Pode ser a data e o horário (domingo de manhã), mas o fato é que a passagem da Tocha Pan-americana por São Paulo não cativou o público paulista. Nos arredores da estação Júlio Prestes, onde a chama chegou de trem, pouca movimentação, assim como em boa parte do percurso de
O clima de festividade ficou por conta dos figurantes contratados especialmente pelo patrocinador da Comitiva e também a Prefeitura. Foram distribuídos brindes como bandeiras do município e bandanas aos poucos aventureiros que acordaram às 8h para ver a largada do revezamento. Alguns shows promovidos, como a apresentação de ginastas no Teatro Municipal e taekwondo no Viaduto do Chá chamavam mais a atenção dos transeuntes que a Tocha.
Entre os poucos espectadores específicos da Tocha, o ex-volante Dudu, ícone no Palmeiras dos anos 1960 e 70. Segundo o prefeito Gilberto Kassab, todo o evento montado para a tocha serve de estímulo para despertar o interessar pelos esportes. “É um incentivo à população para que ela possa ter o esporte como um exemplo de vida”, destacou.
Nas ruas, a receptividade era inversa. A presença de artistas e nomes conhecidos de medalhistas pan-americanos, olímpicos e até campeões mundiais não cativou. O motivo é simples: a rivalidade entre São Paulo e Rio de Janeiro. Poucos torcedores acreditam no sucesso do evento e da situação positiva das sedes. Oficialmente, Kassab garante que todo apoio será dado aos cariocas.
“O Rio é uma das cidades mais importantes do Brasil. E São Paulo faz parte do país, portanto deve colaborar com os jogos. Todos nós, brasileiros, estamos ansiosos”, ressaltou o prefeito. A capital fluminense venceu São Paulo na disputa interna do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para indicar a cidade-candidata do país.
“O Rio vive um momento mágico. Além de sediar o Pan, agora tem uma das novas maravilhas do mundo (o Cristo Redentor foi eleito em votação). A cidade tem muito poder de atrair turistas e por isso não podíamos deixar de parabenizar nossos irmãos cariocas”, completou Kassab, esperando atrair visitantes para a Terra da Garoa durante o Pan. “Acredito que algumas pessoas que virão ao Brasil para ver os Jogos podem conhecer São Paulo também. Estamos trabalhando com essa possibilidade”, definiu.
Sobrou para o Ministro dos Esportes, Orlando Silva Júnior, a missão de diplomata. Garantindo não haver rivalidade, revelou planos audaciosos com o prefeito para o futuro. “Fico muito feliz de São Paulo se colocar à disposição para ajudar no Pan. Esse evento tem um marco significativo de estímulo, simboliza a passagem da primeira sede brasileira, em 1963, para agora, no Rio. Estou lançando um plano com o prefeito Kassab para superar esse desafio e, quem sabe, São Paulo não possa se consolidar como um pólo olímpico depois do Rio”, concluiu.
Segurança – Apesar do desinteresse geral do público, o Revezamento da Tocha Pan-americana ocorreu sem problemas nas ruas de São Paulo. O único incidente, mesmo assim leve, foi presenciado na Praça Ramos de Azevedo, em frente o Teatro Municipal. Ao receber a chama, a ex-jogadora de vôlei Ida foi surpreendida por um mendigo.
Visivelmente alterado, o homem não respeitou o espaço demarcado pelos oficiais e a organização e tentou brincar com o fogo da Tocha. Foi prontamente contido pelos policiais, mas acabou rendendo risadas de todos os presentes.