Presidente da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) e pivô da polêmica envolvendo a classificação da modalidade para os Jogos Pan-americanos, Maurício Manfredi está tranqüilo quanto ao comparecimento de Rodrigo Pessoa na disputa carioca. Por não concordar com as mudanças nos critérios promovidas desde fevereiro, o campeão olímpico ameaça boicotar a competição.
O dirigente mostra-se plenamente convencido de que Pessoa vai estar na equipe que buscará a medalha de ouro para o país. “Eu não trabalho com a hipótese de ele não vir. Não acredito que o Rodrigo não venha”, assegura Manfredi. “Ele sabe que é importante a sua vinda para classificar a equipe para as Olimpíadas”, justifica.
A polêmica teve início em fevereiro, quando Manfredi assumiu a presidência da CBH. Na ocasião, ele anunciou mudanças na seletiva que definiria a equipe brasileira no Pan. Ao invés de disputas na Europa, o dirigente determinou que três (duas de titulares e uma reserva) das cinco vagas fossem preenchidas por atletas em duas seletivas no Brasil, que serão realizadas em maio.
A decisão revoltou os cavaleiros que vivem fora do país, que alegaram não ter programado uma vinda ao país nesta época, por questões de transporte dos cavalos e de compromissos já assumidos no exterior. As outras duas vagas de titulares foram dadas automaticamente a Pessoa e Bernardo Alves, brasileiros mais bem posicionados no ranking mundial. Em solidariedade aos colegas prejudicados, porém, o campeão olímpico deu declarações abdicando de seu lugar no Pan.
Para Manfredi, quando Pessoa ver o nível técnico dos classificados nas seletivas do Brasil, vai mudar de idéia. “Ele está preocupado com a equipe, mas o próprio índice técnico para a classificação é uma coisa que tranqüiliza. Nós não vamos colocar qualquer três atletas que cheguem à frente, mas sim aqueles que tenham capacidade de compor uma equipe vencedora”, assegurou.
De acordo com as regras da seletiva, estarão classificados para o Pan, os conjuntos que não ultrapassarem os 28 pontos nas seis provas (três
O dirigente rebate a crítica. “Para chegar a esse critério, nós pegamos todos terceiros melhores resultados que garantiram ao bronze nas últimas cinco edições do Pan e fizemos uma média. Ou seja, é mais forte que uma equipe que tenha ganhado o bronze”, argumenta Manfredi. “Dizer que é um índice fraco é desconhecimento de causa”, rebate.
O presidente da CBH ainda confia na ambição de Rodrigo Pessoa em ganhar o ouro na disputa individual. “O Brasil nunca ganhou essa medalha e o Rodrigo é um forte candidato agora. Seria maravilhoso ele conquistar isso competindo aqui”, sonha. Manfredi também garante que as mudanças não foram realizadas em cima da hora.
“Desde janeiro foi conversado e como a seletiva é em maio havia quatro meses para se programar. Era só vir e ficar 15 dias no Brasil. Eles viajam o mundo todo. Essa não é uma justificativa.”, garante o presidente, confiante na conquista da vaga olímpica por equipes, dada aos três primeiros colocados do Pan (os Estados Unidos já estão classificados). “Creio que a gente consiga mais do que a vaga olímpica”, afirmou.
O dirigente ainda explicou o porquê resolveu mudar os critérios para o Pan: fortalecer o hipismo nacional. “Uma de nossas bandeiras na eleição para a CBH era de que a antiga direção se preocupava demais com a Europa. A Europa tem muita importância, mas a gente queria virar o foco também para o hipismo brasileiro. Atualmente, os cavaleiros daqui não têm condições razoáveis de disputar uma Olimpíada, mas um Pan sim. Queremos, no futuro, ter no Brasil conjuntos para participar de Jogos Olímpicos”, justificou.
Manfredi não crê que a turbulência prejudique o desenvolvimento da modalidade no país. “A polêmica tende a acabar em mais 15 dias, que é o tempo que a equipe será selecionada. Não haverá reflexo para Pequim. Não tenho dúvida de que o hipismo brasileiro vai se unir novamente”, assegurou.