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Brasília

Autônomos e Empresários: como o coronavírus têm afetado esta classe

A tentativa das empresas é para a manutenção do emprego de seus funcionários, mas nem todas conseguem sobreviver aos meses de isolamento

Redação Jornal de Brasília

05/04/2020 9h00

Atualizada 04/04/2020 16h43

Galeria dos Estado, Asa Sul, Brasília, DF, Brasil 6/9/2016. Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília

Na última quarta-feira (1), o Governador Ibaneis Rocha publicou, em edição extra do Diário Oficial que o isolamento social no Distrito Federal foi prolongado até o dia 3 de maio. Com a decisão, o Governo do Distrito Federal (GDF) espera conter a proliferação do novo vírus. De acordo com o Ministério da Saúde o pico nacional da doença deve ocorrer durante o mês de abril.

Mas, com a crescente nos casos de coronavírus, autônomos e empresários observam a permanência de seu negócio ameaçada. A tentativa das empresas é para a manutenção do emprego de seus funcionários, mas a falta de rotatividade de caixa é um grande obstáculo no fechamento das contas ao fim do mês.

É o caso, por exemplo, de Carlos Ferreira da Silva, de 50 anos, dono do Bar do Carlinhos, na Vila Nossa Senhora de Fátima, em Planaltina-DF. O empresário contou ao Jornal de Brasília que precisou dispensar os colaboradores que operavam em forma de “freelancer”. “Uma das nossas preocupações foi em manter os postos de trabalho. Os funcionários freelancer foram dispensados, mas o que tem carteira assinada estão com o salário em dia”, disse.

O empresário reforça que o isolamento social ainda é a melhor opção. “A gente tem que pensar que todas as pessoas que estão circulando são vulneráveis ao vírus”, e segue “Não é só isolar o grupo de risco, as outras pessoas também precisam fazer parte do isolamento social”, completa. Para ele o fundamental é que os serviços essenciais permaneçam em funcionamento.

O prejuízo para os empresários, de acordo com Carlos, é “incalculável”, mas o dono do bar prefere pensar em quanto ele deixou de ganhar. “Prefiro me expressar assim por que a gente tá falando em vidas”, relata.

Em relação aos autônomos a situação pode ser ainda pior. Mesmo sem a preocupação em pagar funcionários e fechar as contas de uma empresa, o salário naturalmente diminui com o fluxo de pessoas e serviços interrompido.

Para Danielle Carvalho o mês de Abril seria de prosperidade. A confeiteira trabalha fazendo bolos e doces e na época da Páscoa produz ovos gourmets. Mas a autônoma relata que neste ano vendeu bem menos do que no mesmo período do ano passado. 

“Eu tenho três filhos que precisam muito de mim e as encomendas diminuíram demais, na época que antecede a Páscoa eu vendo muito e esse ano está totalmente parado”, desabafa Danielle

A autônoma recebe suas encomendas por WhatsApp ou Instagram. 

No total, em 2019, foram cerca de 7.000 solicitações de bolos confeitados, chocolates, ovos de páscoas e bolos no pote. Já neste ano não foram nem 1000. Uma redução de mais de 85% em relação ao mesmo período do ano passado.

Foto: Arquivo Pessoal

As encomendas podem ser feitas pelo instagram @donnabrigaderia

Soluções Criativas 

Para driblar o contato entre pessoas e continuar vendendo alguns empresários pensaram em soluções criativas. Seja inaugurando o serviço delivery, antes não oferecido, seja barrando a entrada de clientes, mas sem interromper as vendas.

O empresário Carlos, por exemplo, passou a oferecer o serviço de delivery e drive thru na parte de mercearia do estabelecimento. “É assim que a gente mantém o fluxo de caixa, se a gente não tivesse tomado essa medida infelizmente já teria demitido os funcionários”, observa.

Na Feira do Produtor, em Vicente Pires, alguns estabelecimentos resolveram definir uma distância mínima entre cliente e funcionário. No “Cantinho Mineiro”, por exemplo, a loja continua a funcionar sem que muitas pessoas movam-se ali por dentro.

Foto: João Carlos Magalhães

Os clientes só podem pedir os produtos por fora da fita. Dessa forma, nenhum deles têm acesso ao interior do estabelecimento

Consequências econômicas

O GDF ainda se esforça para mitigar as consequências do isolamento. O decreto continuou com a dinâmica de restaurantes e lanchonetes seguirem atendendo apenas por serviços de delivery, em contrapartida, as feiras permanentes receberam sinal verde para retornarem às atividades.

Além disso, o programa Supera-DF, lançado pelo BRB para oferecer aos clientes – pessoas físicas e jurídicas – soluções para minimizar os impactos econômicos provocados pela crise do coronavírus já liberou, até o dia 27 de março, R$ 20 milhões em crédito.

No total, o programa deve liberar R$ 1 bilhão para toda a cadeia produtiva.

Mesmo assim, os desdobramentos econômicos ocasionados pelo coronavírus resultaram em perdas para os empresários e em demissões para os colaboradores. Nas Agências do trabalhador do Plano Piloto, Ceilândia, Taguatinga e Sobradinho, por exemplo, houve uma diminuição da oferta de 400 vagas diárias para menos de 100.

De acordo com a Secretaria de Economia do Distrito Federal (SEEC), algumas medidas estão em análise para renegociação de dívidas. A Secretaria informou ainda que ações de coleta de contribuições e doação de cestas básicas estão sendo feitas.

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