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Conexão Brasil-Hollywood

Arquivo Geral

05/10/2005 0h00

Convidado para o Festival de Cinema do Rio de Janeiro, onde promove Manderlay, continuação da trilogia do diretor Lars von Trier, iniciada com Dogville, o ator norte-americano Danny Glover (Máquina Mortífera) aceitou o convite do cineasta brasileiro Joel Zito Araújo (melhor diretor no Festival de Gramado, por Filhas do Vento) para viver um veterano astro do basquete americano, que todo ano vem ao Brasil para fazer turismo sexual e acaba se apaixonando pela mulher com quem se relaciona. “Será um filme na linha Retratos da Vida, com várias histórias ligadas”, adianta Araújo, que finaliza o roteiro e pretende começar a filmar no segundo semestre de 2006, em Salvador.

O “sim” ao convite de Araújo, feito em 2004 em Nova York durante uma exibição de Filhas do Vento, foi oficialmente confirmado no sábado, durante uma conversa entre ator e diretor na feijoada do festival, realizada na quadra da Mangueira, e antes da sessão de gala de Manderlay, no Cine Odeon. Glover elogiou o cinema brasileiro, que acompanha há 30 anos, e disse que gostaria de atuar num filme no País. Em seguida, chamou ao palco Joel Zito e os atores Milton Gonçalves e Maria Ceiça para confirmar sua participação no filme.

O cineasta Joel Zito Araújo encontrou-se ontem, também, para discutir a participação do americano na fita, cujo o título provisório é Caim e Abel. “Danny está superempolgado com o projeto, tanto que me pediu para enviar o roteiro até abril porque ele quer participar como co-produtor”, afirma o cineasta brasileiro, que lança, em Brasília, no próximo dia 10 de outubro o filme Filhas do Vento, sobre a redenção amorosa entre irmãs, mães e filhas afro-descendentes.

Segundo o cineasta Joel Zito, abril é a data-limite para que os produtores de Hollywood possam avaliar os projetos que poderão vir a ser co-produzidos pelos estúdios americanos. “E Danny Glover somente terá agenda no segundo semestre do ano que vem. Justamente quando pretendo começar a filmar”, acrescenta. “Portanto, estamos dentro do prazo”, comemora.

Cidade de DeusGlover também admitiu estar ansioso por participar do projeto. “Boa parte da população do Brasil é afro-descendente, mas isso não se vê na televisão ou no cinema. Fora filmes como Xica da Silva, Quilombo ou ainda Cidade de Deus, onde se vê atores negros nas telas? Me pergunto como estão se desenvolvendo estes artistas e qual papel eu posso ter para ajudar cineastas da diáspora africana, como Joel. É isso que torna a idéia de fazer um filme no Brasil interessante para mim”, disse Glover.

No novo filme de que Glover participa, Manderlay, o papel do ator é o personagem Wilhelm, espécie de capataz de uma propriedade na cidade fictícia de Manderlay, no Estado do Alabama, que, em 1933, mantém mão-de-obra escrava, 70 anos após a abolição da escravatura nos Estados Unidos. É para lá que vai a personagem Grace – vivida em Dogville por Nicole Kidman, e agora por Bryce Howard Dallas (A Vila) –, nesta segunda parte da trilogia de Von Trier sobre os Estados Unidos que, de novo, debate a hipocrisia da sociedade americana.

Para Glover, Manderlay usa a questão do afro-descendente como emblema para uma discussão mais ampla sobre exclusão social em todo o mundo. “O filme usa a metáfora da escravidão para discutir questões como identidade, democracia, liberdade, que parece um debate bem oportuno por conta do (furacão) Katrina. Mas o problema do racismo afeta afro-descendentes também aqui no Brasil, por exemplo”, diz Glover.

Ele completa: “A diferença é que lá existe toda essa propaganda de ideais de democracia, mercado livre etc., enquanto há milhões de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza. E não são apenas os negros”.

Sobre o fato de Von Trier estar tocando uma trilogia sobre os Estados Unidos, sem nunca ter pisado os pés em solo americano, Glover disse que o diretor, como cidadão dinamarquês, também é vítima do enorme poder de seu país. “Todos os países são afetados. O fato de não ter estado lá não significa que ele não tenha noção de sua história, porque a história dele, de alguma forma, também é afetada pela americana”.

turismo sexual Ao erguer a bandeira da luta contra o turismo sexual no Brasil, a presença do ator na produção impulsiona outro projeto primordial na agenda do cineasta brasileiro Joel Zito de Araújo. Trata-se de um documentário sobre enfrentamento à exploração sexual comercial de crianças e adolescentes no turismo, baseado no Programa Turismo Sustentável e Infância. O programa reúne governo federal, sociedade civil, empresas privadas, como a Federação Brasileira de Conventions & Visitors Bureau, a Confederação Nacional do Comércio e ONGs nacionais e internacionais.

“Quero começar a filmar o documentário em novembro. O tema do Programa Turismo Sustentável e Infância merece toda a atenção da sociedade”, explica Joel Zito, antecipando que o documentário deverá ser rodado nas cidades de Salvador, Rio de Janeiro e Fortaleza. A única dúvida, segundo ele, é quanto a escolha entre duas cidades para complementar o roteiro. Recife ou Natal estão no páreo. “Estou empolgado”, garante.

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    05/10/2005 0h00

    Convidado para o Festival de Cinema do Rio de Janeiro, onde promove Manderlay, continuação da trilogia do diretor Lars von Trier, iniciada com Dogville, o ator norte-americano Danny Glover (Máquina Mortífera) aceitou o convite do cineasta brasileiro Joel Zito Araújo (melhor diretor no Festival de Gramado, por Filhas do Vento) para viver um veterano astro do basquete americano, que todo ano vem ao Brasil para fazer turismo sexual e acaba se apaixonando pela mulher com quem se relaciona. “Será um filme na linha Retratos da Vida, com várias histórias ligadas”, adianta Araújo, que finaliza o roteiro e pretende começar a filmar no segundo semestre de 2006, em Salvador.

    O “sim” ao convite de Araújo, feito em 2004 em Nova York durante uma exibição de Filhas do Vento, foi oficialmente confirmado no sábado, durante uma conversa entre ator e diretor na feijoada do festival, realizada na quadra da Mangueira, e antes da sessão de gala de Manderlay, no Cine Odeon. Glover elogiou o cinema brasileiro, que acompanha há 30 anos, e disse que gostaria de atuar num filme no País. Em seguida, chamou ao palco Joel Zito e os atores Milton Gonçalves e Maria Ceiça para confirmar sua participação no filme.

    O cineasta Joel Zito Araújo encontrou-se ontem, também, para discutir a participação do americano na fita, cujo o título provisório é Caim e Abel. “Danny está superempolgado com o projeto, tanto que me pediu para enviar o roteiro até abril porque ele quer participar como co-produtor”, afirma o cineasta brasileiro, que lança, em Brasília, no próximo dia 10 de outubro o filme Filhas do Vento, sobre a redenção amorosa entre irmãs, mães e filhas afro-descendentes.

    Segundo o cineasta Joel Zito, abril é a data-limite para que os produtores de Hollywood possam avaliar os projetos que poderão vir a ser co-produzidos pelos estúdios americanos. “E Danny Glover somente terá agenda no segundo semestre do ano que vem. Justamente quando pretendo começar a filmar”, acrescenta. “Portanto, estamos dentro do prazo”, comemora.

    Cidade de DeusGlover também admitiu estar ansioso por participar do projeto. “Boa parte da população do Brasil é afro-descendente, mas isso não se vê na televisão ou no cinema. Fora filmes como Xica da Silva, Quilombo ou ainda Cidade de Deus, onde se vê atores negros nas telas? Me pergunto como estão se desenvolvendo estes artistas e qual papel eu posso ter para ajudar cineastas da diáspora africana, como Joel. É isso que torna a idéia de fazer um filme no Brasil interessante para mim”, disse Glover.

    No novo filme de que Glover participa, Manderlay, o papel do ator é o personagem Wilhelm, espécie de capataz de uma propriedade na cidade fictícia de Manderlay, no Estado do Alabama, que, em 1933, mantém mão-de-obra escrava, 70 anos após a abolição da escravatura nos Estados Unidos. É para lá que vai a personagem Grace – vivida em Dogville por Nicole Kidman, e agora por Bryce Howard Dallas (A Vila) –, nesta segunda parte da trilogia de Von Trier sobre os Estados Unidos que, de novo, debate a hipocrisia da sociedade americana.

    Para Glover, Manderlay usa a questão do afro-descendente como emblema para uma discussão mais ampla sobre exclusão social em todo o mundo. “O filme usa a metáfora da escravidão para discutir questões como identidade, democracia, liberdade, que parece um debate bem oportuno por conta do (furacão) Katrina. Mas o problema do racismo afeta afro-descendentes também aqui no Brasil, por exemplo”, diz Glover.

    Ele completa: “A diferença é que lá existe toda essa propaganda de ideais de democracia, mercado livre etc., enquanto há milhões de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza. E não são apenas os negros”.

    Sobre o fato de Von Trier estar tocando uma trilogia sobre os Estados Unidos, sem nunca ter pisado os pés em solo americano, Glover disse que o diretor, como cidadão dinamarquês, também é vítima do enorme poder de seu país. “Todos os países são afetados. O fato de não ter estado lá não significa que ele não tenha noção de sua história, porque a história dele, de alguma forma, também é afetada pela americana”.

    turismo sexual Ao erguer a bandeira da luta contra o turismo sexual no Brasil, a presença do ator na produção impulsiona outro projeto primordial na agenda do cineasta brasileiro Joel Zito de Araújo. Trata-se de um documentário sobre enfrentamento à exploração sexual comercial de crianças e adolescentes no turismo, baseado no Programa Turismo Sustentável e Infância. O programa reúne governo federal, sociedade civil, empresas privadas, como a Federação Brasileira de Conventions & Visitors Bureau, a Confederação Nacional do Comércio e ONGs nacionais e internacionais.

    “Quero começar a filmar o documentário em novembro. O tema do Programa Turismo Sustentável e Infância merece toda a atenção da sociedade”, explica Joel Zito, antecipando que o documentário deverá ser rodado nas cidades de Salvador, Rio de Janeiro e Fortaleza. A única dúvida, segundo ele, é quanto a escolha entre duas cidades para complementar o roteiro. Recife ou Natal estão no páreo. “Estou empolgado”, garante.

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