CARLIANE GOMES
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O preço médio do etanol no Distrito Federal subiu na segunda metade de setembro. Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram que, em apenas uma semana, o valor passou de R$4,46 para R$4,65. A pesquisa foi realizada em 21 postos da capital.
Paulo Tavares, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF), explicou que a variação de preço do etanol e do anidro ocorreu em todo o Brasil de forma sazonal, devido aos diferentes períodos de colheita e moagem entre Sudeste e Nordeste. “Este produto teve grande variação durante os nove meses deste ano. Comparado com janeiro, o preço está estável, mas nos últimos doze meses tivemos uma elevação de 15%”, destacou. Ele acrescentou que, mesmo com a boa safra 2024/2025 e crescimento de 4,065%, a produção não foi suficiente para atender à demanda, especialmente com aumento de 3% na mistura do anidro na gasolina C.
Apesar da alta, Tavares ressaltou que nem todo consumidor migra para a gasolina. “O Distrito Federal sempre teve fraca demanda pelo etanol. Somente quando os preços estão muito díspares se observa migração, mas tivemos um pequeno crescimento da gasolina nos últimos seis meses”, afirmou. A expectativa do setor é que novos recordes de produção, como os da última safra, possam reduzir os preços nas usinas e beneficiar o consumidor. O etanol consumido no DF vem principalmente de Goiás, devido ao frete, mas, em alguns casos, há importações do Sudeste, especialmente de São Paulo. Não há usinas de etanol de cana no Distrito Federal.
A variação semanal de preços também afeta a operação dos postos. “As distribuidoras repassam os valores imediatamente ao revendedor, mas os postos não reajustam todas as semanas, pois isso gera polêmica. Com o tempo, as elevações se acumulam e, quando a margem aperta, os preços são reposicionados na bomba”, explicou Tavares. Ele alertou ainda os consumidores. “Desconfie de preços muito fora do padrão de mercado. Diferenças acima de 50 centavos entre um posto e a maioria podem indicar irregularidades. Qualquer situação suspeita deve ser denunciada à ANP imediatamente”.
No bolso do consumidor
Para o dentista Luiz Cândido, 73 anos, a solução tem sido buscar as melhores ofertas. “A gasolina sempre está mais cara, hoje está compensando abastecer com o etanol porque é mais barato”, afirma. Ele acompanha de perto as variações do mercado, “Há poucas semanas, os preços da gasolina e do etanol caíram, e eu até avisei meus filhos para abastecer, porque sabia que iriam subir novamente. E como previsto, os valores aumentaram consideravelmente”.
O motorista de aplicativo Antônio Carlos Reis, 48 anos, gasta, no mínimo, R$3 mil por mês com combustível para rodar cerca de 300 quilômetros por dia em Brasília. Para ele, a variação de preços entre regiões da capital é motivo de indignação. “É uma vergonha o nosso país, que tem tantas terras. Podia estar produzindo um combustível de qualidade, que é o etanol, por um preço acessível”, reclama. Segundo Antônio, os preços podem subir de 30 a 40 centavos dependendo da região, como ao sair de Taguatinga em direção ao Lago Sul. Ele também critica a política de preços das refinaria. “Quando aumentam na refinaria, eles repassam para o posto, mas quando baixam, os valores nem sempre caem na bomba. Quem sofre é o consumidor”, lamenta.