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Brasília

Amigos pede punição justa para o responsável pelo atropelamento de jovens

Arquivo Geral

01/05/2017 6h30

Foto: Myke Sena

Jéssica Antunes
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“Ocara rouba um carro, acelera a mais de cem quilômetros por hora, arranca um bloco de concreto, manobra para cima das pessoas e não teve intenção de matar? Queremos justiça!”. A indignação é de um sobrevivente do atentado que vitimou dois jovens após confusão em uma festa no Jardins Mangueiral, na madrugada de sábado. O suspeito é Fernando Salvador Souza Rodrigues, que completou 18 anos em janeiro deste ano, não tinha habilitação e responde por homicídio culposo (quando não há intenção de matar). Amigos protestaram por punição mais severa em delegacia.

Reprodução/Facebook?

Reprodução/Facebook?

A festa ocorria na casa de Daniel Barreto, 28 anos, uma das vítimas e dono do carro que o matou. Ao fim da confraternização, Douglas Araújo, 21 anos, a outra vítima, sentiu falta do celular. “A festa, que era íntima, fugiu do controle. Cada um chamou amigos, que chamaram outros. Vi quando eles foram atrás do grupo para recuperar o celular. Nunca imaginei que aquelas pessoas que estavam na casa do meu amigo pudessem matá-lo”, contou Natália Costa, estudante de 27 anos. Segundo ela, não havia drogas ali, apenas álcool.

A testemunha sobrevivente, que pediu para não ser identificada, contou que eles chegaram a ligar para todos os convidados perguntando sobre o telefone, e foram de carro atrás do grupo desconhecido. Douglas teria identificado o aparelho com uma dessas pessoas e, após discussão, desencadeou uma agressão por parte de dez pessoas que compunham o grupo. Naquele momento, Fernando teria entrado e fugido com o veículo de Daniel, que teria deixado a chave na ignição durante a confusão.
A testemunha relata que, até então, os dois amigos estavam bem e não ficaram com ferimentos graves depois da agressão. “Eu os coloquei sentados no meio-fio. Foi aí que o cara pegou o carro, fez a o retorno e acelerou na nossa direção com toda velocidade. Como eu estava em pé, consegui desviar, mas os meninos não conseguiram nem se mexer”, lamentou.

Preso quando assistia TV

Douglas morreu na hora. Daniel chegou a ser socorrido pelos bombeiros, mas morreu depois de 30 minutos. Após atingir a dupla, o suspeito abandonou o carro e fugiu do local.
Fernando foi localizado em casa, no mesmo condomínio onde acontecia a festa. Ele tinha trocado a bermuda, que estava suja de sangue, e estava sentado vendo televisão quando os policiais chegaram. O rapaz confessou o crime e foi levado, preso, à 6ª DP, no Paranoá.
Na manhã de ontem, cerca de 20 amigos das vítimas se reuniram na frente da unidade. De branco, eles fizeram um ato silencioso pedindo por uma tipificação mais rigorosa. “Estamos indignados. O atropelador era maior, não tinha carteira de habilitação, omitiu socorro, furtou um carro e acelerou o máximo que podia, tirou a vida de duas pessoas e não tinha intenção? Claro que tinha!”, bradou Gilberto Júnior, amigo de uma das vítimas.
Carioca e mineiro
Natural do Rio de Janeiro, Daniel Barreto mudou-se para Brasília há alguns anos. Estava no sexto semestre de Direito da Universidade Paulista (Unip). Os amigos o descrevem como alegre, de bem com a vida e cheio de planos para o futuro. “Barreto era uma pessoa incrível. Bem-humorado, com muita vontade de viver e muitos planos. É difícil acreditar que ele se foi”, lamentou uma colega. O corpo velado na capital fluminense.
Douglas Araújo também veio de fora. Mineiro de Buritis, participava de projetos sociais e estava no quinto semestre de Enfermagem no UniCeub. “Ele sempre foi muito alegre. Era aquele que não deixava ninguém ficar triste. Não dá para acreditar no que aconteceu. Resta a tristeza”, queixou-se um amigo da faculdade. O rapaz foi sepultado em sua terra natal ontem.

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