Numa sala opulenta, onde os lustres pendem como joias gigantes, dois políticos, visivelmente desconfortáveis em suas cadeiras ornamentadas, engajam-se numa conversa que soaria cômica, não fosse tragicamente real.
— Devemos culpar os desastres climáticos! — exclama o primeiro, ajustando o nó da gravata como se isso fosse apertar sua convicção.
O segundo, com uma expressão que mistura perplexidade e um desejo profundo de estar em qualquer outro lugar, responde: — Desastres o quê? Isso é algum novo tipo de comida?
O primeiro, momentaneamente atordoado pela resposta, recupera-se: — Não, homem! Desastres climáticos! Tempestades, enchentes, secas devastadoras… Aquelas coisas todas que acontecem quando o tempo decide virar nosso inimigo.
— Ah! — exclama o segundo, como se uma lâmpada imaginária acendesse acima de sua cabeça. — Mas isso não é só coisa de filme? Temos que culpar essas coisas agora?
— Sim, é perfeito! Quando algo der errado, nós simplesmente apontamos para o céu e dizemos que é culpa do clima. Assim, não precisamos fazer nada realmente!
— Entendi… E se perguntarem o que estamos fazendo a respeito?
— Dizemos que estamos formando comissões, realizando estudos, incentivando debates… — responde o primeiro, com um sorriso malandro.
— E isso vai funcionar?
— Claro que sim! Até lá, já teremos outra desculpa preparada. Talvez possamos culpar os alienígenas na próxima vez!
Os dois caem na gargalhada, como se tivessem acabado de ouvir a piada mais engraçada do mundo. Afinal, em um universo paralelo onde a responsabilidade é um mito e a seriedade um fóssil, a política é apenas outro nome para o teatro absurdo.