João Paulo Mariano
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Um candidato foi eliminado e três são investigados por fraude na prova de verificação do concurso para agentes penitenciários, no último domingo. Essa era a etapa final da preparação de 900 pessoas, a maior parte para cadastro reserva. A banca aplicadora, o Instituto Brasil Educação (Ibrae), assegura que o resultado da prova vai sair no tempo estimado e que ninguém será prejudicado devido à ação desses quatro indivíduos.
A conduta dos três candidatos ainda é averiguada porque eles foram pegos com resumos e anotações após deixar a sala de prova. Ao contrário do homem flagrado com o celular, eles não foram expulsos imediatamente porque o Ibrae não poderia ter certeza da “cola” durante a prova. Apesar da presença de dois fiscais na hora da aplicação, nenhuma atitude suspeita teria sido percebida.
Contudo, quando os candidatos – que não se comunicaram entre si – saíram, foi percebido que eles estavam com comportamento estranho. Na hora da abordagem, os resumos foram encontrados. O procedimento previsto nesses casos é iniciar um processo administrativo para apurar se eles, de fato, cometeram as faltas alegadas.
Saiba mais
- O concurso para agente penitenciário era uma demanda antiga do sindicato da categoria. Para a instituição, o déficit seria de mais de 1.500 servidores para o complexo prisional da Papuda e demais unidades que recebem presos.
- A fase de recurso, tanto para as questões quanto para os candidatos que estão sendo investigados, começou ontem. Quem deseja questionar alguma resposta pode fazer isso nos próximos nove dias, para que depois a banca publique o gabarito definitivo.
- A prova de verificação foi aplicada após um curso de 420 horas-aula para 900 candidatos. Porém, apenas 200 deles assumirão imediatamente. O restante ficará como cadastro reserva.
Proibição expressa
O candidato que já foi eliminado pode entrar com recurso, mas a chance de ganhá-lo é pequena, pois ele portava celular durante a prova – ação proibida no edital, conforme explica o presidente do Ibrae, João Costa. “Muitos esquecem o telefone no bolso, mas também pode ser por má-fé. A gente não sabe as circunstâncias. O celular teria que ficar em um carro ou em um guarda-volume. O edital é muito claro”, diz.
Em relação aos suspeitos de “cola”, a defesa deles está assegurada, segundo Costa. A intenção é avaliar se os resumos foram utilizados ou não e em quais momentos. “Como as provas são filmadas, estamos investigando com as câmeras. Isso faz parte das rotinas complementares da equipe de auditoria”, afirma. Ele ressalta que candidatos que tenham apresentado muitas respostas iguais passam pela auditoria porque “ninguém erra ou acerta as mesmas questões”.
O presidente do Ibrae deixa claro que esses acontecimentos não trarão atraso ao certame, nem resultam no cancelamento. Procurada, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que apenas a banca poderia comentar o assunto.