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Brasília

Blocos agitam último dia de folia

Foliões destacam forte policiamento nas ruas, que reuniram ao menos 10 mil pessoas em média

Pedro Marra

26/02/2020 5h41

CARNAVAL BRASILIA 2020 -Mariana Gomes, 23 anos, estudante de publicidade e progaganda (2) FOTO : PEDRO MARRA DATA :25/02/20

O último dia de carnaval em Brasília contou com menos chuva nos bloquinhos. Ao menos durante à tarde não choveu forte na cidade, que teve policiamento em todos os locais para onde os foliões escolhessem ir. No Setor Comercial Sul (SCS), cerca de 40 mil pessoas curtiram os oito blocos, espalhados pelos palcos 23, 24 e um trio elétrico.

Nomeado especialmente para essa época do ano como Setor Carnavalesco Sul, o SCS foi o lugar escolhido pela estudante de publicidade e propaganda, Mariana Gomes, de 23 anos, para curtir a folia junto dos amigos. “Vim porque tem muitos blocos LGBTS, então não é propício a ter roubos e assédio. Só acho que está um pouco desanimado. Mas para quem não tem muito dinheiro, como eu, está sendo legal. Todos os meus outros amigos foram para o Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Pirenópolis. Em relação ao ano passado, tem bastante policiais”, relata Mariana.

Ela elogiou o bloco Pega Ninguém, no palco 23 do Setor Carnavalesco Sul.

“Esse bloquinho especificamente está sendo ótimo pela localização e pela segurança também. E tem mais funk neste ano. Normalmente os blocos têm muita marchinha. Esse realmente é o melhor para mim”, comenta a universitária.

A acessibilidade foi um ponto que agradou a monitora de operadora telefônica, Gabriela Silva, de 21 anos, que também curtiu o bloco Pega Ninguém, no SCS. “A gente preferiu vir para o Setor Comercial Sul porque é perto do metrô, de fácil acesso, e também é melhor de voltar para casa. Além disso, a gente pode ir para baixo da marquise dos edifícios caso chova”, opina.

Carnaval na Funarte

Com seis atrações ontem, e apenas com público perto do palco, o carnaval no estacionamento da Fundação Nacional de Artes (Funarte) não levou muitos foliões no último dia de carnaval, em Brasília. Uma das pessoas que participou do carnaval organizado pela Secretaria de Cultura foi a estudante de pedagogia, Lorena Barbosa, de 23 anos, moradora da Estrutural.

Ela temia a violência por conta do que aconteceu no pré-carnaval, que vitimou Matheus Barbosa, 18 anos, no dia 8 deste mês, em um bloco ao lado do Museu Nacional da República. Mas encontrou tudo tranquilo. “Eu vim porque é bem localizado e está com muitos policiais”, diz Lorena.

Pacotão arrasta 11 mil foliões

Há 30 anos que o pedreiro Adalberto Gomes, de 60, participa do bloco Pacotão, na 302/303 Norte, que neste ano, trouxe o tema “Contra o fascimo na contramão”. O folião reconhece que não existe outro bloquinho parecido na cidade.

“É muito diferente dos outros blocos. E eu venho porque gosto da irreverência, já que aqui se fala de tudo, e se pode tudo, mesmo sendo um bloco mais família. Antes, eu brincava sozinho, agora brinco com as minhas filhas. O Pacotão nunca pode acabar, porque fala das diferenças sociais com críticas construtivas. Então, é aqui que a gente extravasa as nossas emoções”, vibra o folião, que estava com um selo escrito “Fora Bolsonaro”.

Fantasiado de Jesus Cristo e com uma faixa LGBTS no peito, em protesto à intolerância religiosa, estava o empresário Fábio Oliveira, de 48 anos.

“A minha roupa é sobre as pessoas que falam o meu nome em vão. É por esse clima que eu venho há três anos com a minha esposa para o Pacotão. É um bloco democrático, voltado para a diversidade, que critica as injustiças políticas do Brasil”, afirma o folião.

A servidora pública, Ana Cristina Vendramini, de 49 anos, acompanha o discurso do marido.

“O Pacotão é bom porque tem todo tipo de música, é cultura pura. Estou vindo fantasiada em protesto a fala da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, que disse ter visto Jesus na goiabeira”.

A fala da ministra refere-se a um episódio na infância, em que diz ter visto Jesus aparecer e evitar que ela, depois de ter sofrido abuso, se suicidasse.
Ana Cristina disse que fez uma referência à ministra na fantasia não pelo episódio em si, mas por suas posições conservadoras e como forma de protesto contra o feminicídio e o aumento da violência contra a mulher.

Segundo o organizador do Pacotão, Marcelo da Silva, de 36 anos, o bloco levou 11 mil pessoas para percorrem o sentido contrário da W3 Norte até a 505 Sul.

“O governo atrasou o bloco, e estamos desfilando no último dia de carnaval. O normal do bloco é sair domingo e terça-feira. Mas o Pacotão tem que sair de qualquer jeito”, diz o organizador.

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