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Brasília

Saúde mental: Arte como forma de tratamento

Projeto Artear oferece aulas gratuitas para pessoas com transtornos mentais

Elisa Costa

06/08/2024 18h57

A Associação Artística Mapati, em parceria com a ONG Instituto InveRso, promove o Projeto Artear – Núcleo Inverso, que oferece aulas gratuitas em diversas modalidades artísticas para pessoas com transtornos mentais residentes no Distrito Federal. As oficinas começaram neste mês de agosto, com foco no desenvolvimento pessoal e terapêutico dos participantes.

Segundo a diretora secretária-geral do Instituto InveRso, Giovanna Momenté, o objetivo principal da iniciativa é fortalecer vínculos: “Com as oficinas, em uma perspectiva terapêutica, acolhemos desejos do sujeito de se fazer algo artístico pela primeira vez ou novamente. É uma experimentação coletiva para construção de um lugar com rede de apoio e cuidado em comunidade”.

Neste semestre, o projeto já conta com mais de 40 pessoas inscritas nas oficinas. Todos os profissionais são capacitados para atender as demandas dos participantes, dar contorno e acolher crises. “Aqui temos psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, acompanhantes terapêuticos e arteteraputas, que estão acostumados a trabalhar com transtornos mentais”, ressaltou Giovanna.

Na modalidade de maquiagem artística, os participantes aprenderão técnicas básicas, exploração de cores e texturas, maquiagem temática, efeitos especiais, pintura corporal e caracterização para performance e palco. Já na modalidade pintura, são ensinados os fundamentos das cores, técnicas abstratas, pintura de ação, pintura surrealista e fantástica, técnicas mistas e colagem.

Para quem fizer as oficinas de artesanato, as aulas vão abordar os fundamentos da artesania fotográfica, técnicas simples e alternativas, manipulação e efeitos criativos, trabalhos experimentais e montagem. Já a oficina de musicalização vai ensinar sobre ritmo e percussão, melodia e instrumentos melódicos, harmonia e voz, composição e improvisação.

Os alunos são conduzidos por profissionais especializados, que ajudam a explorar habilidades que trazem bem-estar e inclusão social. As oficinas vão funcionar durante todo o mês de agosto e de setembro, uma vez por semana. Ao final, os alunos vão preparar uma apresentação ou uma exposição, a depender da modalidade que participou, para mostrar os trabalhos produzidos.

A iniciativa conta com o fomento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF). As aulas acontecem na sede do Instituto InveRso, na SCLN 408, bloco B, sala 60, no subsolo e são abertas ao público. As inscrições podem ser feitas através de um formulário disponibilizado nas redes sociais da Associação Artística Mapati (@aamaosc) e do Instituto InveRso (@inverso.df).

Ferramenta de construção

Ao Jornal de Brasília, a psicóloga especialista em musicoterapia e neuropsicologia, Amanda Medeiros, explicou que a arte, de forma geral, é uma ferramenta de construção e reorganização das funções neurais e psicológicas. Isso significa que a arte potencializa a cognição, a autoestima, o desenvolvimento psicomotor, entre outras atividades diversas que o ser humano pratica.

“A arteterapia é um recurso que evidencia as demandas emocionais da pessoa. Sendo uma alternativa para acolher demandas latentes, de forma livre e autêntica. Se partirmos da premissa de que todo ato de criar surge de uma motivação de insatisfação e inquietude, ao fazer arte, há um sentimento catártico, que além de proporcionar prazer contribui com o equilíbrio emocional”, explicou a psicóloga.

A arteterapia é definida como uma prática terapêutica que busca o autoconhecimento e o tratamento de condições mentais e emocionais por meio da arte. Entre as formas de expressão artística utilizadas estão as artes plásticas, como pintura, desenho, escultura, modelagem, e outros tipos de arte, como a contação de história, criação de personagens e etc.

Segundo o psicólogo Clóvis Hugueney, responsável pela Clínica das Cores, a arte é importante pois caminha junto a outros elementos, como a religiosidade e a criatividade, que foram observados ao longo da história da humanidade e nas comunidades mais primitivas, até os dias atuais.

“A arte ajuda na modulação, na harmonização e no equilíbrio dos estados emocionais. Quando olhamos para a sociedade atual, muito estressada, muito ansiosa, extremamente competitiva, extremamente disruptiva, a arte é sempre um grande alívio. Nessa reconstrução da sua identidade, nesse realinhamento, a arte sempre terá um local de destaque”, pontuou.

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