Uma pesquisa acadêmica da Universidade do Distrito Federal Professor Jorge Amaury Maia Nunes (UnDF) identificou 13 espécies de plantas nativas do Cerrado com alto potencial para a recuperação de solos contaminados por herbicidas agrícolas na Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride-DF). A investigação, conduzida pelo estudante Gabriel Gonçalves, do curso de Gestão Ambiental, teve como foco a fitorremediação, técnica que utiliza plantas e suas microbiotas associadas para eliminar ou reduzir poluentes do solo.
O estudo foi desenvolvido a partir de uma revisão sistemática da produção científica dos últimos dez anos nas bases de dados Scopus e Scielo. O objetivo era identificar espécies nativas capazes de atuar como solução sustentável frente ao uso intensivo de agrotóxicos, especialmente em áreas de agricultura familiar — atividade predominante nos municípios da Ride-DF.
Segundo a orientadora da pesquisa, professora Silmary de Jesus, as plantas identificadas possuem características como raízes profundas e alta resiliência a solos empobrecidos, o que favorece sua aplicação na recuperação ambiental. A família Fabaceae foi a que apresentou maior número de espécies promissoras.
Entre os contaminantes mais frequentes nas áreas analisadas estão os herbicidas Atrazina, 2,4-D e Sulfentrazone, amplamente utilizados no cultivo de soja, milho e cana-de-açúcar. Esses compostos têm levantado preocupações ambientais por sua persistência no solo e riscos à saúde pública e aos recursos hídricos.
Para Gabriel Gonçalves, a pesquisa representa a união entre ciência e compromisso social. “Investigar alternativas sustentáveis para a recuperação dos solos da Ride é uma forma de retribuir à nossa região com conhecimento que transforma”, afirmou o estudante.
Autoridades também reconheceram a relevância da iniciativa. O secretário do Entorno do DF, Cristian Viana, destacou o potencial do estudo para influenciar políticas públicas sustentáveis. Já a pró-reitora de Pesquisa e Pós‑Graduação da UnDF, Fabiana França, ressaltou que a pesquisa é exemplo de como a ciência aplicada pode gerar impacto direto no território.
O trabalho integra um conjunto de pesquisas promovidas pela universidade, que abordam temas como inteligência artificial, crise climática e sustentabilidade regional, consolidando a iniciação científica como ferramenta estratégica na formação acadêmica.
*Informações da Agência Brasília