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Brasília

Ajuda em Samambaia após temporal continua, mas há críticas sobre telhas

Arquivo Geral

24/10/2016 7h00

Atualizada 23/10/2016 21h32

Elaine recusou as telhas do governo, pois, segundo ela, eram de péssima qualidade (Foto: Kleber Lima/JBr)

Jéssica Antunes
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O Governo de Brasília estima que 90% das mil residências afetadas pela tempestade em Samambaia estão recuperadas após distribuição de mais de três mil telhas. Pela cidade, no entanto, sobram críticas à qualidade dos materiais doados pelo Estado. Alguns moradores se recusaram a receber. Outros, sem alternativa, aguardam que a promessa seja cumprida. Enquanto isso, as lojas de materiais de construção se dividem entre aumento de preços e promoções.

“A telha que queriam nos dar é muito fininha, daquelas que um gato pode trincar. Não adianta colocar. Se a ventania levou as grossas, essas é que não vão nos proteger das outras chuvas”, reclamou Eliane Pereira, auxiliar de serviços gerais, de 44 anos. Ela ficou com a casa destelhada e a porta quebrada pelas pedras que voaram durante a tempestade, que levou pânico à cidade.

Segundo a SSP, entre 25 e 30 famílias não aceitaram a doação, pois o tamanho das telhas não era compatível com o telhado.

Trauma

Eliane tirou do bolso R$ 285 por sete telhas. “Era o dinheiro que eu tinha para comer, mas não podia ficar sem teto ou correr o risco de desabar tudo outra vez”, contou. Se dizendo traumatizada, a moradora garantiu que agora foge ao ouvir a chuva. “Quando começou a pingar de novo, saí correndo com minha filha no colo. Cheguei a dormir no serviço. Estou com medo”, admitiu.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP), no entanto, afirma, por meio de nota, que as telhas são padronizadas e de boa qualidade. Segundo a Secretaria de Segurança, entre 25 e 30 famílias não aceitaram a doação, pois o tamanho das telhas não era compatível com o telhado já existente em suas casas

Na madrugada de quinta-feira, os moradores de Samambaia foram surpreendidos por uma tempestade com ventos 60km/h. Segundo a Defesa Civil, 1.280 residências foram atingidas, especialmente com destelhamentos, e 832 foram recuperadas até ontem.Segundo as contas do governo, 120 moradias ainda precisam de reparo e oito estão interditadas por problemas estruturais. Cerca de 250 casas ainda precisam ser vistoriadas.

Ainda tem gente esperando

Geraldo Brito se emociona ao falar do pânico que sentiu no momento da tempestade. Cardíaco, recém-operado e usando aparelho para surdez, o idoso, de 76 anos, chora. “Foi horrível”, definiu. Na manhã de ontem, os filhos tentavam consertar um pouco do estrago, mas ainda estavam à espera das prometidas telhas. “Não temos dinheiro para comprar. Temos que esperar. Mesmo sendo ruim, é melhor do que nada”, disse o aposentado. A promessa era que os materiais seriam entregues até sábado, mas isso não ocorreu.

Com aproximadamente mil edificações destelhadas, as lojas de materiais de construção aumentaram as vendas e, algumas, os preços. O aumento médio foi de 30% nas redondezas das áreas mais afetadas. Alguns empreendimentos chegaram a ficar desabastecidos. Em compensação, há comerciantes com preços e condições diferenciadas com entrega grátis para a região atingida pela ventania de quinta-feira última.

Mais de 1,3 mil pessoas se cadastraram e passarão por avaliação para terem direito ao benefício social de até seis pagamentos de R$ 408. O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), na quadra 419 de Samambaia Norte, é o ponto de retirada do material fornecido pelo governo.

Saiba mais

Empresários e cidadãos que quiserem fazer doações para os afetados pela tempestade devem entregar donativos no ginásio de esportes, no Setor Urbano, Quadra 301, em frente à administração regional.

A distribuição, segundo o GDF é feita após triagem das necessidades de cada morador.

O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) mobilizou 200 agentes, que trabalharam na retirada de 25 caminhões de lixo e de entulho.

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