Ao lado da marca de sangue no asfalto, um urso de pelúcia rosa contrastava com o estrago de uma bala perdida. Junto ao brinquedo, um cartaz dizia “dois anjos inocentes”. Um deles era Echille Vitória Lopes de Jesus, de oito anos, que morreu a caminho da escola ontem, depois de ser vítima de um tiroteio em Formosa (GO), Região Metropolitana do DF. O outro é Wender Cauã Lopes de Jesus, 11, irmão de Echille, que também foi atingido, mas, até o fechamento desta edição, não corria mais risco de morte, segundo os familiares.
O crime aconteceu por volta das 12h30 na Avenida Senador Coimbra, no Parque da Colina. Os dois, que estavam na companhia do irmão de 16 anos, foram baleados nas costas ao atravessar a rua.
As crianças pagaram por uma briga iniciada em um posto de combustível próximo, envolvendo dois carros: uma caminhonete Mitsubishi L200 e um VW Gol prata, ano 1994. Segundo o delegado do Grupo de Investigação de Homicídio (GIH) de Formosa, Vyvautas Zumas, duas pessoas estavam na caminhonete e outras duas no Gol.
“Os suspeitos da caminhonete foram identificados após análise das imagens das câmeras do posto, mas permanecem foragidos. Entre os ocupantes do carro, o condutor foi preso e o comparsa dele continua desaparecido”, explica Zumas.
A polícia trabalha com muitas versões sobre o caso. “Uma delas é que, durante a confusão no posto, uma mulher grávida estaria dentro do Gol. Seria a companheira do condutor. Após a briga, ele a teria deixado na casa de um conhecido e retornado à avenida com um comparsa”, completa o delegado, ressaltando que, no caminho, eles encontraram a caminhonete e começaram a troca de tiros.
O motorista do Gol, Jailton Alves dos Santos, vulgo Malão, 22 anos, foi preso em flagrante pela PM horas depois. De acordo com o delegado, o motivo da confusão é desconhecido. “Ainda é cedo para afirmar, mas acreditamos que não foi uma briga ocasionada pelo tráfico de drogas. Pode ser que a discussão tenha, de fato, sido provocada por uma besteira”, acrescenta.
Isso porque os ocupantes da caminhonete, ainda que tenham antecedentes criminais, têm um histórico diferente de Jailton, que acumula passagens por tentativa de homicídio, roubo e porte de arma. Agora, ele vai responder por homicídio qualificado, com pena de 12 a 30 anos de prisão, e tentativa de homicídio, que tem a pena diminuída em até 2/3.