Francisco Dutra
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A perda da administração regional de Vicente Pires conduziu o PSD a rever a continuidade da aliança com o governo de Rodrigo Rollemberg (PSB). Após o movimento político do Palácio do Buriti, o presidente nacional do partido, ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicação, Gilberto Kassab, convocou o presidente regional, deputado federal Rogério Rosso e, o secretário geral do partido no DF, o vice-governador Renato Santana, para conversar sobre os prós e contras da manutenção da aliança.
Desde sábado passado, Kassab, Rosso e Santana discutem pelo Whastapp os efeitos do reajuste das passagens de ônibus e metrô decidida pelo governo. Na posse da nova Mesa Diretora da Câmara Legislativa, o vice não fez cerimônia ao declarar publicamente su descontentamento. Ao suspender as férias para tratar diretamente da crise, o governador afastou Santana da administração regional de Vicente Pires, sem aviso, com uma canetada no Diário Oficial.
“Sugeri a demissão de quem sugeriu ao governador apenas uma alternativa para reverter a crise com o aumento de passagens. E fui demitido de Vicente Pires sem nenhuma ligação do governador. Estive a frente de 31 regiões administrativas nos últimos 2 anos. Sempre que precisou me acionou e fui prontamente atender, por entender que essa é a forma de colaborar com a cidade, trabalhando. Não vou jamais deixar de dar e expressar meu ponto de vista”, desabafou Santana.
Para o vice, antes do aumento, o GDF deveria rever as gratuidades. Santana lembrou que quando Rosso foi governador tampão do DF, fez estudos para evitar o aumento das passagens – e esses estudos apontavam a possibilidade de redução da tarifa.
Até secretaria pode sumir
A situação torna-se ainda mais delicada com a nova reforma administrativa em gestação no núcleo do governo Rollemberg. Existem fortes indícios de que o PSD perderá o controle da Secretaria de Economia e Desenvolvimento Sustentável, gerenciada por Arthur Bernardes. Desde o começo do governo, em 2015 o PSD já perdeu 107 cargos no Executivo. Se for retirado da pasta, o número de baixas chegará a aproximadamente 250.
A perda de cargos é reflexo de um problema mais profundo: o isolamento político do PSD dentro da gestão Rollemberg. Extraoficialmente, o diretório regional se queixa do fato de não participar das tomadas de decisão do governo. Por exemplo, quando o Buriti decidiu aumentar o valor da refeição dos restaurantes comunitários, em maio de 2016.
Para colocar ainda mais fogo na fogueira, Vicente Pires tinha um valor estratégico e simbólico para o PSD. Desde a época em que foi ministro das Cidades, Kassab vem articulando intensamente para a liberação de recursos federais para a urbanização da área.
Entenda
Horizontes possíveis
Continuidade
- A sigla demandará participação mais ativa na definição das ações do governo, além da recomposição de seu peso na administração Rollemberg. A retomada de espaços como Vicente Pires também é um fator condicionante. Neste cenário, Rosso manterá apoio e deverá tentar o Senado em 2018.
 
Rompimento
- O partido demandará que os filiados abandonem os cargos no Executivo, havendo possibilidade de que o próprio Renato Santana deixe o governo. Longe do PSB, Rosso ganha liberdade para escolher entre a candidatura para o Senado ou para o Buriti, contra Rollemberg.