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Brasília

Auxiliar de limpeza liderava quadrilha que vendia armas no DF

Arquivo Geral

16/10/2018 12h33

Foto: Matheus Albanez/Jornal de Brasília.

Jéssica Antunes
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A organização criminosa que abastecia o Distrito Federal com armas e munições ilícitas agia até mesmo no estacionamento de escolas na capital. A atuação, comandada por um auxiliar de limpeza, contava com participação de vigilantes, motoristas de caminhões e de transporte por aplicativo. Entre os envolvidos, havia até um bancário especialista em armamentos responsável pelas avaliações. Em oito meses, pelo menos 40 vendas foram efetuadas com preço que podia chegar a R$ 15 mil. Na Operação Gaston, 24 homens foram presos e dois estão foragidos.

As investigações da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri) da Polícia Civil começaram em março após denúncias anônimas. Naquele mês, a corporação identificou uma venda realizada em um estacionamento de uma escola pública do Paranoá. Nesta terça-feira (16), foi deflagrada a megaoperação para desarticular o grupo, que teria ramificações em Goiás e na Bahia. Foram apreendidas 11 armas de fogo de variadas marcas e calibres, sendo algumas de uso restrito.

O maior número dos mandados de prisão preventiva foi cumprido no Lago Norte. Suspeitos também foram detidos em Ceilândia, Samambaia, Vicente Pires, Santa Maria, Planaltina, Sobradinho, Itapoã, Paranoá, e Águas Lindas (GO), na Região Metropolitana do Distrito Federal. Os investigados responderão pela prática dos crimes de organização criminosa e comércio ilegal de arma de fogo. Se condenados, eles podem ficar presos por 16 anos.

 

Grupo organizado e sofisticado

De acordo com o delegado diretor da Corpatri Guilherme de Melo, as ações do grupo eram “extremamente elaboradas”. Nas negociações, feitas com compartilhamento de imagens e informações por mensagens, eles evitavam falar explicitamente do assunto, nomeavam as armas como carros e usavam o dinheiro adquirido normalmente. Tudo era feito de forma veloz para impedir a atuação dos investigadores. Armas também eram alugadas para outros criminosos e a polícia conseguiu identificar assassinatos cometidos com os equipamentos comercializados pelo grupo.

Entre os integrantes, havia quem não tivesse passagem pela polícia e quem ostentasse histórico criminal violento. Enquanto os primeiros intermediavam e disfarçavam o comércio, os outros faziam suporte, manutenção, cooptação e segurança do grupo. Entre eles, dois vigilantes com acesso facilitado a armamentos, três motoristas de transporte por aplicativo, dois comerciantes e um caminhoneiro. Dois traficantes também faziam parte do grupo.

“Os grupos criminosos no Brasil não são organizados de forma a ter funções definidas formalmente, como é o caso do armeiro, que prepara as armas, e do especialista, que as avalia, nessa situação. O grau de sofisticação chama a atenção. Esse tipo de ação alimenta crimes menores, como assaltos, roubos, e financia porque o núcleo obtém recursos e amplia atuação”, afirmou o investigador.

Foto: Matheus Albanez/Jornal de Brasília.

Funções definidas

Itamar Cortes de Oliveira é apontado como líder do grupo. O auxiliar de limpeza tem estilo de vida incompatível com a renda, de um salário mínimo. Na garagem no Lago Norte, ele tem três veículos, sendo um deles avaliado em R$ 60 mil. As apurações indicam que ele comprava armas no valor de R$ 13 mil em dinheiro. Ele era comandante do núcleo responsável por fazer seleção, preparação e destinação de armas, munições e acessórios, com contatos com vendedores e compradores, e escolhendo os artefatos para o comércio.

Líder do grupo é auxiliar de limpeza e ostenta estilo de vida incompatível com a renda formal. Foto: Matheus Albanez/Jornal de Brasília.

Também tinham papeis de destaque Dyego dos Reis Martins, Valdinei dos Santos Novais, apontados como especialistas do grupo. Eles faziam a manutenção e conservação das armas que seriam comercializadas. Além disso, Rosivaldo Rodrigues de Sousa atuava como armeiro. Segundo a PCDF, ele consertava e deixava os armamentos prontos para uso.

O comércio não se restringe ao DF. Há ramificação em municípios de Goiás e na Bahia, onde há notícias de busca ou entrega de armas. A origem dos armamentos ainda é objeto de investigação.

 

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