Acusados de matar mãe e filho em acidente de trânsito na L4 Sul em abril de 2017, o advogado Eraldo José Cavalcante, 34, e o bombeiro Noé Albuquerque, 42, prestaram depoimento nesta terça (10), em audiência de instrução e julgamento presidida pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). A sessão pública reuniu as partes, os advogados de acusação e defesa, além de testemunhas.
Na audiência, Eraldo negou que disputava racha, mas admitiu ter aumentado a velocidade quando, segundo ele, fez uma ultrapassagem. Assim o réu justificou o laudo pericial que registrou 110 km/h na hora da batida. Argumentou que, quando ele tentou passar à frente, o carro das vítimas freou por conta do pardal, e assim teria ocorrido a colisão.
O bombeiro Noé, por sua vez, refutou as suspeitas de que tenha fugido sem prestar socorro. Ele disse ter parado assim que o acidente ocorreu e ligado para o 193.
“Versão fantasiosa”
Segundo o advogado da família das vítimas, Thiago Pusley, o teor dos depoimentos dados pelos réus foi dentro do esperado. “Uma versão fantasiosa, isolada e contrária às provas que temos. Tentaram se furtar da responsabilidade penal que cabe a eles”, aponta. Ele acrescenta que as principais provas contidas nos autos do processo são depoimentos de testemunhas que presenciaram o acidente.
A expectativa da família de Cleusa Maria Cayres, 69, e Ricardo Clemente Cayres, 46, mortos no acidente, é que os réus sejam encaminhados a júri popular. A fase de alegações finais deve acontecer nos próximos 30 dias. Em seguida, o juiz responsável pelo caso deve decidir pela condenação ou absolvição dos acusados.
Procurado, o advogado de defesa dos réus disse que não quer se pronunciar até a fase de alegações finais, por questões de segurança.
Myke Sena
Relembre o caso
Em 30 de maio, três carros suspeitos de participarem de um racha provocaram um grave acidente na Avenida L4 Sul. O motorista do Jetta bateu na traseira do Ford Fiesta em que uma família retornava de um passeio dominical. Com a batida, o carro atingido perdeu o controle, saiu da pista e capotou diversas vezes. Cleusa Maria Cayres, 69 anos, e Ricardo Clemente Cayres, 46, morrem no local. Os outros dois ocupantes do veículo foram encaminhados ao Hospital de Base.
Outro veículo ocupado por parte do grupo, um Chevrolet Cruze, também foi atingido durante o acidente e tinha um amassado na lateral. O carro foi estacionado a cerca de 200 metros do acidente, com três mulheres dentro. A motorista se apresentou como irmã do condutor do Evoque e se recusou a soprar o bafômetro, mas permaneceu no local durante a ação policial. Ela foi foi ouvida ainda na noite de ontem. A polícia não deu detalhes sobre o que ela teria dito.
