O sonho da casa própria continua exigindo planejamento financeiro e uma renda considerável no Distrito Federal. De acordo com um levantamento da Loft, empresa de tecnologia e serviços financeiros voltada ao mercado imobiliário, quem pretende financiar um imóvel em Brasília precisa ter renda mensal entre R$ 7 mil e R$ 40 mil, a depender da região administrativa.
O estudo, realizado por meio do Financiômetro, ferramenta que calcula as condições mínimas para aprovação de crédito bancário, levou em conta os preços médios de imóveis anunciados entre maio e julho de 2025 e simulou um financiamento de 70% do valor total do imóvel em 420 parcelas mensais.
Nas regiões com maior número de imóveis à venda, como Samambaia, Águas Claras e Taguatinga, a renda exigida para o financiamento varia entre R$ 10 mil e R$ 25 mil. Em áreas de padrão mais elevado, como Vicente Pires e Asa Norte, o valor ultrapassa R$ 35 mil. A parcela inicial, por sua vez, vai de R$ 2 mil (Riacho Fundo II) a R$ 11,1 mil (Vicente Pires).
“Os resultados mostram como o Distrito Federal reúne desde regiões acessíveis até áreas de altíssimo padrão. Samambaia e Ceilândia concentram boa parte dos anúncios e permitem financiamentos compatíveis com a renda de famílias de classe média, enquanto Asa Norte e Vicente Pires puxam os valores para cima”, explica Fábio Takahashi, gerente de dados da Loft.
O que é o Financiômetro?
Segundo Takahashi, o Financiômetro mostra um panorama das condições financeiras mínimas necessárias para a compra de um imóvel em cada bairro do DF. “Para cada região, verificamos o tíquete médio dos imóveis anunciados nas principais plataformas digitais e usamos simulações de crédito da Loft/Financiamento Imobiliário, que negocia com bancos para garantir as melhores taxas e prazos”, explica.
A ferramenta considera as médias de condições oferecidas por Bradesco, Itaú e Santander, possibilitando ao comprador uma visão geral de quanto precisará de renda e entrada para viabilizar o financiamento. “Além de indicar o preço médio, o Financiômetro facilita o entendimento das condições bancárias e da viabilidade do crédito. Ele parte de uma informação difícil de obter e traduz em números claros o que o comprador precisa para planejar o investimento”, destaca o gerente.
Takahashi lembra, no entanto, que os valores apresentados são estimativas médias, e que as condições reais podem variar conforme a análise de cada banco.Entre os bairros com maior número de imóveis ofertados, Samambaia Norte e Sul se destacam por oferecer opções mais acessíveis, com parcelas em torno de R$ 2,8 mil e renda mínima de cerca de R$ 10 mil. Já em regiões nobres, como Noroeste, Lago Sul e Jardim Botânico, o cenário é outro: as parcelas iniciais podem superar R$ 50 mil, exigindo renda de até R$ 200 mil.
“Essas regiões consolidadas, como o Lago Sul, ou em expansão, como o Noroeste, concentram imóveis de altíssimo padrão e metragens amplas. São áreas onde o financiamento costuma ser apenas parte da compra, complementado com recursos próprios”, observa Takahashi.
O tecnólogo em TI Eduardo Martins de Sousa, 52 anos, morador de Samambaia Sul, está prestes a concluir o processo de financiamento de sua casa própria. Ele relata que o trâmite com a Caixa Econômica Federal teve alguns entraves técnicos. “Foi um pouco estressante, a Caixa teve um problema interno de TI que atrasou a avaliação da documentação”, contou Eduardo, que aguarda apenas a liberação do pagamento aos vendedores.
O imóvel financiado está avaliado em R$ 300 mil, e a prestação mensal ficou em torno de R$ 1.300. “O mais difícil foi lidar com a documentação. Mas ver o sonho da casa própria quase realizado é muito bom. Me sinto realizado”, diz. O levantamento mostra que, nas faixas de renda mais comuns entre famílias de classe média, Samambaia, Ceilândia, Riacho Fundo e Recanto das Emas se destacam como as regiões mais viáveis para financiamento.
Já entre as áreas de maior valorização, Asa Norte, Asa Sul, Noroeste e Lago Sul mantêm a liderança em tíquete médio e exigência de renda. O estudo, disponível no site da Loft, pretende ajudar compradores a entender quanto precisam ganhar e quanto podem comprometer da renda para transformar o sonho da casa própria em realidade no Distrito Federal.