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Brasília

Setembro amarelo: Saúde mental da mãe é decisiva para o futuro do bebê

Transtornos emocionais durante a gravidez e pós-parto podem comprometer a saúde da mãe e do bebê, alertam especialistas

Redação Jornal de Brasília

25/09/2025 14h19

Foto: Divulgação/IgesDF

Foto: Divulgação/IgesDF

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que cerca de 10% das gestantes e 13% das puérperas em todo o mundo apresentam algum transtorno mental, principalmente a depressão. Quando não identificada e tratada, a condição pode afetar seriamente a saúde da mãe e o desenvolvimento do bebê.

No contexto do Setembro Amarelo, campanha dedicada à prevenção do suicídio, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF) chama atenção para a importância do cuidado emocional durante a gestação e o período pós-parto.

A ginecologista e obstetra Rafaella Torres, do ambulatório de pré-natal de alto risco do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), explica que até 20% das mulheres enfrentam transtornos emocionais nessa fase.

“A depressão durante a gestação é considerada um fator de risco independente para a ideação suicida, que infelizmente ainda está entre as principais causas de mortalidade materna nesse período”, alerta a médica.

De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), gestantes com depressão são classificadas como pacientes de alto risco. Entre as complicações estão pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, tabagismo, uso de álcool, abortamento autoinduzido, além de impactos no bebê, como restrição de crescimento intrauterino, prematuridade e baixo peso ao nascer. Também podem ocorrer alterações cerebrais, comportamentais e de desenvolvimento socioemocional.


Diferença entre baby blues e depressão pós-parto

A fase gestacional costuma gerar ansiedade e mudanças emocionais, potencializadas pelas oscilações hormonais. Segundo Rafaella, um desafio é diferenciar o baby blues, caracterizado por choro frequente e cansaço nos primeiros dias após o parto, da depressão pós-parto, que se prolonga e pode incluir isolamento, tristeza persistente, dificuldade de interação com o bebê e pensamentos suicidas.

“Quando a mãe está fragilizada emocionalmente, a interação inicial com o bebê pode ser prejudicada, o que aumenta o risco de dificuldades emocionais na infância”, afirma a médica.

A depressão perinatal pode surgir durante a gravidez ou até 12 meses após o parto, afetando a relação mãe-bebê e comprometendo o desenvolvimento cognitivo, emocional e social da criança.


Cuidados e prevenção

Alguns hábitos podem reduzir o risco de ansiedade e depressão durante a gestação:

  • Alimentação equilibrada, com vitaminas do complexo B (B6, B9 e B12), que auxiliam na saúde mental.
  • Hidratação adequada para manter o bom funcionamento do organismo.
  • Atividade física regular, que estimula a liberação de endorfina, melhorando o humor.
  • Sono de qualidade, essencial para controle do estresse.
  • Práticas de relaxamento, como meditação, yoga e técnicas de respiração.

O obstetra tem papel fundamental na identificação de sinais de sofrimento emocional e no encaminhamento para tratamento especializado. “Distúrbios psiquiátricos precisam de acompanhamento médico e psicológico, além do suporte familiar e social”, reforça Rafaella.


Apoio psicológico é essencial

A psicóloga Alane Lima, que atua na maternidade do HRSM, observa que ansiedade e depressão são comuns durante a gestação e o puerpério.

“Na ansiedade, os sintomas mais frequentes são taquicardia, falta de ar, insônia, dor no peito e preocupação excessiva. Já na depressão, predominam tristeza profunda, choro frequente e desesperança”, explica.

O atendimento psicológico ajuda a mulher a expressar seus medos e expectativas, fortalecendo o vínculo com o bebê e desenvolvendo estratégias para lidar com pressões sociais e desafios da maternidade.

“A saúde mental da mãe está diretamente ligada à saúde do bebê. Por isso, o suporte psicológico é essencial para que esse período seja vivido de forma mais tranquila”, destaca Alane.

Com informações do IgesDF

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