Imagine a cena: um cidadão magro, de camiseta simples e capacete amarelo meio de lado, caminha tranquilamente com as mãos no bolso. Ao lado dele, um político típico — daqueles de desenho animado: engravatado, gravata roxa, charuto na boca, olhos esbugalhados e, claro, um enorme rabo de rato saindo da calça. Estão no maior papo.
O cidadão comenta, meio desanimado: “O trabalhador deixa de receber vários benefícios…”
O político rebate, sem nem olhar: “Tô nem aí.”
Mas aí vem a bomba: “Sem contar o impacto negativo na arrecadação do governo.”
E o político, que até então andava com a cara de quem não paga café nem pra sogra, se desespera: “Aí, não pode!”
É nesse clima que a pejotização se espalha no Brasil como moda de verão: leve, informal e… perigosamente quente. A ideia parece simples — e até charmosa: transformar trabalhadores em “empresas” para prestar serviço como se fossem autônomos. Na prática? É como trocar o crachá por um CNPJ e descobrir que você continua com todas as obrigações, mas com zero dos direitos.
Segundo dados recentes, o número de MEIs (Microempreendedores Individuais) disparou, especialmente entre jovens. Muitos entram nessa buscando liberdade, renda maior e flexibilidade. Mas o que encontram é um ambiente onde férias remuneradas, 13º salário, licença médica e FGTS viram lenda urbana.
E por que isso virou febre? Porque, claro, para as empresas e certos políticos (com ou sem rabo de rato), é um ótimo negócio: menos encargos, mais controle e… menos impostos. O problema é que isso afeta não só o trabalhador, mas também a arrecadação do Estado — e aí o político esperto muda de expressão na hora.
Como dizem por aí: quando é o trabalhador que perde, tudo bem. Mas se for o governo que deixa de arrecadar? Aí sim, vira escândalo.
No fim, a pejotização virou o clássico combo brasileiro: um prato cheio pra quem já come bem, e mais conta pra quem já tá no débito automático da vida.