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Brasília

Uso de substâncias proibidas no judô e jiu-jitsu no DF virou “pandemia”, diz pesquisador

Em levantamento com 126 atletas, os pesquisadores receberam informação que 44,1% deles admitiram o uso de substância proibida

Agência UniCeub

29/10/2021 20h10

Foto: Pixabay

Mateus Arantes
Agência CEUB

O uso de substâncias proibidas por esportistas de judô e jiu-jitsu no Distrito Federal se transformou numa pandemia, conforme avaliam pesquisadores Márcio Oliveira (educador físico), Rômulo de Abreu (nutricionista) e Gabriela Lima (estudante de medicina).

Em um levantamento com 126 atletas, os pesquisadores receberam informação que 44,1% deles admitiram o uso de substância proibida mais de cinco vezes. Eles relacionam que esse uso pode estar relacionado a momentos de lesões. Márcio Oliveira diz que as lesões em jovens estão cada vez mais comuns. “A equipe que está acompanhando este atleta não está visando a longevidade do atleta, mais sim o resultado daquele momento, a gente vê hoje garotos de 18, 19 anos com rompimentos gravíssimos de tendão, estiramentos musculares, por ter sobrecarregado o corpo humano”, afirma o professor.

A pesquisa é restrita ao Distrito Federal, e, mesmo assim, os números obtidos saltam aos olhos. A estudante de medicina Gabriela Lima alerta para a silenciosidade da dopagem e a preocupação com a saúde do atleta.

“O doping é algo prevalente, é uma pandemia, muitas vezes silenciosa, é muito difícil que um atleta admita usar doping ou que procure ter esse conhecimento. É fundamental para que os atletas possam competir de forma justa e preservar também a saúde deles, muitas dessas substâncias são prejudiciais e podem comprometer a carreira profissional desses atletas, então precisamos ver muito além daquela competição, muito além daquela vitória e sim preservar a saúde do atleta e promover essa consciência a longo prazo”, explica.

O educador físico Rômulo de Abreu lamenta a falta de investimento nos esportes no Brasil e, por isso, dopagem acaba sendo a saída mais fácil para a recuperação de uma lesão, por exemplo. “No país, no Brasil, não temos um apoio financeiro para conseguir manter esse atleta no período de recuperação onde ele fez uma cirurgia, não vai ter esse patrocínio, infelizmente um atleta que se vê em situação de lesão vai utilizar o doping para se recuperar. Consegue competir e depois tá largado, então é essa nossa realidade”, lamenta.

Confira os dados

  • Quantidade de atletas avaliados: 126, 27% de judô (35) E 72,2% DE jiu-jitsu (91)
  • Prevalência pontual de doping na amostra: 35,7%
  • 100% dos atletas utilizaram doping não testaram positivo em nenhum exame antidopagem
  • 44,1% desses atletas que admitiram a utilização de algum método ou alguma substância proibida usaram mais de cinco vezes
  • 54,48% sabia a definição de doping
  • 77% conhecia as consequências
  • 42,6% dos atletas que utilizavam ou admitiram terem utilizado alguma vez, quem prescreveu o uso das substâncias ou métodos foram médicos
  • 48,4% utilizavam para potencializar o seu rendimento, força, agilidade ou para auxiliar na perda de peso
  • 64,4% conheciam algum outro atleta que utilizava dopagem
  • 74,2% atletas defendiam o combate ao doping

Os dados foram apresentados em mesa-redonda da Semana de Extensão realizada no Centro Universitário de Brasília (Ceub), o qual os pesquisadores estão vinculados.

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