Menu
Brasília

Aos 60, a dupla batalha de Iracira pela vida

Recém diagnosticada com câncer de pulmão, mulher se recupera da covid-19 após 10 dias de tratamento

Redação Jornal de Brasília

17/12/2020 7h45

Mayra Dias
[email protected]

A esperança de vencer a covid-19 nasce de histórias como a de Iracira Lúcia Soares. Aos 60 anos de idade, e recém diagnosticada com um câncer no pulmão, ela encontrou força para lutar contra o vírus que já tirou inúmeras vidas. “Minha mãe superou todas as nossas expectativas com relação ao tratamento”, conta, com satisfação, Felipe Soares, de 29 anos, filho da paciente.

Após 10 dias de tratamento, e em meio às lágrimas e sorrisos, Iracira só consegue demonstrar gratidão. “Eu só tenho a agradecer. A cada dia melhoro mais”, conta a mulher que chegou ao sétimo andar do Hospital de Base de Brasília (HBDF), onde é oferecida a reabilitação para os pacientes de covid-19, no dia 6 de dezembro. De acordo com os médicos do hospital, a paciente estava quase sem fala e com os seus movimentos reduzidos. “Meus movimentos melhoraram e a minha tosse também. A fisioterapeuta tem me ajudado muito”, completou a senhora. Iracira fazia o tratamento do câncer, descoberto em novembro, na unidade hospitalar quando descobriu a contaminação pelo vírus.

“Ela começou a ter os sintomas da covid-19 no dia 1º de dezembro. No dia 3, o resultado atestando positivo saiu”, relembra Felipe. Assim como outros internados neste andar, que conta com 15 leitos, Iracira é atendida por enfermeiros, técnicos de enfermagem, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais.

Depressão

“Ela passou por um momento de muita depressão e dificuldade em relação ao diagnóstico do câncer associada à sobrecarga da covid-19”, conta Viviane Wesgueber, fonoaudióloga e integrante da equipe que cuida de Iracira. “A paciente chegou com alteração da fala e o trabalho da fonoaudiologia foi fundamental para que ela voltasse a se comunicar bem. Hoje podemos ver ela sorrindo e com expectativa de melhor qualidade de vida”, completa a profissional.

Também responsável pelo tratamento de Iracira, a fisioterapeuta Thília Cerqueira explica que, para o caso, foi necessário um processo bem específico. “Foi um atendimento bem complexo. Trabalhamos tanto a parte motora quanto a respiratória. A gente vai tentando evoluir de acordo com as queixas do paciente”, explicou. “Se ela relata cansaço, falta de ar ou fraqueza muscular, tentamos melhorar tudo isso, diminuindo o tempo de internação e melhorando a funcionalidade dela, que por ficar muito tempo internada, pode ter a sua independência reduzida”, finaliza a especialista.

“Eu faço todas as refeições certinhas. Os médicos do hospital me visitam todos os dias e sempre que preciso. Estou sendo muito bem tratada e recebendo apoio de todos à minha volta”, afirma Iracira sobre sua experiência como paciente no sétimo andar. “Já estou me sentindo muito melhor do que estava Sem cura para doença, batalha é para adiar transplante antes”, completou, animada, a paciente. Para o filho Felipe, a mãe nasceu de novo. “Ela teve muita sorte, reagiu muito bem ao vírus”, conta. “A gente tem sentido muita firmeza e muita confiança com relação aos seus resultados. Estamos bem felizes e ansiosos pela próxima conquista, a próxima melhora”, acrescenta o rapaz.

Interação entre as doenças

De acordo com o oncologista cirúrgico, Dr. Gustavo Gouveia, Iracira é, infelizmente, uma exceção. “Como o câncer de pulmão já compromete a capacidade respiratória do paciente, isso tende a agravar a infecção pelo Sars-CoV-2, agente da covid-19 ”, informa o profissional. Ele explica que, neste tipo de câncer, a proliferação das células cancerosas substitui o tecido pulmonar saudável por um que não consegue realizar as trocas gasosas necessárias para a sobrevivência, colocando a pessoa em risco.

O especialista explica ainda que, para a recuperação de pacientes oncológicos infectados pelo vírus, é necessário realizar o tratamento cedo, e que sua eficiência irá depender de como as duas doenças irão ‘interagir’ no corpo do indivíduo. “A recuperação depende não só do câncer nem do vírus, mas da interação de ambas as doenças com a capacidade imunológica e funcional da pessoa”, afirma Gustavo.

Cai média móvel de mortes

Ontem, o Distrito Federal registrou três óbitos em decorrência da covid-19 – duas mulheres e um homem de idades variantes entre 70 e 80 anos ou mais. Eles residiam no Gama, Lago Sul e Plano Piloto e estavam internados nos Hospitais Regional do Gama e Santa Helena. Todos possuíam comorbidades, o que pode ter agravado o quadro de saúde dos pacientes. As informações são do Boletim Epidemiológico da SES/DF.

A média móvel de mortes por covid-19 manteve-se menor ontem no DF, registrando diminuição de cerca de 21,6% em relação aos dados registrados há duas semanas. Em relação ao índice registrado na última terça-feira (1º), no entanto, houve crescimento em 50% na quantidade de óbitos. A variação foi de 21,6 pontos percentuais, o que indica instabilidade negativa, uma vez que a diferença foi acima de 15%.

Ontem, 531 novos casos foram computados pela Secretaria de Saúde do DF (SES/DF) – número 6,2% menor que há duas semanas. O dado demonstra diminuição de 5,7 pontos percentuais menor em relação aos registrados na última terça-feira (1º).

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado