O secretário da cultura, Roberto Alvim, afirmou, no início da tarde desta sexta-feira, 18, que colocou o cargo à disposição do presidente Jair Bolsonaro. A declaração foi feita em redes sociais.
Fontes do Palácio do Planalto, no entanto, afirmam que Alvim já foi comunicado da decisão do presidente demiti-lo. Na avaliação de governo, a situação estava “insustentável” e as falas do secretário com referências do ideólogo nazista Joseph Goebbels foram consideradas “inaceitáveis”.
Entenda
Em vídeo em que anuncia o Prêmio Nacional das Artes, o secretário de Cultura, Roberto Alvim, ao som de Wagner, cita textualmente trechos de um discurso do ideólogo nazista Joseph Goebbels.
“A arte brasileira da próxima década será heróica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”, diz Alvim no vídeo.
“A arte alemã da próxima década será heróica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”, disse Goebbels em pronunciamento para diretores de teatro, de acordo com o livro Goebbels: a Biography, de Peter Longerich.
O texto lido por Alvim em tom solene e pausado é bem mais longo, com outros trechos claramente inspirados pela ideia copiada de Goebbels. A peça de Wagner escolhida por secretário é um trecho da ópera Lohengrin, de Richard Wagner, que Hitler disse em sua autobiografia ter tido importância capital em sua vida.
Em sua longa fala, Alvim diz que a cultura sob Bolsonaro terá inspiração nacional, religiosa. “Trata-se de um marco histórico nas artes brasileiras”, diz ele, sobre o prêmio.
“2020 será o ano de uma virada histórica. 2020 será o ano do renascimento da arte e da cultura do Brasil”, encerra
Estadão Conteúdo.