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Brasília

Black Friday: vendas devem aumentar pouco

Segundo Sindivarejista, ambiente on-line vai dominar a tradicional data de descontos no comércio

Vítor Mendonça

16/11/2020 5h25

As vendas da Black Friday em 2020 devem ser mais baixas que as do ano passado, segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista), Edson de Castro. Entre lojas de rua e de shopping, as vendas devem aumentar em cerca de 3% a 4%, contra 5% no ano passado. Mas são nas vendas on-line que as empresas devem se destacar em 2020, com índice de comércio acima de 85% no ambiente virtual.

De acordo com a entidade sindical, a pandemia fez com que os consumidores passassem a ter mais facilidade e confiança dentro das plataformas para fazer os pedidos de forma digital — e, por isso, a modalidade de vendas deverá ter proeminência. O ramo de roupas, eletrodomésticos e sapatos são os setores que mais devem receber aumento nas vendas durante o período.

Ainda de acordo com Edson, neste ano, pelo menos 10 mil lojas devem participar das famosas promoções. Em 2019, a quantidade de lojas participantes do período de liquidação foi menor, com 8 mil estabelecimentos. A quantidade em 2020 representa pouco mais de um terço da quantidade de lojas no DF — 30 mil no total. Ainda segundo o Sindivarejista, 94% das vendas serão mediante o cartão de crédito.

Golpes

A época de Black Friday pode ser de oportunidades, mas também poder ser traiçoeira em muitos aspectos. De acordo com Rafael Klier, especialista em Direito do Consumidor, este é o período em que as demandas no escritório mais aumentam. A quantidade de dúvidas e processos gerados em novembro se equiparam às reclamações do Natal — cerca de 30% a 40% de acréscimo da demanda do escritório do advogado.

“Pela nossa experiência, onde vemos mais problemas é a qualidade [do que é encomendado] abaixo do esperado, tanto em eletrônicos quanto em roupas. Às vezes, a pessoa que na empolgação da Black Friday compra pela internet e pelo bom preço ofertado, quando vai verificar, o tecido não é da qualidade esperada ou prometida e o eletrônico não funciona do jeito que foi propagado pelo vendedor. Isso gera dor de cabeça e traz o sentimento de literalmente ter sido ludibriado”, afirmou o especialista.

As vantagens das compras pela internet destacadas pelo especialista são o direito de arrependimento em sete dias após o recebimento do produto, além do fato de serem mais em conta para os bolsos populares. “Viu que não era o que queria, a pessoa deve procurar quais são os canais de comunicação da loja. Às vezes no próprio site ou no aplicativo da loja tem um canal de comunicação, ou às vezes há um e-mail ou outra forma de contato. Identificando qual é, o consumidor pode alegar arrependimento, quer devolver o produto e pedir o dinheiro de volta — sem precisar explicar o por quê”, explicou Rafael.

Cuidado redobrado

Para evitar enganações, o melhor seria que os consumidores procurassem os produtos dos quais estão interessados pelo menos três meses antes de novembro, quando as promoções “Black” começam a aparecer, a fim de conferir se de fato há alguma redução no preço do produto. “Essa é uma porta de oportunidade para que o vendedor ofereça a metade do dobro, ou seja, o fornecedor aumenta o preço para fingir que vai dar o desconto”, disse.

Por mais que o acompanhamento no preço de determinado produto não tenha sido feito pelo consumidor, outra vantagem de compra feita na internet é que há a possibilidade de acompanhamento retroativo por dois sites, segundo o advogado. São eles o Zoom e o Buscapé, que fazem o rastreamento dos preços anteriores aos vistos atualmente, tendo clara, assim, a transparência de determinadas ofertas e supostos descontos.

“Deve-se desconfiar também de promoções extremamente vantajosas, porque sites podem usar de formas de clonagem de cartão ou disseminação de vírus. Então, é preciso sempre procurar comprar em sites de lojas confiáveis e efetivamente delas, porque fraudadores conseguem espelhar páginas de lojas grandes para aplicar um golpe”, destacou Rafael. Para fugir dessas armadilhas, é importante verificar se os sites possuem um símbolo de cadeado ao lado da URL, e que sejam procurados portais de reclamação como o Reclame Aqui.

As fraudes, de acordo com o especialista, ocorrem em grande parte dentro do mundo virtual. Na pandemia, “a tendência é que sejam ainda mais difundidos”. “Na mesma medida em que aumentaram as vendas on-line [com o confinamento], aumentaram também as ocorrências de golpe”, afirmou o advogado. Para Rafael, a grande quantidade de fraudes se deram pela desinformação do ambiente virtual por parte daqueles que não estão acostumadas com o mundo digital e passaram a comprar on-line. “É preciso ter um cuidado redobrado.”

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