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Brasília

Obesidade encontra tratamento de qualidade na rede pública do DF

Ana Paula Silva e seu marido, Rômulo Gomes, são exemplos de como a mudança de hábitos e a medicina podem transformar vidas

Redação Jornal de Brasília

28/12/2025 19h17

Foto: Paulo H Carvalho/Agência Brasília

Foto: Paulo H Carvalho/Agência Brasília

Ana Paula Silva, assessora administrativa, conviveu por anos com os desafios impostos pela obesidade. Com 34 anos e pesando 109 kg, ela enfrentava dores nos joelhos, gordura no fígado, apneia do sono e até depressão. Se acostumou a ser vista como “a mais gordinha da família” até que, em um momento decisivo, decidiu mudar sua trajetória. “Fiz a bariátrica e, hoje, olhando para trás, me arrependo de não ter feito antes. Tenho mais disposição, qualidade de vida… tudo melhorou”, revela Ana Paula.

A transformação foi além da sua saúde. Seu marido, Rômulo Gomes, embora tenha optado por não fazer a cirurgia, seguiu o exemplo da esposa e se dedicou à reeducação alimentar, além de incorporar a prática diária de atividades físicas. Com essas mudanças, ele perdeu 43 kg. “Além da mudança na alimentação, ele vai à academia todos os dias”, contou Ana Paula, feliz com a nova fase do casal.

Obesidade: uma doença crônica e sua ampliação no tratamento

Histórias como a de Ana Paula e Rômulo refletem um movimento global que vem sendo fortalecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A obesidade, agora reconhecida como uma doença crônica, progressiva e com tendência à reincidência, continua a ser uma preocupação crescente em todas as faixas etárias. Com mais de 1 bilhão de pessoas vivendo com obesidade em todo o mundo, a OMS atualizou suas diretrizes para o tratamento da doença, que inclui, pela primeira vez, o uso de medicamentos modernos, como as canetas emagrecedoras (classes GLP-1 e GIP), como ferramentas eficazes, desde que com a orientação médica adequada.

A OMS também reforça que a obesidade está diretamente ligada a mais de 200 doenças, incluindo diabetes, hipertensão, doenças cardíacas e até condições neurodegenerativas. A atualização nas diretrizes vem com a urgência de implementar intervenções eficazes, especialmente diante da previsão de que o número de pessoas afetadas por essa condição pode dobrar até 2030.

Tratamento da obesidade no Distrito Federal

No Distrito Federal, o tratamento da obesidade é estruturado por unidades de referência na rede pública, como o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), que é o único do SUS a realizar a cirurgia bariátrica. O Hran conta com uma equipe multiprofissional especializada e realiza atendimentos complexos para pacientes que necessitam de intervenção cirúrgica. Para os casos de comorbidades relacionadas, como diabetes e hipertensão, o Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão Arterial (CEDOH) é a referência ambulatorial no DF, oferecendo atendimento com endocrinologistas, nutricionistas e psicólogos.

Além disso, o tratamento para transtornos alimentares específicos, como anorexia e bulimia, é centralizado no Hospital de Base do DF (HBDF), que oferece um ambulatório multidisciplinar com atendimento integrado, proporcionando ao paciente consultas com nutricionistas, psicólogos e psiquiatras no mesmo dia.

Para acessar esses serviços, os pacientes devem passar inicialmente pela Unidade Básica de Saúde (UBS), onde é feita a avaliação inicial e o encaminhamento via Sistema de Regulação do DF.

Avanços no tratamento e o impacto para a saúde pública

A mudança nas diretrizes globais da OMS, que reconhece a obesidade como uma doença crônica, traz benefícios tanto para os pacientes quanto para o sistema de saúde pública. A endocrinologista Martha Sanjad, do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), comemora a nova abordagem. “Isso evita tratamentos pontuais, reduz complicações futuras e melhora a qualidade de vida do paciente ao longo dos anos”, destaca. Ela acrescenta que o tratamento da obesidade é mais eficaz quando há integração entre medicação, alimentação equilibrada, acompanhamento contínuo e atividade física regular.

Para Cleber Monteiro, presidente do IgesDF, a atualização nas diretrizes fortalece o planejamento da saúde pública, com uma visão de longo prazo. “Tratar a obesidade de forma estruturada é investir na sustentabilidade do sistema de saúde. Ao prevenir complicações como infartos, AVCs, insuficiência renal e doenças neurodegenerativas, conseguimos reduzir internações e custos, além de aliviar a sobrecarga nos hospitais”, avalia.

A obesidade e os impactos no cérebro

Pesquisas recentes têm revelado que os efeitos da obesidade vão além do metabolismo e do sistema cardiovascular, atingindo diretamente a saúde cerebral. Um estudo da Universidade de Washington identificou que o excesso de gordura corporal pode acelerar em até 95% os marcadores sanguíneos associados ao Alzheimer, sugerindo que a neurodegeneração pode avançar mais rapidamente em pessoas com sobrepeso.

João Tatsch, neurologista do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), explica a relação entre obesidade e doenças neurodegenerativas. “Alterações no metabolismo dos lipídios aumentam a predisposição para condições como Alzheimer e Parkinson. Quando tratamos a obesidade, estamos protegendo o cérebro ao reduzir a inflamação sistêmica, melhorar a resistência à insulina e fortalecer a saúde vascular e o metabolismo cerebral”, afirma. Para ele, mudanças no estilo de vida, mesmo após os 40 ou 50 anos, trazem benefícios concretos. “A consistência é o que determina a diferença ao longo do tempo”, conclui.

Conclusão

A obesidade é uma condição que exige atenção contínua, e as novas diretrizes da OMS oferecem uma visão mais abrangente do problema. Com o aumento das taxas de obesidade em todo o mundo, a abordagem integrada no tratamento, envolvendo medicação, reeducação alimentar e atividade física, é essencial para reduzir complicações futuras e melhorar a qualidade de vida. Para os pacientes do Distrito Federal, as unidades de referência no tratamento de obesidade, como o Hran, CEDOH e HBDF, estão estruturadas para oferecer o suporte necessário, garantindo acesso a tratamentos especializados e eficazes.

Com informações do IgesDF

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