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Brasília

Aplicação de multas no aeroporto de Brasília gera reclamação de usuários

Arquivo Geral

17/01/2018 7h00

Atualizada 16/01/2018 21h57

Foto: Gabriel Jabur

Rafaella Panceri
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Seja por desorganização do trânsito, por culpa clara do motorista ou por confusão quanto às regras, quem precisa utilizar a plataforma superior do Aeroporto Internacional de Brasília paga um preço alto quando a polícia interpreta haver flagrante de estacionamento irregular. Em vias semelhantes, o Código de Trânsito permite a parada apenas para saída ou entrada dos passageiros nos veículos, mas não determina um limite de tempo. No Artigo 47, a lei estabelece: “a parada deverá restringir-se ao tempo indispensável para embarque ou desembarque, desde que não interrompa ou perturbe o fluxo de veículos ou a locomoção de pedestres”.

No entanto, quem utiliza a plataforma com frequência, como motoristas de táxi e de aplicativos, reclama da falta de tolerância por parte da Polícia Militar. A corporação nega excessos e garante que os agentes aguardam por mais tempo quando há retirada das bagagens e desembarque de passageiros idosos e com necessidades especiais. Além disso, assegura que os militares optam primeiro por orientar os motoristas, principalmente em horário de pico.

“Intolerância”

Para o motorista Wanderson de Souza Ribeiro, 30, ir ao aeroporto é sinônimo de transtorno. Em dezembro passado, ele recebeu uma multa, no valor de R$ 130, por estar ausente do veículo, atitude considerada estacionamento. “Às vezes a gente precisa ajudar a pessoa com as malas. Não é do nosso interesse ficar parado aqui”, argumenta. Assim como outros motoristas, ele se queixa da falta de bom senso. “Eles deveriam observar a situação toda, ver em que contexto aquela pessoa está parada ali”, sugere.

Presidente da associação de motoristas por aplicativo, Bismarck Konrad Hegermann revela que a categoria solicitou imagens da plataforma à concessionária Inframerica para tentar anular algumas multas. “Olhamos os horários da aplicação e pedimos imagens de cinco minutos antes e depois do registro, via judicial. Se conseguirmos provar que a cobrança foi injusta, vamos usar como provas e recorrer. Mas agora, é a nossa palavra contra a deles”. Para ele, não é caso de perseguição. “É falta de bom senso e de coerência. Qualquer pessoa está passível de ser multada. Mas, como a demora fica a cargo do policial, ele tem o poder de fazer o que quiser”.

Foto: Gabriel Jabur

Limite de tempo relativo

Definir um limite de tempo para embarcar e desembarcar seria uma solução, na opinião de Bismarck Konrad Hegermann. “As coisas ficariam mais claras”, considera o presidente da associação de motoristas. “Em vez de orientar para melhorar o fluxo, eles ficam com a caderneta multando. Pela manhã, a plataforma fica um caos”. Ele relata o caso de um motorista multado, no ano passado, quando auxiliava um passageiro a se acomodar. “Ele estava em uma cadeira de rodas. É claro que iria demorar”, diz.

O taxista Anderson Guerra, 28, acredita em uma “indústria da multa”. “Somos multados só por encostar. Quando a pessoa demora, o policial tem todo o direito de multar, mas às vezes o tempo de parada é de minutos. Só neste ano, já recebi duas multas”, relata.

A PM tem uma visão diferente. Para a corporação, os motoristas precisam mudar de atitude. “O local é sinalizado, mesmo assim os condutores insistem em estacionar ao longo da plataforma. Muitos pensam equivocadamente que a presença do motorista dentro do carro descaracteriza o estacionamento”, informou, em nota. Segundo a PM, os policiais orientam sobre o uso da plataforma. Muitos evitam multar e aconselham os condutores, que “na maioria das vezes desconhecem as leis”.

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