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Brasília

Porcos tumultuam trote de Agronomia da UnB

Arquivo Geral

05/05/2009 0h00

Dois convidados inesperados causaram tumulto no trote dos calouros de Agronomia nesta terça-feira, more about 5 de maio. Eram dois leitões, price de apenas 50 dias, trazidos pelos alunos para fazer piada com o medo da gripe suína. “A intenção era fazer uma brincadeira com essa história de gripe do porco” disse o presidente do CA de Agronomia, Dijan Martins Cano. O leitões carregavam uma placa no pescoço com a inscrição: “gripado”.


Porém, a brincadeira acabou com a chegada da Polícia Militar, acionada pela equipe de seguranças da UnB que acompanhava o trote. O estopim foi o aparecimento dos porcos, que estavam guardados no CA. Os animais grunhiam muito, nervosos com a confusão. Funcionários da Faculdade de Agronomia fecharam os guichês de atendimento e as aulas tiveram que parar por causa do barulho e do forte mau cheiro causado pelas fezes dos animais.


“Não há dúvida que houve maltrato dos animais. Eles foram retirados do ambiente onde estavam alojados e vieram para um ambiente impróprio, um Centro Acadêmico”, afirma o diretor da Faculdade de Agronomia, Ricardo Titze.


A professora Márcia de Aguiar aplaudiu a chegada da polícia para interromper o trote. “Isso denigre totalmente a UnB. É uma coisa vexatória, humilhante, está indo na contramão do trote solidário”, reclama. “Os calouros entram aqui, mas não sabem de nada. Eles vêm do 3º ano do ensino médio, aí chegam aqui, encontram os veteranos e acabam sendo induzidos a fazer isso”.


TROTE – Os calouros foram abordados pelos veteranos do 2º semestre quando saíam da aula no Pavilhão Anísio Teixeira. Muitos já sabiam que hoje seria o dia. Quem não quis participar foi liberado. “É trote, é assim mesmo, eu já estava esperando”, disse um calouro, emporcalhado por uma mistura de ovo, óleo, café, pasta de alho, água e tinta guache. A polícia não registrou nenhuma denúncia de coação ou constrangimento imposto aos calouros.


Imundos, os novatos seguiram até o ICC Sul, onde começaram as brincadeiras no Curral do CA de Agronomia. Os alunos entraram num buraco cavado no chão, cheio da água. “Era uma mistura de água, maracujá, tomate, folhagens – tipo uma salada do RU. Não tinha nem animal morto, nem água suja, nada que pudesse infectar alguém”, relata o aluno do 3º semestre Caio Batista, que usava um chapéu de couro e vestido feminino.


Os alunos da Agronomia que não participaram do trote defenderam a brincadeira. Para eles, o trote sempre foi assim e é natural que continue. “Participa quem quer”, defende uma aluna que não quis se identificar. O CA pretende manter o trote no próximo semestre. “Cumprimos o que é tradição. Fizemos o juramento dos calouros e fomos para o Curral”, disse outra aluna.


PORCOS – Após a chegada da polícia, os porcos foram trancados dentro do CA pela segurança da UnB. Do lado de fora, alunos simulavam espirros e gritavam: “É pandemia!” Como não foi identificado o dono dos animais, a Secretaria de Agricultura do DF foi acionada. Um caminhão veio à UnB e levou os leitões a um depósito, onde foi montado um chiqueiro improvisado para recebê-los. A Secretaria espera que o dono dos porcos apareça para buscá-los.


Não é a primeira vez que o trote da Agronomia envolve o uso de animais. No semestre passado, os calouros eram obrigados a correr atrás de galinhas.


A decana de Assuntos Comunitários, Rachel Nunes condena a realização desse tipo de brincadeira. “Nós temos que trabalhar urgentemente esses estudantes, porque eles não sabem qual é o limite deles. Eu acho que precisamos levar isso à Câmara de Assuntos Comunitários, fazer uma análise do que não está funcionando nas regras da UnB”, diz. O professor Ricardo Tetzi pediu uma reunião do Conselho da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária para discutir o episódio.

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