo, e que essa vacina saia logo. Mas ainda teremos que ser amigos da máscara por um bom tempo”, opina.

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