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Brasília

Trump cita números errados sobre taxas de homicídio em Brasília 

O presidente dos EUA fez comparações com cidades no mundo para indicar nível de criminalidade em Washington

Redação Jornal de Brasília

11/08/2025 21h40

Foto: Brendan SMIALOWSKI / AFP

Por Vítor Ventura
redacao@grupojbr.com

Durante um anúncio realizado nesta segunda-feira (11) de que as forças de segurança de Washington, capital dos Estados Unidos, passariam a ser de responsabilidade federal, o presidente Donald Trump comparou taxas de criminalidade de diversas cidades com a capital americana. Uma das cidades citadas foi Brasília. Em uma das imagens, o presidente americano mostra um gráfico o qual afirma que a capital do Brasil tem uma taxa de 13 homicídios para cada 100 mil habitantes. Informações da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) mostram que esse índice é menor e que o número de homicídios tem caído nos últimos anos.

Apesar de trazer números errados sobre a taxa de homicídios da capital brasileira, o presidente dos EUA está certo ao dizer que ela é mais segura que a americana. O Secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar, reforça que Brasília tem índices de segurança melhores que Washington. “O que o presidente Trump disse pode ser uma surpresa para muitos, mas é apenas a realidade dos números, baseada no índice mundialmente aceito de casos de homicídios a cada 100 mil habitantes. Em 2024, tivemos o menor número de homicídios de toda a série histórica do DF, medida desde 1977. Foram 6,9 casos para cada 100 mil habitantes, número que nos aproxima dos países europeus. Sim, o Trump falou a verdade: Brasília é mais segura que Washington”, destaca Avelar.

Desde 2022, o números de homicídios têm diminuído no DF. No ano citado, conforme dados da SSP-DF, foram 277 vítimas. Em 2023, esse número caiu para 234, e em 2024, para 207. De acordo com dados do Atlas da Violência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a taxa de homicídios por 100 mil habitantes apresentou queda no DF nos últimos anos. Em 2013, primeiro ano no relatório, a taxa era de 30,3 casos. A taxa apontada por Trump foi vista em Brasília no ano de 2021, com 13 casos para cada 100 mil habitantes. No entanto, o Atlas mostra que em 2023, dado mais atualizado do levantamento, esse número já havia caído para 11. A SSP-DF, agora, confirma que o número chegou a 6,9 em 2024. Mas não foram somente os homicídios que diminuíram em Brasília, segundo dados do balanço criminal da Secretaria, nos anos citados, os números de ocorrências referentes a latrocínio, roubos de diferentes tipos e furtos também caíram.

Plano para Washington

Os republicanos afirmam que Washington, governado pelos democratas, tem altos índices de criminalidade e de pessoas em situação de rua. No entanto, as estatísticas oficiais mostram uma redução nos crimes violentos. “Hoje é o Dia da Libertação em Washington D.C. e vamos recuperar nossa capital”, declarou o presidente em coletiva de imprensa. “Mobilizo a Guarda Nacional para ajudar a restabelecer a ordem pública em Washington”, afirmou. Trump acrescentou que vai mobilizar os militares “se for necessário”. A medida é mais uma no sentido de “tomar controle” de Washington, como o republicano vem ameaçando fazer desde o início do mandato. 

A capital dos EUA é um distrito e não fica em um estado americano. A cidade é autônoma, com algumas partes da administração compartilhadas com o governo federal, e de tradição democrata, partido da atual prefeita, Muriel Bowser.

“Hoje é o dia da libertação de Washington (mesmo termo usado por Trump ao anunciar o tarifaço em abril)”, disse. “Nós vamos limpar a cidade”, continuou. Em 2023, ano pós pandemia, a cidade atingiu um ápice no índice de crimes, que recuou no último ano. Segundo reportagem do Washington Post, a quantidade de assassinatos e tiroteios na capital caíram cerca de 30% de 2024 até o final de 2024. Em 2024, foram registrados 187 homicídios contra 274 em 2023. O presidente dos EUA tem a prerrogativa de tomar iniciativas ligadas a prédios federais, mas não para agir em relação à segurança da cidade, exceto em caso de “emergência”, que foi a saída de Trump para tomar conta da polícia local. A decisão de convocar a Guarda Nacional é uma decisão da presidência, por sua vez.

Trump e o Brasil

Na coletiva, Trump comparou a situação de Washington com Brasília e outras cidades. “Você quer viver em lugares assim? Eu não acredito. Eu não acredito”, disse. O Brasil já virou tema recorrente citado pelo presidente dos EUA, e esse é mais um dos capítulos que envolvem a escalada da tensão entre os dois países, desencadeada pelo anúncio de taxas de 50% impostas por Trump a produtos brasileiros em julho.

Além disso, o presidente americano também acusa o Supremo Tribunal Federal (STF) de censura e violação da liberdade de expressão, citando o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos réus pelos atentados antidemocráticos do 8 de janeiro como perseguição política. Em meio a essa tensão, o Ministro do STF, Alexandre de Moraes, também recebeu ataques vindos de Trump, que sancionou o ministro com base na Lei Magnitsky, uma norma usada pelo governo dos EUA para punir estrangeiros.

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