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Brasília

Aprenda a fazer os polvinhos do amor

Um sábado por mês, homens e mulheres reúnem-se na Torre de TV em aulas que ensinam a confeccionar os bichinhos que ajudam bebês nas UTIs neonatais

Lindauro Gomes

22/07/2019 6h18

Projeto ajuda bebês prematuros

Bichinho de crochê auxilia a reduzir o tempo de permanência dos pequenos nas UTIs neonatais

Aline Rocha
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Em Brasília, o Projeto Octo é conhecido como Projeto Polvo de Amor e já existe há cerca de dois anos. Os voluntários, na grande maioria mulheres, produzem os polvinhos de crochê, doam e arrecadam materiais ou fazem as entregas dos animaizinhos nas maternidades da capital. Mais de 3 mil bichinhos já foram entregues em todo o Distrito Federal por meio da iniciativa 100% voluntária. Toda a renda arrecadada pelo projeto, seja por doações ou pela venda de chaveirinhos de polvo, são revertidos para a compra de materiais, como linhas apropriadas, agulhas e enchimento.

Um sábado por mês os participantes do projeto se reúnem em uma oficina gratuita na Feira da Torre de TV de Brasília para ensinar a população interessada em colaborar, coletar todos os trabalhos produzidos pelos voluntários, arrecadar as doações e finalizar os bichinhos. No último sábado aconteceu a oficina do mês de julho.

Celeste Sousa, voluntária do projeto Octo. Foto: Aline Rocha/Jornal de Brasília

Uma das voluntárias, Rosi Piáu, iniciou o projeto com Márcia Elizabeth (que faleceu este ano) e conta que como o projeto era uma novidade, na mesma semana que iniciou, foi procurar na internet matérias sobre a iniciativa. “Foi aí que vi a real necessidade e benção na vida dos bebês prematuros e veio o encantamento pela causa”, relata.

Em Brasília, a produção de polvinhos começou com Benício, o primeiro bebê beneficiado com o projeto. Sua irmã, Isadora Mafra, conta que a família estava passando por um momento muito delicado com o irmão internado na UTI e, vendo o sofrimento da mãe, decidiu ir atrás do polvinho, junto de sua avó, para trazer mais conforto para o Benício e sua mãe. “Não existia lugar que fizesse a doação aqui em Brasília, apenas fora da cidade. Como o Benício foi ressuscitado de uma parada cardíaca com dois dias de vida, nós queríamos o polvo com urgência”, explica. “Tive a ideia de ir na Feira da Torre com a minha avó, onde sempre frequentamos, porque sabia que muitas pessoas fazem crochê lá, e foi assim que conhecemos a Márcia”, complementa.

Rosi não faz os polvinhos, mas contribui com arrecadação de materiais e faz touquinhas e sapatinhos de tricô para doar para os bebês. Ela explica que o projeto é essencial na vida dos prematuras. “Pegar a veia e acessos nos pequenos é muito sofrido e o fato deles segurarem nos tentáculos e não tirarem os acessos já faz com que o tempo de UTI só diminua por isso eu sempre digo qualquer bicho ou amigurumi é um brinquedo, mas o polvinho não! É terapia e transformação”, explica a artesã.

Celeste Sousa é uma das participantes ativas do projeto e vai em quase todas as oficinas. Ela participa do processo de produção, finalização, contagem e entrega dos polvinhos. “O projeto faz bem ao corpo, faz bem à alma, faz bem ao espírito, faz bem em todos os sentidos. Os benefícios não são só para quem recebe o polvinho”, comenta a artesão. “A gente brinca aqui que são, principalmente, pra gente que faz o bichinho, porque são pontos de amor que a gente coloca em cada um deles”, afirma a voluntária.

Participação masculina no crochê

E não só de mulher se faz o projeto. Jocélio Silva é artesão e começou a participar do projeto após um convite, logo no início das oficinas, para fazer a entrega em um hospital de Brasília.

À época, ele participava das oficinas apenas divulgando nas redes sociais e, após a entrega e ver a maneira que o projeto afeta as famílias que recebem o polvinho, decidiu aprender a bordar os olhinhos e hoje colabora, também, na vistoria de qualidade dos animaizinhos. “Eu fiquei muito emocionado com o projeto e foi uma honra receber o convite. É uma coisa que eu não sei nem explicar, acho que ninguém sabe o amor que é você ver uma pessoa feliz e, além disso, saber que você está salvando uma vida”, explica, “você tá fazendo isso por amor de verdade, então a gente fica muito feliz quando vem alguém querendo aprender ou querendo doar.”

As oficinas do Projeto Polvo de Amor acontecem mensalmente, no terceiro sábado do mês, das 10h às 16h, na Praça Central da Feira da Torre de TV de Brasília. A iniciativa é 100% gratuita e, para permanecer atendendo todas as maternidades, o projeto precisa de novas mãos para produzir os polvinhos de crochê. É possível colaborar das seguintes formas: doando linhas para crochê 100% algodão; doando enchimento de fibra de silicone; doando agulha de crochê nº 1,75 e nº 2,50; doando tempo e trabalho; ou comprando um chaveiro de polvinho.

Para mais informações, basta entrar em contato com o projeto por meio do telefone (61)98210-5949, pelo Instagram @projetopolvodeamortorredetvdf ou pelo Facebook Projeto “Polvo de Amor”. 

Saiba mais

Originado na Dinamarca em 2013, o Projeto Octo foi criado por uma blogueira do país para ajudar na recuperação de prematuros nascidos em UTIs Neonatal do país.

Com o tempo, a ação foi se expandindo e chegou com força no Brasil. Hoje, diversas pessoas colaboram com o projeto voluntariamente, fazendo polvinhos de crochê.

A cabeça do bichinho, feito pelas mãos do artesão, relembram a placenta da mãe e os tentáculos são uma referência ao cordão umbilical. Quando o bebê entra em contato com o animalzinho, sente a aproximação com o útero materno pela semelhança.

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