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Brasília

Assaltos disparam e são maior preocupação no DF

Arquivo Geral

14/01/2015 7h00

A Secretaria de Segurança Pública tem uma tarefa árdua: reduzir a criminalidade e melhorar a comunicação entre a sociedade e a polícia nos próximos quatro anos. Entre 2013 e 2014 houve um aumento de 15% nas ocorrências policiais. Na mesma medida, os crimes contra o patrimônio apresentaram acréscimo. Os roubos de veículos aumentaram 69,1% e os a transeuntes, 61,9%. Diante disso, o novo secretário de  Segurança Pública e Paz Social, Arthur Trindade, anuncia uma série de mudanças na pasta. 

Segundo o chefe da pasta, algumas regiões têm se destacado, aparecendo em variadas naturezas criminais, como é o caso de Samambaia, Ceilândia e Taguatinga. 

O roubo de veículos foi o crime que apresentou mais elevação, passando de 4,2 mil ocorrências em 2013, para 7,1 mil em 2014 –  um saldo de 2,9 mil registros a mais. A média foi de 19 casos por dia. De acordo com Trindade, o aumento da frota  e as inovações tecnológicas voltadas à segurança veicular possibilitaram uma redução no número de furtos, elevando os roubos – quando é necessário o uso da violência. 

Os locais com maior incidência deste tipo de crime são Brasília, Ceilândia e Taguatinga.   O designer gráfico Arnaldo Miguel, de 27 anos, foi uma das vítimas deste crime. “Eu estava parado em um  semáforo de pouco movimento, às 23h de uma quarta-feira, em Taguatinga. Dois bandidos armados me renderam e tomaram o veículo. Não havia mais ninguém por perto. Felizmente não fui sequestrado. Dias depois o carro foi encontrado, completamente carbonizado, em Santo Antônio do Descoberto (GO)”, lamenta. 

Pedestres

O roubo a transeuntes também aumentou significativamente, partindo de 19,5 mil casos em 2013, para 31,6 mil no ano passado – média de 86 por dia.  Juntas, Ceilândia, Taguatinga, Samambaia, e Brasília concentram 53,7% dos registros.

Segundo o secretário, essa é uma forma de violência que impacta diretamente na sensação de segurança da população. “É um crime diferenciado do de roubo de veículos. O foco dos bandidos costuma ser os aparelhos celulares, facilmente trocados ou vendidos para comprar drogas. Um usuário de crack, por exemplo, não usa menos do que oito pedras por dia, o que faz com que tenha que conseguir pelo menos R$ 50 para sustentar o vício”, explica. 

Mais prisões por tráfico

No ano passado, houve um aumento de 11% nas prisões por tráfico de drogas no Distrito Federal. “Aproximadamente 9% das prisões foram por uso e porte de drogas. Além disso,   7% dos veículos utilizados a fim de favorecer o tráfico foram recuperados pela polícia”, aponta o secretário Arthur Trindade. As prisões foram feitas principalmente em Brasília, Ceilândia e Taguatinga. 

 

A terceira modalidade de crime com maior aumento  em 2014 foi o roubo a postos de combustível, com concentração de 58% das ocorrências em Samambaia, Ceilândia e Santa Maria. De acordo com o secretário, ao cometer este tipo de crime, os bandidos levam em consideração a localização e a movimentação do posto. Já no roubo em coletivo – assaltos no transporte público – o número de vítimas em potencial é o que atrai os criminosos. 

 Segurança inibe

De acordo com Arthur Trindade, a redução de 10% no número de roubos em comércio, passando de 2,6 mil casos em 2013, para 2,3 mil em 2014, pode ser explicada pela mudança de tática de alguns criminosos. “Eles estão preferindo assaltar transeuntes e ônibus porque não precisam se preocupar com os sistemas internos de segurança e têm uma rota de fuga facilitada”, afirma.

Mesmo com a redução deste tipo de crime, a loja em que Jacilene Fonseca é gerente, no Sudoeste, foi assaltada duas vezes no ano passado. “Um assalto foi às 17h e outro às 19h. A rua estava supermovimentada, mas isso não inibiu os bandidos. Na primeira vez eles levaram cerca de R$ 700 em espécie e, na segunda, o que havia no caixa e mais todos os celulares dos funcionários. Depois das 15h já começamos a ficar apreensivos”, conta. 

 Estupro

O estupro é outro crime que cresceu. Houve   aumento de 38,5% no número de ocorrências nos últimos dois anos, subindo de 192 casos em 2013, para 266 em 2014.  “Na Inglaterra, que possui uma série de estudos sobre a incidência de estupros, apenas três em cada dez casos são registrados. Então imagine no Brasil, que ainda nem existe este tipo de pesquisa. Sabemos que houve um aumento e que há muito trabalho a ser feito, já que esses números não retratam a realidade. Muitas vítimas ainda deixam de denunciar por constrangimento, medo, ameaça”, pontua o secretário Arthur Trindade. 

Sistema prisional

Questionado sobre o que fará para reduzir a reincidência criminal e solucionar os problemas do sistema prisional, o secretário disse que este  é um fenômeno estável. “Para que a reincidência seja reduzida ainda mais, precisamos de mudanças constitucionais”, comenta.

De acordo com ele, o sistema prisional enfrenta dois problemas atualmente: prende-se muito e prende-se mal. “Há muitas pessoas sendo presas por crimes pequenos, como pequenos furtos, e sobrecarregando o sistema. Ao mesmo tempo, ainda prendemos pouco por crimes contra a vida e violentos. Precisamos analisar novas formas de atuação”, conclui.

Dados norteiam ações

O comandante-geral da Polícia Militar, Florisvaldo F. César, chamou a atenção para o fato de a maioria das ocorrências possuírem características comuns e estarem concentradas em determinadas áreas. Segundo ele, há bairros e áreas comerciais mais visadas, como é o caso de Taguatinga, Ceilândia e Samambaia. 
“A partir do estudo das características, reforçaremos a atuação policial nessas localidades”, explicou.
 
 
Outras mudanças estão previstas. Algumas das principais medidas são a criação da Subsecretaria de Gestão de Informação e o aumento no número de profissionais responsáveis pela coleta de dados, que passará de dez para 38.
 
A estratégia, segundo o secretário Arthur Trindade, é  fazer registros mais precisos, que auxiliem no planejamento de ações do programa Pacto pela Vida, que visa, entre outros pontos, reduzir os índices de criminalidade no DF. “Será feita uma reunião, na semana que vem, para decidir quando o Pacto pela Vida passará a funcionar externamente. Internamente ele já está ativo, auxiliando na reestruturação da secretaria”, afirmou.
 Haverá uma reestruturação na Central Integrada de Atendimento e Despacho (Ciade), responsável por receber os chamados.  “Apesar da boa estrutura física, o número de funcionários possibilita atender apenas os padrões mínimos de demanda”, revelou.
 

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