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Brasília

Paulo Octávio e a Memória de Brasília: 50 Anos de História no Coração da Capital

O empresário conversou sobre sua história de vida e carreira que se misturam com a construção da capital federal.

Amanda Karolyne

17/10/2025 5h00

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Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília

Com uma trajetória profundamente entrelaçada à história da cidade, o empresário Paulo Octávio foi um dos convidados do JBr Talks – edição especial da CASACOR Brasília. A conversa, em formato de podcast, aconteceu poucos dias antes do encerramento da 33ª edição da mostra que ocupou a icônica Casa do Candango, na 603 Sul. Celebrando 50 anos de atuação no setor imobiliário, o empresário participou de um debate enriquecedor sobre a construção de Brasília, sua trajetória e os próximos capítulos dessa narrativa em constante transformação.

O arquiteto, professor e sociólogo, Marcelo Teixeira, foi o apresentador da gravação e conversou com Paulo Octávio, um dos autores da narrativa de concreto da capital do país, nos últimos 50 anos. Ele teve a trajetória de vida construída tijolo por tijolo com as ruas da cidade. Os dois conversaram sobre a PaulOOctavio Investimentos Imobiliários, fundada em 1976, com empreendimentos que fazem parte da identidade de Brasília. Na ocasião, Paulo, apaixonado pela cidade, contou que ao chegar em Brasília aos 12 anos, encontrou uma cidade futurista. “Eu fui fazendo a minha vida em Brasília, conhecendo as pessoas, me apaixonando pela cidade, porque meu pai era apaixonado por essa construção e passou para mim esse amor também”.   

Com 50 anos de jornada, Paulo contou que a logomarca da PaulOOctavio foi criada pelo marido de sua irmã e permaneceu a mesma desde então. “Eu gosto da tradição, eu gosto de manter as coisas como são”, salientou. Além da logo, ele também afirmou no podcast, que o CNPJ da empresa permanece o mesmo desde quando foi criado.  “Eu dou muito valor a isso. Quer dizer que a empresa passou por todos os desafios, sobreviveu, está viva e crescendo”, frisou.

Paixão por Brasília 

Paulo Octávio Alves Pereira contou no podcast que nunca pensou que se tornaria empresário, já que, na família, não havia ninguém com essa profissão. Ele inaugurou a imobiliária aos 25 anos, mas começou a trabalhar ainda mais cedo, aos 15, no mercado de seguros. “Fui desenvolvendo a minha vida, mas sempre curtindo as coisas de Brasília — cada nova quadra que surgia, cada nova escola, cada novo hospital — a gente ia vendo aquele desenvolvimento, e isso é apaixonante”, relembrou. 

Paulo também lembrou como tudo começou, depois que aos 15, conheceu um vizinho que tinha uma empresa de seguros de vida. “Eu procurava os professores no intervalo das aulas para vender seguro de vida, e eles falavam para mim: “Mas quem é esse menino que quer me vender seguro”? Mas eu construí um relacionamento com esses professores”. Mais para frente, ele passou a trabalhar com o mercado de capitais, através de outro amigo do pai, vendendo fundos de ações ainda sem entender muito do setor. Quando completou 20 anos, conheceu um grande diretor do mercado imobiliário que o chamou para trabalhar na área. 

Todo esse tempo, ele conciliava o trabalho com os estudos “Depois disso, eu trabalhei 3 anos no mercado imobiliário, aprendi tudo que eu precisava aprender e resolvi montar a minha empresa”, disse. Foi quando ele fechou o primeiro contrato na Asa Norte, região que estava começando a se desenvolver. Nessa época em que virou empresário “da noite para o dia” como falou no podcast, ele começou a ver um mercado muito potencial em Brasília. 

Paulo descreveu que viu as cidades crescerem, não só a capital, mas cada região administrativa do DF, como Ceilândia, Riacho Fundo e Samambaia. “Esses dias fui à Samambaia e lembrei da primeira rua que abriu ali, quando eu era deputado federal. Hoje vejo prédios, luzes, movimento. É emocionante ver tudo isso acontecer.” Ele contou ainda que se impressiona com o ritmo de crescimento das cidades e que busca acompanhar esse movimento com novos projetos, como a construção do shopping que vai ser inaugurado no dia primeiro de novembro em Águas Claras. Paulo também anunciou que vai construir shoppings em regiões como Planaltina e no Gama.

Para o empresário, a realidade superou o sonho que Juscelino Kubitschek teve de construir uma cidade que seria a capital da República. “Eu vejo que Brasília hoje é uma cidade que mudou o Brasil. Trouxe o desenvolvimento para toda a região do Centro-Oeste, que era esquecido no mapa”, disse. Ele considera que o quadradinho deu para o país inteiro o senso de que o Brasil tinha que sair do litoral. “Todas as cidades importantes do Brasil eram litorâneas, estávamos todos voltados para o mar”, pontuou. Entretanto, esse cenário mudou quando Brasília foi construída, pois houve o resgate dessa região, que começou a ser observada por todos e de repente se consolidou como o celeiro da produção do Brasil. 

O céu da capital

Paulo foi questionado sobre o que aprendeu com o horizonte e o silêncio de Brasília, que outras cidades não poderiam ensinar e ressaltou de imediato que quem ama Brasília, olha o céu todos os dias, aprende a valorizar esses momentos e apreciar a natureza. “O céu de Brasília é fantástico. Eu olho o céu todos os dias, todas as noites”, comentou. 

Mas para além da imensidão do céu da capital, Paulo citou que o contexto da cidade é maravilhoso e diferente de outros lugares no país: um clima seco que favorece muito, a pessoa não transpira pois está em um lugar com um clima agradável, sem um verão ou inverno rigorosos. “Se eu sair com esse terno hoje, eu posso sair com ele praticamente durante todo o ano. Essa é uma cidade que permite que você esteja bem vestido o tempo todo”, destacou.  Com uma qualidade de vida extraordinária, ele elogia o planejamento de Brasília feito por Lúcio Costa, com um traçado arquitetônico que permite sair de qualquer quadra e chegar ao centro rapidamente.

Cidade tombada

Na ocasião, Paulo também conversou sobre o tombamento de Brasília, que ele considera ser algo que inspira mesmo com os limites impostos. “É uma inspiração, no momento que você preserva a beleza, preserva um projeto urbanístico fantástico”, afirmou. Para Paulo, o tombamento é um privilégio. Paulo descreveu que a preservação da capital é importante, por ter crescido ali e também por ter uma questão familiar muito forte, que costura a sua história de vida com a da capital: “Eu sou casado com a neta do presidente do JK e  sou vice-presidente do Memorial JK, com muito carinho e dedicação”, comentou. 

Apaixonado, Paulo disse na gravação que só tem investimentos na capital. Ao Jornal de Brasília, Paulo afirmou no final do projeto, que é muito importante ter conversas apaixonantes sobre esse lugar, essa cidade livre que reuniu brasileiros de todos os cantos do país. “Eu tenho a convicção de que nós somos da cidade que pode ser a mais feliz do Brasil. E para isso nós temos que trabalhar bastante para acabar com o desemprego, acabar com a má qualidade dos serviços públicos e melhorar cada vez mais os equipamentos públicos”, finalizou.

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