Oito vezes campeão mundial, bicampeão olímpico e tri pan-americano na classe Laser, o iatista brasileiro Robert Scheidt definiu nesta quinta-feira os Jogos Pan-americanos como uma competição “intermediária” para seu planejamento em 2007. Em processo final de adaptação à classe Star, o paulista voltará a competir na classe Laser apenas para o torneio. Por isso, admitiu disputar a competição carioca com “70 ou 80% da forma”.
“Sei que não vou estar nas minhas melhores condições, mas acho que é o suficiente”, comentou o atleta. A principal justificativa dele é o calendário. Até o dia 13 de julho, Robert e o proeiro Bruno Prada estarão no Mundial de Star da Federação Internacional de Vela (Isaf), em Cascais, Portugal. De volta ao Brasil, ele terá apenas uma semana de descanso até entrar na raia da Baía da Guanabara. Depois, já a partir de 8 de agosto competirá no Pré-Olímpico de Star, na China.
Por conta disso, os treinamentos de Scheidt para o Pan-americano terão que ser feitos na correria mesmo. “Vou treinar de Laser nas janelas que eu tiver no calendário, porque também não posso chegar completamente sem ter velejado. Há dias, inclusive, que eu tenho treinado Star e Laser”, afirmou, dizendo que vai tentar treinar em Ilhabela e no Rio de Janeiro.
Mas alguém do nível de Robert Scheidt ainda precisa se preparar para disputar uma competição na Laser? Sim, nas próprias palavras do iatista. “A Laser é um barco dinâmico, leve, tem que se estar velejando regularmente, ao contrário da Star, que é um barco mais técnico e você pode ficar um tempo sem velejar. É claro que a bagagem que eu tenho na Laser ajuda muito, eu vou assimilar tudo de uma maneira mais rápida”, explicou.
Mesmo favoritíssimo na competição, o atleta evita fazer promessas. “Eu não gosto de fazer promessa sobre resultados. O que eu posso garantir é que dentro do tempo que eu tiver para treinar, eu vou me dedicar muito para fazer um bom papel”, desconversou o iatista. “Mas é lógico que eu quero o ouro”, admitiu, logo em seguida.
Ele ainda apontou seu maior adversário na disputa, que pode protagonizar uma grande zebra nos Jogos. “Fiquei muito surpreso com o resultado que o argentino Julio Alsogaray conquistou no Troféu Princesa Sofia, em Palma”, emendou, também apontando os chilenos, canadenses e norte-americanos como fortes oponentes.
Pan só no Brasil – Scheidt, inclusive, chegou a admitir que se o Pan não fosse no Brasil nem faria essa “pequena volta” à Laser, classe que o consagrou como atleta. “Vale o sonho da minha quarta medalha em Pan, desta vez com o apoio da torcida. Senão eu seguiria com o meu calendário na Star. É a felicidade de competir no seu país, isso moveu a minha volta”, explicou.
O velejador criticou apenas a não introdução da classe Star nos Jogos Pan-americanos por parte da Federação Brasileira e da Odepa. “A justificativa deles é que colocaram as classes com mais representatividade nas Américas, mas eu não concordo que a Star não tenha popularidade no continente”, opinou.
“Colocar uma classe como a Sunfish, por exemplo, não faz sentido para o Brasil. Só um cara daqui comprou o barco e vai disputar. Ter a Star no Pan seria bom para mim porque eu nem precisaria ficar nesta transição. Mas eu vou me esforçar ao máximo até lá nas duas classes”, encerrou.