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Brasília

Ausência de estrutura, incentivo e segurança em escolas são desafios para novo governo

Arquivo Geral

26/11/2018 7h00

Foto: Raianne Cordeiro/ Jornal de Brasilia

Jéssica Antunes
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São múltiplos os desafios do governador eleito Ibaneis Rocha (MDB) para a educação no Distrito Federal.  Déficit de vagas, gestão de recursos humanos e problemas de estrutura podem estar no topo das deficiências que precisam ser exploradas por uma política de Estado. Do outro lado da gestão, alunos, pais e especialistas dão o tom das necessidades de investimento do próximo governo. Para eles, estrutura, incentivo e segurança em escolas são pontos importantes a se considerar.

“Tem muita coisa precária, principalmente em relação à estrutura. A gente convive tanto com isso que passa a ser até normal”, desabafa Francisco Araújo. O jovem de 16 anos está no 2º ano do Ensino Médio e tem uma visão do que seria ideal para a educação. “A escola deveria ser lugar de acompanhamento e acolhimento, mas falta incentivo. Não tem suporte mínimo necessário e acho que a direção da escola é um pouco refém do Governo, porque não consegue fazer as coisas apesar de tentar”, diz.

O colega João Gomes, 16, tinha bolsa de estudos em uma escola particular, mas perdeu o benefício e teve que ser transferido para uma unidade gerida pelo governo. “O conteúdo é muito diferente. Lá é mais complexo, mais puxado, voltado para vestibular e concurso. Aqui sinto que é mais largado, de qualquer jeito. Se antes eu tinha nota baixa mesmo me esforçando, agora não preciso fazer muito para passar”, afirma.

“Educação deve ser o maior investimento do governo porque é ela que determina todo o resto”, acredita Marinete Santos, 32. Ela mantém duas crianças, de 6 e 9 anos, em uma escola pública no Gama, mas os dois mais velhos foram transferidos para unidades particulares graças a bolsa de estudos. Ela teme pela segurança dos filhos porque acredita que há negligência das autoridades. Ela aponta ainda problemas de estrutura: “Criança também precisa brincar e a estrutura não permite. A escola, sozinha, não consegue arrecadar e o governo pouco ajuda”, observa.

Leia Mais: Novo governo precisa modernizar educação no Distrito Federal

Política transversal

Doutor em políticas públicas de Educação, Célio da Cunha elenca cinco principais pontos que devem ser encarados como prioridade pela gestão Ibaneis. Para ele, é necessária a universalização do ensino na creche e pré-escola, diante de pesquisas de neurociência que mostram a importância dos anos iniciais para a constituição cerebral. Mais à frente, é preciso investir em educação profissional de forma a promover aos jovens a conquista de emprego digno, além de focar no fim do analfabetismo.

“Deve ser prioridade, ainda, a questão da gestão. É preciso aperfeiçoar os métodos em todas as instâncias de gestão educacional. Colégios também precisam ser acolhedores, sem violência, com boas relações. Qualidade deve ser busca permanente, com ganhos no Ideb”, elenca. Além disso, ele acredita que é fundamental ter uma política de Estado, com financiamento permanente estável e continuada. “Com isso, o DF vai voltar a ter posição que nos honre na avaliação da educação básica”.

“Para pensar em qualidade da Educação é preciso considerar uma política social e transversal, que garantam condições de vida, trabalho e saúde para toda a família”, afirma Fátima Guerra.

Professora aposentada da Universidade de Brasília e ex-secretária de Educação, a doutora aponta que ao dar condições e qualidade de ensino na base, às crianças, perspectivas são positivas a curto, médio e longo prazo. Para ela, é preciso que todos os pequenos estejam na escola, com áreas de pré-escola e creche com atendimento pleno. A especialista frisa que manter diálogo permanente é desafio para o novo governo.

Para Ibaneis Rocha, também fica o polêmico assunto do pagamento da última parcela do aumento salarial aprovado em 2013. Rodrigo Rollemberg suspendeu o pagamento em 2015, alegando déficit nos cofres. Na prática, o governador eleito será o terceiro a deliberar sobre o tema.


Perfil

CONHEÇA O NOVOSECRETÁRIO

Rafael Parente é mestre em Gestão da Educação e doutor em Educação Internacional e Desenvolvimento pela Universidade de Nova York. Ele é diretor-executivo de uma empresa de inovação na educação e impacto social, presidente do conselho do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais (CEIPE) e sócio-efetivo do Movimento Todos pela Educação. O professor trabalhou na gestão de Eduardo Paes (MDB), na cidade do Rio de Janeiro.

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