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Brasília

Coronavírus: atletas alarmados com doença

Brasilienses não podem parar de treinar, mas admitem preocupação com coronavírus,justamente neste ano de 2020, quando ocorrerão os Jogos Olímpicos de Tóquio

Pedro Marra

31/01/2020 6h32

QUADROS KETLEYN – VELASCO DIANA Foto: Rafal Burza/CBJ

Com mais de oito mil pessoas infectadas pela pneumonia do coronavírus no mundo, e 170 mortes confirmadas em Wuhan, na China, epicentro da doença, o surto tem preocupado entidades e esportistas brasilienses de diversas modalidades. Justamente neste ano de 2020, quando ocorrerão os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, no Japão, a partir do dia 24 de julho.

Inclusive, o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar japonês confirmou ontem os primeiros dois casos de infecção da doença no país.

“Medidas contra doenças infecciosas constituem uma parte importante de nossos planos para sediar Jogos Olímpicos seguros e protegidos”, afirmou o comitê dos Jogos de Tóquio-2020.

A judoca Ketleyn Quadros, 32 anos, nascida na Região Administrativa de Ceilândia, conquistou a medalha de bronze nas Olimpíadas de 2008, em Pequim, na China. Para este ano, ela vive a expectativa de realizar o sonho de voltar a competir em uma olimpíada, mas reconhece que está assustada com o surto da doença ao redor do mundo – vários casos foram fora da China foram confirmados.

Cheguei de viagem esses dias e a gente estava fazendo treinamentos na Áustria e Itália, e depois fomos para Israel disputar o Grand Prix de Tel Aviv. É uma situação preocupante porque é um vírus extremamente contagioso. A gente que pratica um esporte de muito contato com atletas de muitos países, então não podemos ter nenhum tipo de doença. Competimos com atletas do mundo inteiro”, analisa a judoca.
Ketleyn Quadros adianta que não recebeu comunicado oficial de nenhuma entidade do esporte brasileiro.

Por enquanto, não recebemos orientação nenhuma, seja de técnico, Comitê Olímpico Brasileiro (COB) ou Confederação Brasileira de Judô (CBJ). Sentimos até a falta da China no último campeonato que disputamos”, conta a ceilandense, em referência à competição disputada em Tel-Aviv, capital de Israel, onde por pouco ela não faturou o bronze, perdendo para a jovem holandesa Sanne Vermeer, atual campeã mundial júnior, de apenas 20 anos de idade.

Em contato com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a World Athletics – antiga Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF), adiou para março de 2021 o Mundial de Atletismo Indoor, marcado para março, em
Nanquim.

Cancelamentos como esse, preocupam a corredora da marcha atlética, Elianay Barbosa, 35 anos, teme que as Olimpíadas não ocorram. “O vírus chegou aos Emirados Árabes, e eu estive no Catar há três meses. Fico preocupada porque todo dia o número de pessoas infectadas é maior e em vários países”, preocupa-se a integrante do Centro de Atletismo de Sobradinho (CASO).

Sem perder o foco, mas sempre em alerta

O atleta guia de Samambaia Sul, Wendel de Souza, 27 anos, também não recebeu orientação sobre o surto do coronavírus, mas segue treinando normalmente para a temporada de 2020. “Independente da situação que se encontra no mundo, não podemos perder o foco de continuar a treinar por estar lá, porém ficamos preocupados dos jogos serem cancelados, porque estamos há quatro anos para chegar nesse ano e querendo ou não, ficamos apreensivos. Até porque esse ano o mundial de atletismo de pista coberta, que seria na China, já foi cancelado. Mas não podemos parar”, opina. Ele guia o paratleta Daniel Mendes, ouro em equipes no Rio-2016.

Sempre conversando

O próximo desafio do atleta guia será pelo Open Internacional 2020 de Atletismo e Natação, entre os dias 26 a 28 de março, em São Paulo. Para Wendel de Souza, a preocupação com o surto é recorrente na rotina de um atleta que viaja frequentemente. “Ontem mesmo estávamos comentando sobre o surto que vem ocorrendo no mundo. Não tem como não ficarmos preocupados, até porque vivemos em aeroportos, competições e sempre estamos com contato com pessoas de outros países“, comenta.

Procurado pela reportagem, a assessoria de comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), foi bastante evasiva.

“Por enquanto, não temos nenhum time indo pra china, portanto nenhuma recomendação”, diz a curta resposta.

Saiba mais

Funcionários do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão confirmaram que três indivíduos repatriados da cidade chinesa de Wuhan são portadores do novo tipo de coronavírus. Os três estão entre os 206 passageiros que retornaram ontem ao Japão em um avião fretado pelo governo.

Um homem na faixa dos 40 anos e uma mulher na casa dos 50 não têm sinais de infecção, mas apresentaram resultado positivo no exame viral. Outro homem na faixa dos 50 anos que disse sentir dor de garganta teve febre antes de testar positivo. O vírus não foi detectado em 201 outros passageiros.

Dois deles recusaram-se a fazer o exame. Funcionários da saúde afirmam que vão continuar tentando convencê-los a submeter ao teste.

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