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Brasília

Beber e comer ficam mais caros

Consumidores procuram por itens em promoção e adotam a prática de estocar produtos

Redação Jornal de Brasília

11/12/2020 5h43

Foto: Divulgação

Mayra Dias
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“É o momento de consumir somente o essencial”. Esta é a avaliação do economista Renan Silva quanto ao aumento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para alimentos e bebidas neste ano. O dado foi registrado na última pesquisa lançada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta terça-feira (8). De acordo com a análise, o grupo alimentício registrou alta de 9,2% em 2020.

Apontado como o mês com maior alta, novembro apresentou um aumento equivalente a 1,86%. Em 5 anos, essa foi a maior para o mês desde 2002, quando ficou em 5,85%. “Quando acontecem essas elevações nos valores, a gente tenta se prevenir. Procuro fazer estoque de alguns produtos que têm um prazo maior de prateleira”, explica Carlos Ferreira, proprietário de um restaurante em Planaltina DF.

Devido ao trabalho, o empresário conta ter que fazer compras quase todos os dias, o que contribuiu para que percebesse o aumento nos preços de forma gradual. “Faço compras todos os dias e sempre procuro os produtos em oferta para comprar em quantidade maior e guardar direitinho”, conta o autônomo. Como estratégia de prevenção, Carlos diz fazer pesquisas frequentemente, e prioriza comprar apenas as promoções de cada dia. “Hoje no açougue, outro dia na mercearia, na limpeza, e assim vai”, explica.

Na avaliação de César Bergo, presidente do Conselho Regional de Economia do DF (Corecon DF), a atitude de Carlos é a mais aconselhável em momentos como esse. “Muitas vezes a gente tem uma unidade de venda, de distribuição, em que o preço do produto não foi elevado, e você pode adquiri-lo em condições melhores”, afirma o economista. Para o profissional, utilizar a internet e pedir a ajuda de amigos na hora de avaliar os preços, são atitudes positivas e que podem ajudar o consumidor a fazer a melhor escolha. “Hoje, com as redes sociais, a gente tem condições de combinar com outras pessoas de verificar onde determinado produto está mais em conta. Dessa forma conseguimos comprar mais barato e, quem sabe, forçar a baixa do preço dele”, completa César.

Dentre os alimentos que mais subiram no acumulado do ano, a pesquisa aponta o óleo de soja, o tomate e o arroz como os três principais. Os percentuais foram, respectivamente, de 94,1%, 76,51% e 69,5%. “O impacto foi muito grande. Tiveram produtos que mais do que dobraram de preço. Os itens da cesta básica, por exemplo, foram impactados diretamente e isso reduz a nossa receita e nosso orçamento. Fica bem apertado”, relata Carlos Ferreira. O empresário ressalta ainda que, nos últimos meses, enfrentou dificuldades com seus fornecedores, que passaram a limitar a quantidade de produtos por cliente. “A gente tem que ‘fazer das tripas coração’ pra conseguir passar por esse momento”, completa o dono do restaurante.

Economicamente, essas situações têm impactos negativos a partir do momento em que o consumidor deixa de adquirir, ou consome em menos quantidade, determinada mercadoria. “Essa variação de preço afeta o cidadão porque o salário dele, a renda, está congelada. A pessoa não tem aumento de salário todos os meses. Quando o preço de um produto aumenta, menos uma unidade do produto você adquire. O valor do dinheiro perde força, e se diminui a atividade econômica”, elucida César Bergo.

Resultado do DF

O índice geral da inflação na capital, que considera todas as categorias de produtos e serviços, ficou, na pesquisa, em 0,35% no mês passado. Mesmo com o aumento nos preços, o resultado ainda está abaixo da taxa nacional, que ficou em 0,89%. O ramo alimentício foi o que mais impactou no índice geral do Distrito Federal em novembro. Os legumes e as carnes foram as maiores altas, com 14% e 8%.

Nessas situações, César chama atenção à importância dos ‘bens substitutos’. “Por exemplo, se o preço do frango cai e da carne bovina sobe, o consumidor vai, racionalmente, consumir mais frango. A carne bovina, de porco e o frango tem uma relação entre elas, que é a proteína, o que ajuda a fazer essas substituições. Essa relação acontece no dia-a-dia entre os bens substitutos”, explica o economista.

 

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