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Brasília

Amor pelas pessoas em situação de rua que passam fome e frio

Projeto local faz rifa e vaquinha on-line para comprar cobertores, alimentos e kits de higiene

Pedro Marra

09/06/2020 6h49

Projeto arrecada dinheiro para doar cobertos a pessoas em situação de ruaFotos: reprodução/Instagram

Para doar cobertores a pessoas em situação de rua, o projeto Unidos por Amor está vendendo rifas no valor de R$ 15,30. O prêmio é uma cesta recheada de doces, salgados e bebidas — um presente para o Dia dos Namorados — a ser sorteada em transmissão ao vivo pelas redes sociais do projeto às 18h da próxima quinta-feira (11), véspera da data especial.

As doações serão feitas no Núcleo Bandeirante, Asa Norte, Águas Claras, Guará, Rodoviária do Plano Piloto e Taguatinga.

A organizadora da ideia é a auxiliar de faturamento Júlia Gabriella Araújo Castro, 22 anos. Segundo ela, as entregas serão feitas no primeiro fim de semana de julho.

A iniciativa arrecada também doações em dinheiro para montar kits de higiene e alimentação para pessoas em situação de rua; para esta, a data limite da vaquinha on-line é dia 25 deste mês.

“Cada uma das meninas [participantes] mora em um bairro; elas ficaram encarregadas de observar pontos de concentração dessas pessoas vulneráveis. Inicialmente, eu pensei no Núcleo Bandeirante, porque é onde moro e tenho contato diariamente com essas pessoas, mas localizei outras pessoas próximo ao Taguaparque, Rodoviária Interestadual, algumas quadras da Asa Norte. Seguimos procurando, pois tudo vai depender das doações que alcançarmos. Por enquanto, nosso foco são esses lugares, mas, se alcançarmos muitas pessoas, vamos expandindo”, explica.

Ela conta o que motivou o grupo a criar o projeto no último mês. “Nosso grupo de amigas sempre quis fazer ações sociais. Decidimos em dezembro do ano passado que em março iríamos começar esse grupo. Aí bem em março veio a pandemia e deixamos de lado. Só que no fim das minhas férias começou o frio, e tinha mais de seis pessoas em situação de rua embaixo da minha janela, todos com muito frio e fome. Pensei em comprar uma barraca para eles, e disso pensei no cobertor. Aí lembrei do grupo, chamei as meninas, e em menos de uma semana formamos várias ideias, fomos pedindo ajuda para os nossos amigos e formando o projeto”, relembra.

O projeto é composto por sete participantes. Uma dessas pessoas é a cantora Talita Cecílio, 22 anos. Ela diz que o grupo se organiza para saber quem vai entregar os cobertores — por alguns terem pessoas em casa que fazem parte do grupo de risco da pandemia do novo coronavírus.

“Estamos tomando todos os cuidados necessários para que ninguém corra riscos. Mas nossa prioridade são os cobertores. Durante a entrega, estaremos todos com álcool em gel para nosso próprio uso e também para quem for receber os cobertores. Acho que a pandemia acabou reforçando a situação de vulnerabilidade dessas pessoas”, comenta a artista.

A cesta de presentes para o Dia dos Namorados já tem parcerias escolhidas. Uma delas é fisioterapeuta e empresária Rafaela Bocchino, 38 anos, que ficará a cargo de fazer um bolo caseiro. Ela se sente agradecida por estar envolvida com a ideia.

“A sensação é sempre a melhor possível; o exercício da solidariedade e amor ao próximo deve existir em todas as esferas sociais. Já fiz muitos bolos para amigos e parentes próximos, e sempre recebi um retorno positivo. É algo que me motiva até hoje a adoçar a vida das pessoas”, opina a empresária.

Outra participante é Déborah Costa, 26 anos, dona do Bike Donuts, que vende por delivery usando uma bicicleta. Ela, que vai contribuir com oito donuts sortidos para a cesta, trabalha junto do marido, Jorge, e relata que foi convidada por Júlia por já se envolver com causas sociais.

“Tanto de animais em situação de maus-tratos, quanto de pessoas em situação de rua. Recentemente, fizemos parte de doações que estavam sendo arrecadadas para ajudar essas pessoas a passarem por essa pandemia de forma mais digna e higiênica. Agora temos a oportunidade de contribuir não apenas com doações de mantimentos, mas como nosso trabalho”, vibra.

Alerta: “o ar vai ficar mais seco e frio”

As pessoas em situação de rua que vão receber as doações enfrentam o frio — justamente pelas baixas temperaturas do outono — e a fome diariamente.

O meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Olívio Bahia, informa que, até quinta-feira que vem, o tempo no Distrito Federal não deve mudar significativamente: com máxima entre 25 graus e 27 graus, e mínima de 12 graus a 14 graus, a depender da localidade do DF.

“De qualquer forma estamos caminhando para o final do outono e o início do inverno [no dia 20 de junho]. O ar vai ficando mais seco, o que gera problemas respiratórios. A umidade do ar fica mais baixa, a atmosfera mais poluída, e o ar mais frio. Vemos que a temperatura não chega a 30 graus tão fácil. Imagina quem está na rua — que tem dificuldade de adquirir esses produtos —, sem agasalho, passar um aperto desses”, analisa.

Segundo o especialista, o frio deve ser comum até a primavera. “Quando entra uma massa de ar um pouco mais fria, as temperaturas ficam mais baixas. A temperatura chegou a 6 graus em alguns pontos do Entorno do DF nos últimos dias. Atualmente, a temperatura está na casa de 15 graus, 12 graus. Se tiver vento, para quem está na rua é um Deus nos acuda. A campanha é importante por conta disso”, reconhece.

“Promover o bem”

Para a empresária Rafaela Bocchino, a solidariedade “não deve ficar limitada a alguns setores”. “Todos devemos nos unir para promover o bem, principalmente para as camadas mais baixas da sociedade”, resume.

Como participar?

A vaquinha ou a rifa podem ser acessadas no link. Quem quiser mais informações ou conhecer melhor a ideia, pode conferir mais detalhes no Instagram do projeto.

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