Imagine a cena: duas pessoas caminhando, jogando conversa fora. Uma delas, com o celular na mão, diz animada:
— “Ainda Estou Aqui” recebeu indicação de Melhor Filme no Oscar!
A outra, já calejada da vida, manda na lata:
— Se o Trump não proibir filmes estrangeiros até a premiação…
E aí está o resumo perfeito do dilema: o Brasil finalmente brilha no Oscar, mas sempre tem aquele medo de que alguma coisa dê errado. Afinal, se o Trump já quis barrar até gente, quem garante que ele não ia olhar pra um filme legendado e dizer: “Nope, English only!”?
“Ainda Estou Aqui” é um baita filme brasileiro, cheio de emoção, história e atuações de arrepiar. Mas, olha só, imagina o diretor chegando nos EUA todo orgulhoso, passaporte na mão, e o agente da imigração perguntando:
— Qual o motivo da viagem?
— Meu filme foi indicado ao Oscar!
— E é em inglês?
— Não, é em português, mas tem legenda…
— Próximo!
O título do filme já parece uma mensagem direta pra essa situação, né? “Ainda Estou Aqui”, insistindo, mesmo com as barreiras. Se bem que, do jeito que as coisas vão, o diretor podia ter chamado o filme de “Ainda Estou Aqui… na fila da imigração”.
Mas brincadeiras à parte, é engraçado pensar que, enquanto Hollywood tenta abraçar o mundo, sempre tem aquele receio de alguém aparecer e dizer: “Ah, não, muito estrangeiro pra um Oscar só!”. Se fosse assim, “Parasita” nunca teria levado a estatueta, e o único filme estrangeiro permitido seria um documentário sobre hambúrgueres.
Então, fica a torcida: que o cinema brasileiro continue brilhando, que ninguém invente de proibir legendas, e que “Ainda Estou Aqui” leve o Oscar pra casa. E, se não levar, pelo menos já garantiu um bom roteiro pra sequência: “Ainda Estou Aqui 2 – Perdido no Aeroporto”.