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Brasília

Aberta a temporada de corrida às papelarias

De acordo com o presidente do Sindicato das Papelarias do Distrito Federal (Sindipel/DF), José Aparecido, a previsão é que haja um crescimento de cerca de 5% nas vendas em comparação com 2019

Vítor Mendonça

14/01/2020 5h02

Compras de materiais escolares no DF. Ana Paula da Cruz, 36, Arthur Hermes, 42, Augusto, 5, Alvaro 1. Foto: Vitor Mendonca/Jornal de Brasilia Data: 12-01-2020

Antes do período letivo das escolas públicas e privadas, pais, mães e responsáveis começam a busca por materiais didáticos e de papelaria para estudantes do Distrito Federal. Nesta época, a busca por descontos e a briga por um espaço no orçamento para atender às demandas são comuns.

De acordo com o presidente do Sindicato das Papelarias do Distrito Federal (Sindipel/DF), José Aparecido, a previsão é que haja um crescimento de cerca de 5% nas vendas em comparação com 2019. “Esse aumento é em decorrência da distribuição do Cartão Material Escolar, que este ano vai distribuir R$ 30 milhões para famílias contempladas pelo Bolsa Família”, afirmou o também economista.

Ainda segundo José, 10% das compras de materiais escolares costumam ser feitas em dezembro, 30% na primeira quinzena de janeiro e os outros 60% na outra metade do primeiro mês e início de fevereiro. “Eu recomendo que as compras sejam feitas o quanto antes. O grande movimento pode afetar o estoque de materiais, o que pode aumentar o preço dos produtos”, aconselhou.

Esta é a oportunidade de aproveitar o período de férias para as compras, mas também de muita atenção aos gastos. O desafio é equilibrar a balança entre agradar os pequenos, manter as contas com o saldo positivo, e arcar com a lista de materiais escolares solicitados pela instituição de ensino.

Em decorrência de um passado de recursos mais escassos, a bancária Ana Paula Cruz, de 36 anos, e o Bombeiro Militar Artur Ermes (foto), 42, confessaram ao Jornal de Brasília que a liberdade para que o filho Augusto, 4, escolha o material que usará nas aulas é maior. “Nós deixamos ele bem à vontade para escolher o que quer até para dar um estímulo maior para ir à escola. Mas não podemos deixar de considerar os preços, claro”, afirmou a matriarca. A meta é não ultrapassar R$ 500.

Com relação à lista de materiais estipulada pela escola, a bancária ressalta a diferença em comparação à época em que até papel higiênico era solicitado, quando materiais de uso coletivo ainda eram permitidos na listagem. “Fiquei espantada porque onde ele estuda, o que não foi utilizado foi devolvido. Não é uma lista de coisas absurdas”, comentou.

Livros pesam no bolso

Entre lápis de cor e massinhas de modelar, o professor de artes Zander e a dona de casa Tatiane Moreira, de 37 e 36 anos, respectivamente, precisam achar o meio-termo entre os novos desejos da filha Isabelle, 6, e o orçamento planejado. “A gente procura equilibrar entre o que ela quer e aquilo que está mais em conta. Às vezes algumas coisas que a gente percebe que dá, cedemos; já outras não. Nunca pegar nada muito caro, mas também que não fujam muito dos desejos dela”, relatou o educador.

Para Zander, que leciona na rede pública de ensino do DF, a lista de materiais está mais enxuta nos últimos anos. No entanto, segundo Tatiane, o que mais pesa no bolso são os livros didáticos elencados. “Estão com o preço muito alto e a gente percebe que está cada vez mais caro”, protestou a matriarca. “Somando tudo deu mais de R$ 1 mil para uma criança que vai começar a estudar no 1º ano do fundamental. Fora os livros para-didáticos, que aumentam as despesas em pelo menos 10%”, continuou.

Planejamento ajuda a economizar

Apesar de estarem fazendo as compras escolares de materiais nesta época, Tatiane e Zander afirmam que costumam procurar papelarias ainda no ano anterior. A intenção, segundo Tatiane, é economizar. “Percebo que nesta época do ano, querendo ou não as coisas começam a ficar mais caras. Não esperávamos gastar tanto e este ano compramos menos materiais e a conta saiu maior que a do ano passado.”

Na visão do professor de artes, pelo fato das listas estarem mais “enxutas”, os educadores precisam ter criatividade ao lecionar. “A limitação é o instigador da curiosidade. Com ela você consegue pensar em coisas diferentes. O acesso irrestrito limita a capacidade de criação. Mas escola também precisa ajudar o professor e o aluno”, comentou.

De acordo com o educador financeiro Rogério Olegário, para manter a planilha no verde, a melhor opção é preparar uma provisão para os gastos futuros. “A saída (para não extrapolar o orçamento) é, antes de tudo, planejar o que fazer com o dinheiro antes de recebê-lo. É preciso um planejamento bastante detalhado sobre o que será feito. Anotar o que gastou não adianta porque não há mais ação sobre esse dinheiro”, afirmou.

Rogério ainda destaca que o pulso firme com os filhos é essencial para que sejam saudáveis tanto os gastos com o dinheiro quanto a criança. “Os recursos precisam ser cuidados, e não controlados. A partir da alfabetização, as noções de dinheiro para os filhos já podem ser colocadas”, orientou. “Eles devem ser ensinados sobre o cuidado com as próprias coisas e assim terão cuidado com o dinheiro também. De toda forma, a palavra final precisa vir dos pais.”

Procon orienta

A partir da Lei nº 9.870/99, decretou-se a proibição de cobrança de materiais de uso coletivo por instituições de ensino brasileiras. Se o fizer, pais, mães e responsáveis poderão denunciar e reclamar pelo Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), uma vez que é considerada uma prática abusiva.

“A partir dessa denúncia, o Procon imediatamente tem a obrigação de autuar esse colégio para que a instituição se explique”, afirmou o advogado de direito civil e do consumidor, Rafael Klier. “Se for constatado que de fato estão sendo feitas cobranças de materiais de uso coletivo, o órgão provavelmente aplicará uma multa de acordo com o tamanho do colégio, número de alunos, capacidade, financeira, etc”, continuou o especialista

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