Imagine Bolsonaro encontrando Lula com um reluzente relógio de ouro no pulso que ganhou anos atrás no primeiro mandado do presidente petista: “Ué, se ele pode ficar com o presente, por que eu não posso?”, ele deve pensar, lembrando das joias que recebeu e que agora são alvo de investigação.
A história é a seguinte: em julho, Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal por receber presentes valiosos, como joias, de autoridades estrangeiras, sem registrar esses itens na Receita Federal e, depois, vendê-los. Esse caso causou bastante polêmica sobre o que é ou não permitido para um presidente.
Nesta semana, o TCU decidiu que Lula pode manter um relógio de ouro que ganhou em 2005, durante seu primeiro mandato. Os ministros concluíram que, sem uma lei específica que defina o que é de caráter “personalíssimo” e de alto valor, o relógio não precisa ser devolvido à União. Com isso, abriu-se uma brecha para que o caso das joias de Bolsonaro seja reavaliado com o mesmo entendimento.
Agora, a expectativa é que Bolsonaro veja uma chance de aplicar essa decisão ao seu caso. Afinal, se Lula pode ficar com seu presente, por que ele não poderia fazer o mesmo com os dele? É como se Bolsonaro lamentasse, mas ao mesmo tempo permanece com a espeça de um: “Só queria ter um relógio pa chamar d meu”. No fim das contas, parece que o ouro, seja em forma de relógio ou joias, virou mais uma peça no xadrez político brasileiro.